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Dia Nacional da Educação para Surdos: educação inclusiva garante desenvolvimento de adultos e jovens

No Pará, 506 estudantes surdos estão matriculados na rede estadual de ensino, como apontam dados da Secretaria de Estado de Educação (Seduc)

Gabriel Pires

No Pará, 506 estudantes surdos estão matriculados na rede estadual de ensino, como apontam dados da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O debate com relação à aprendizagem voltada a esse público vem à tona neste domingo (23), data em que é comemorado o Dia Nacional da Educação para Surdos. Em todo o território paraense, além da escola regular com turmas inclusivas, também são oferecidas classes específicas para surdos. Transformando vidas e garantindo acesso a direitos fundamentais, a educação inclusiva garante o desenvolvimento de jovens e adolescentes.

O ensino inclusivo para surdos é uma realidade na Unidade Educacional Especializada Astério de Campos, no bairro do Souza, em Belém. Referência de educação inclusiva, o espaço também atende pessoas cegas e com deficiências múltiplas Estado. A diretora da escola Francismara Pamplona explica que, atualmente, a unidade oferece as séries iniciais do ensino fundamental e, também, do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) I e II. A pretensão é que, futuramente, o espaço possa receber alunos das demais séries do ensino fundamental e do ensino médio, conforme adianta a diretora. A didática para os alunos surdos é baseada na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

“A gente só atendia o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e, do ano passado para cá, passamos a ser considerados escola bilíngue para surdos. O processo é um ensino totalmente dentro de uma matriz curricular para uma educação de surdos, para uma escolaridade que atenda o currículo diversificado. Nós temos o pré-vestibular para surdos. Durante os anos o Astério tem aprovado muitos alunos nesta metodologia”, afirmou Franscismara, relatando que, enquanto escola, o sonho dela é que os alunos possam adentrar desde as séries iniciais e saiam direto para a universidade.

Oportunidade

A atuação do professor Ernesto Padovani, que leciona História na escola, é fundamental no processo de aprendizado dos alunos. Segundo ele, que trabalha no ensino voltado para pessoas surdas há 11 anos, a educação por meio das Libras é que garante aos estudantes maiores oportunidades. “A língua de sinais é o que nos dá acesso ao saber, a comunicação, a interação social. Língua é a base de toda a cultura. Por isso que a gente fala em cultura surda, porque existe uma língua que nos conecta e faz com que eles se reconheçam dentro de um grupo social coeso”, afirmou Ernesto.

“Quando eu vim trabalhar na educação de surdos, eu percebi que ia ter que desenvolver uma forma de ensinar os alunos, porque eu estava recém-chegado e não existia uma literatura sobre isso, pelo menos não no campo da história. Eu passei a desenvolver uma forma de trabalhar com eles e de construção de material didático, em que eu construo um material com as imagens. Os alunos reconhecem essa imagem porque na vida social deles eles conectam com alguma experiência que já viveram. Passei a conectar essas imagens com textos de língua portuguesa, marcando as palavras que eles podem não conhecer e explicando em língua de sinais”, declarou o professor.

O trabalho pedagógico realizado na escola reflete o desenvolvimento de Matheus Alencar, 21 anos, que estuda na cursinho pré-vestibular. Para o futuro, o jovem já possui planos: ele quer ser médico veterinário. O suporte escolar adaptado que o aluno recebe, segundo ele, é indispensável no desenvolvimento. “Aqui eu aprendo e desenvolvo, principalmente para o meu futuro, para que eu consiga um trabalho no futuro. E é muito importante, pois tem lei que garante isso. Eu quero trabalhar com Medicina Veterinária, gosto muito de cuidar de animais”, disse Matheus, por meio das Libras.

image Transformando vidas e garantindo acesso a direitos fundamentais, a educação inclusiva garante o desenvolvimento de jovens e adolescentes na Unidade Educacional Especializada Astério de Campos, em Belém (Ivan Duarte / O Liberal)

Inclusão

Percebendo a necessidade das pessoas em se comunicarem e, também, de serem ouvidas, o Instituto de Educação Tecnológica, Avançada da Amazônia (Ietaam) criou um planejamento estratégico com o objetivo de transformar o ensino de libras em matéria disciplinar curricular. O foco do instituto é promover a inclusão social. O ponto de partida da iniciativa é incluir o professor de Libras na sala de aula.

Também visando a inclusão, a Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferta os cursos de graduação em licenciatura em Letras - Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Pedagogia Bilíngue (parceria com o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines)). Para o curso de Letras Libras, a instituição realiza um processo seletivo específico em Língua de Sinais, junto ao conhecimento de Língua Portuguesa, Matemática e redação em língua portuguesa escrita para surdos e ouvintes. O objetivo é incluir professores na educação básica para orientar e fazer o uso e o ensino de Libras com alunos surdos e ouvintes.

A Libras atualmente está incluída na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/1996 e alterou a mesma por meio da Lei 14.191/2021, dispondo a modalidade de Educação Bilíngue de pessoas surdas. Outro ponto é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 12/2021 que objetiva alterar o artigo 13 da Constituição Federal de 1988 que busca estabelecer a Libras como uma das línguas oficiais no Brasil. Lembrando que a Libras é uma língua reconhecida no Brasil por meio da Lei 10. 436/2002, apresentando mais de 20 anos de tal reconhecimento.

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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