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Outubro Rosa: câncer de mama cresce no mundo, mas mortalidade diminui, alerta oncologista

Campanha ao longo do mês serve para conscientizar sobre exames para diagnóstico precoce da doença

Eduardo Rocha

Cada vez mais, cresce a importância estratégica de se ter o diagnóstico precoce do câncer de mama para o devido enfrentamento dessa doença. Até porque, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) / Organização Mundial de Saúde (OMS), nos próximos 15 anos, a incidência será de 100% mais casos. Em 2040, serão 30 milhões de casos no mundo, contra os 19 milhões atuais, quase o dobro de ocorrências. Mas, em contraponto, deverá haver uma redução expressiva da mortalidade. 

O alerta é dado pelo médico oncologista Luis Eduardo Werneck, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) e dirigente da Oncológica do Brasil em Belém. Para a conscientização de mulheres e homens sobre o câncer de mama e de outros tipos, órgãos, instituições e entidades desenvolvem, neste mês, a campanha Outubro Rosa.

image Luis Eduardo Werneck: diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento da doença (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Para se ter uma ideia da gravidade do câncer de mama, o Pará registrou perto de mil casos da doença em 2022. Levantamento da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) indica: “Em 2022 foram registrados 919 casos de câncer de mama, sendo que de janeiro a setembro foram registrados 720 casos. Já em 2023, até o momento, foram registrados 480 casos da doença”. 

Para o tratamento, a Sespa esclarece que o atendimento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) inicia nas unidades da Atenção Primária de Saúde e, conforme necessidade, com encaminhamento para o diagnóstico com biópsias, que pode ser realizado nas policlínicas. Para tratamento com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, estão disponíveis pelo SUS no Pará o Hospital Ophir Loyola (HOL), Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, Hospital Regional Castanhal (HRPC), Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e Hospital Regional de Tucuruí (HRT).

A incidência do câncer de mama é alta, é o tipo de câncer que mais atinge as mulheres e mais mata mulheres. “Vem aumentando ao longo do tempo, porque a gente vem piorando os fatores de risco, fumando  mais, tendo menos filho, tendo filho mais tarde, a gente come pior, a incidência vai aumentando. Mas uma notícia boa é que a mortalidade vem diminuindo (no mundo), porque os tratamentos estão ficando mais eficazes, as técnicas ficando melhores e a ciência melhora com relação ao tratamento. Menos pessoas vão morrer de câncer de mama ao longo do tempo”, salienta Eduardo Werneck. 

Diagnóstico

"O maior problema em todos os cânceres e câncer de mama é o diagnóstico tardio, é a gente não conseguir receber essa paciente com o câncer no início. Ou porque a paciente não vai fazer os exames que são adequados para cada tipo de câncer, no caso no de mama, a mamografia e ultrassonografia das mamas, ou porque a paciente faz os exames e demora muito para retornar com o médico, para ter a consulta inicial. Câncer não dá sintomas, então, a pessoa fica esperando a mama doer,  a mama sangrar, e mama não vai sangrar e também não vai doer. Então, nosso grande problema é o atraso no diagnóstico  e a falta de interesse do paciente em procurar o serviço médico", ressalta Eduardo Werneck.

Existem vários tipos de câncer de mama. Os principais são os cânceres de mama luminais, não luminais e o HER positivos. Dentre esses grupos, há outras subclassificações, como, por exemplo, o carcinoma lobular, o carcinoma papilar,  carcinoma invasivo, não invasivo, carcinoma in situ. São muitas fases do tratamento: pré-diagnóstico, enquanto a pessoa está investigando se tem ou não tem a doença, o que requer exames clínicos, com médico mastologista, com o oncologista, ultrassom, mamografia, ressonância das mamas e, muitas vezes, biópsia do tumor ou de microcalcificações

Depois de descoberto o câncer de mama, vem a fase do tratamento propriamente dito. Esse  tratamento, hoje, usa todas as técnicas existentes, ou seja, cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e hormonioterapia. Tudo dependendo do tipo de câncer e em qual estágio, grau vai estar o câncer.  

Nessa fase do tratamento,  a grande maioria dos novos estudos, inclusive, dos publicados neste ano, no Congresso Mundial de Oncologia, em Chicago (EUA), no qual Eduardo Werneck, esteve presente, diz que existe muita vantagem, benefício para o paciente começar o tratamento pela quimioterapia ou pela imunoterapia, e, depois, fazer cirurgia. Isso porque a resposta é melhor  e a chance do câncer voltar, que é a recidiva, é menor. Mas, isso se aplica só a alguns tipos de câncer.

Após a fase de tratamento, vem a etapa de controle ou remissão. Se houve uma remissão, a doença acabou por completo, não tendo sido detectada nenhuma célula de câncer no paciente,  ele pode ficar apenas em controle ou follow up (monitoramento) e tem de vir a consulta a cada três meses e, depois, a cada seis meses. Se nesse monitoramento, for detectada uma recidiva, a paciente volta à fase de busca sobre o local do câncer, como voltou e se é do mesmo tipo de câncer que ela teve antes ou se é um novo tipo.

Causas 

Sobre causas do câncer de mama, trabalha-se com um conjunto de causas, de variáveis, que vai aumentando as chances, o risco de uma pessoa desenvolver a doença. Hoje em dia, como frisa o médico, as mulheres resolveram ter menos filhos, ou seja, poucos partos aumentam o risco de ter câncer de mama. Mulheres sem filhos ou com um filho só têm mais chance do que mulheres com três ou quatro.  As mulheres, por causa do trabalho, filhos, passaram a programar filhos para a idades mais avançadas, e quanto mais tarde a mulher tem filho maior é o risco de desenvolver a doença. Muitas mulheres não amamentam mais, porém, amamentar reduz a chance de desenvolver câncer de mama, pela influência hormonal. 

Outras variáveis abrangem a obesidade, alimentação desregrada, fumar (tabagismo, incluindo os cigarros modernos) e o histórico de outros cânceres ou familiares (mãe e tias com câncer de mama), além das alterações genômicas (nos genes BRCA 1 e 2).

A Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) e a de Mastologia  (SBM) recomendam  mamografia a partir dos 40 anos de idade e ultrassom das mamas. O tratamento pode ser feito nos hospitais do SUS e em centros de tratamento privados. 

Toda atenção

A microempresária Elisangela Abreu descobriu que tinha câncer de mama por meio de um exame  para tratar de dor na coluna lombar, e, após consulta com um especialista, começou o tratamento em 2020. “O tratamento é bem intenso, cansativo, mas eu não perco a minha fé, o que me move são as minhas filhas, meus parentes, e eu tenho vontade de viver”, afirma essa paciente. 

image Elisangela Abreu: enfrentamento com fé em Deus e na ciência (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

“Com relação ao câncer de mama, eu digo que se deve ter toda atenção. Qualquer dorzinha, dor de cabeça, dor na unha. Se for detectado no início, tem jeito, tem cura. Tem que se cuidar, levar uma vida saudável, fazer exame periódico da mulher e ter fé, correr atrás e não se deixar abater”, orienta Elisangela.




 

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