Crianças ribeirinhas têm peso abaixo do ideal no Brasil, diz estudo

Os dados são de um estudo publicado na última segunda-feira (18) na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde

O Liberal
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Entre as crianças ribeirinhas de até 5 anos, 6,5% têm peso abaixo do ideal no Brasil – percentual esse que é 57% maior do que a média nacional, de 4,13%. Os dados são de um estudo publicado na última segunda-feira (18) na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde. A pesquisa foi realizada por meio de análise de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, a partir de coleta rotineira de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). As informações estão na plataforma Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Os dados referem-se ao ano de 2019, os mais recentes disponíveis.

Ainda de acordo com a pesquisa, aos 5 anos de idade, um menino ribeirinho tem, em média, 103,5 cm e pesa 16,1 kg, e uma menina ribeirinha tem 107 cm e pesa 16,4 kg. De acordo com o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que crianças nessa idade tenham 110 cm e 18,4 kg, se do sexo masculino, e 109,5 cm e 18,2 kg, se do sexo feminino.

"Verificamos, por exemplo, que o valor mediano de peso das meninas ribeirinhas é quase dois quilos menor do que a média padrão da OMS", comenta o nutricionista sanitarista Italo Aguiar, pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Com relação à altura, podemos constatar que o valor mediano dos meninos ribeirinhos da amostra foi 6,5 cm menor do que o padrão global para o mesmo mês de idade". Aguiar é um dos sete autores do trabalho, que contou também com a participação de acadêmicos da Universidade Estadual do Ceará (UECE), da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Tulane, em Louisiana, nos Estados Unidos. 

Alerta

O nutricionista Aguiar destaca "as grandes diferenças entre os indicadores dos povos e comunidades tradicionais registrados no SISVAN". Segundo ele, o caso das comunidades ribeirinhas saltou aos olhos, porque os pesquisadores notaram que os "indicadores de déficit de peso e estatura", nessas populações, eram "consistentemente mais elevados do que os demais povos e comunidades".

Eles partiram do princípio de que aqueles que integram povos e comunidades tradicionais costumam ser mais vulneráveis à insegurança alimentar do que a população em geral. Para Aguiar, essas informações indicam uma "alta probabilidade" de desnutrição entre crianças ribeirinhas. Mas, como a pesquisa se limitou à análise dos dados antropométricos, sem avaliação clínica e auxílio de exames laboratoriais não é possível cravar esse diagnóstico.

Um ponto importante é a localização geográfica dessas populações ribeirinhas – na maior parte, a região amazônica. "Entre 146 estratos geográficos, a maior taxa é a do Vale do Rio Purus, no Amazonas, com 39,2% [da população] com renda abaixo de R$ 300 reais [dados de 2022]", destaca o economista Marcelo Neri, diretor do centro, ao repercutir o estudo. Outras três regiões da Amazônia Legal aparecem na sequência do ranking: Litoral e Baixada Maranhense, com 39,4%; Vale do Rio Madeira, com 35,1%; e Vale do Rio Juruá, com 30,7%

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