Cigarros eletrônicos podem causar vários riscos à saúde

Usuários do dispositivo estão mais expostos a problemas respiratórios

João Paulo Jussara
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O uso dos dispositivos eletrônicos para fumar, de sigla DEF, popularmente conhecidos como cigarros eletrônicos ou vaporizadores, vem se tornando uma tendência mundial, especialmente entre os jovens, que acreditam que eles sejam mais seguros que os cigarros convencionais. No início deste mês, porém, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) emitiu um alerta para os profissionais de saúde brasileiros, após autoridades americanas associarem o uso do produto no país à morte de sete jovens em decorrência de insuficiência respiratória nos últimos meses.

Morango, menta, chocolate. A variedade de sabores é vasta. Eles são discretos, cabem no bolso, e prometem ser uma alternativa para quem quer largar o cigarro. Proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, os dispositivos eletrônicos para fumar não são difíceis de serem encontrados em sites de vendas pela internet. De vários tamanhos, modelos e cores diferentes, os preços vão desde R$ 40 para as versões mais simples, até mais de R$ 1 mil para aparelhos maiores e mais modernos.

Funciona da seguinte maneira: o usuário adiciona um líquido oleoso, conhecido como "juice", em um compartimento do dispositivo. Depois, basta apertar um botão e aspirar o vapor normalmente. A bateria é recarregável e dura, em média, de duas a três horas. O líquido pode conter ou não nicotina, e por conta disso, muitos dos usuários acreditam que, por estarem aspirando uma fumaça livre da substância, estão correndo menos riscos.

É o caso de um estudante paraense de 25 anos, que prefere não ser identificado. Ele começou a fumar cigarros aos 16 anos, e permaneceu no vício até os 23, quando viu um amigo fumando um vaporizador com gosto de pêssego. Atraído pelo sabor diferente, ele resolveu comprar o dispositivo pela internet, e até hoje, não parou mais de usá-lo. "Pelo menos eu sei que não estou aspirando nicotina, além das outras milhares de substâncias tóxicas que existem no cigarro", afirma. "Acredito que faça bem menos mal".

Para o médico pneumologista Carlos Alberio, coordenador do Ambulatório de Tuberculose Resistente do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), afirmar que os cigarros eletrônicos não possuem substâncias tóxicas é um grande equívoco. "Já existem vários estudos que mostram que há muitos produtos nocivos no cigarro eletrônico, como por exemplo os aldeídos, que estão relacionados a vários tipos de câncer, e também metais pesados, como titânio, chumbo, níquel e cádmio", ressalta o especialista.

De acordo com o médico, a ideia de se tratar um produto isento de riscos é vendida pela indústria do tabaco, que vem tentando se reinventar nos últimos anos, devido às leis antifumo cada vez mais severas, em vários países do mundo. Isso atrai, principalmente, os mais jovens, que acabam sendo levados a acreditar que não estão correndo nenhum risco de saúde. "O que nós observamos, no entanto, é a ocorrência de vários casos graves relacionados ao uso deste produto, porque ele gera partículas microscópicas, e elas conseguem pesar no aparelho respiratório, causando danos graves ao pulmão", explica Alberio.

Além das doenças pulmonares, como enfisema, câncer de pulmão e bronquite crônica, que são as mais recorrentes entre os fumantes, várias outras doenças graves podem decorrer do fumo, independentemente da falta de nicotina ou não. Infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, compromentimento na circulação sanguínea, que pode levar à amputação de membros inferiores, são alguns dos casos mais comuns.

Alerta

O especialista comentou os recentes casos de jovens dos Estados Unidos que deram entrada em hospitais de diferentes estados apresentando sintomas como dificuldade de respirar, febre alta, dores no peito, náusea e vômito. Nos últimos cinco meses, foram 450 casos registrados em mais de 30 estados americanos diferentes. Destes, sete pessoas morreram. A única ligação entre as vítimas é o fato de todas serem jovens, com média de 19 anos, e fumantes de cigarro eletrônico.

"Está sendo divulgado na mídia, a SBPT já divulgou um alerta, as revistas científicas estão publicando, e lá nos Estados Unidos agora está transcorrendo uma grande investigação a nível nacional pela agência de saúde americana, para elaborar um parecer final que provavelmente vai levar à proibição desse tipo de produto", revelou Carlos Alberio. "Aqui no Brasil, a gente espera conseguir eliminar esse tipo de exposição da nossa população, porque o impacto que o fumo causa na saúde pública é muito grande".

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