Atividades físicas ajudam no combate à fibromialgia

A doença é crônica e atinge de 2 a 8% da população mundial

Cleide Magalhães
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A fibromialgia é uma síndrome dolorosa, crônica, não inflamatória, que provoca dor difusa em muitos pontos do corpo, chamados de "tender points" e originadas no Sistema Nervoso Central. A doença se desenvolve em 2 a 8% da população mundial e pode acometer pessoas de qualquer faixa etária - inclusive crianças. Porém, é mais comum na faixa de 35 e 60 anos e 80% dos casos ocorrem com mulheres, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A ajuda no combate à doença se dá também pelo tratamento não-medicamentoso, por meio de atividade física, psicoterapia, acupuntura, atividades ocupacionais, mudança de hábitos nutricionais, entre outros. 

A dona de casa Marenilda Nascimento, 59 anos, sentiu os primeiros sintomas da doença aos 45 anos e somente aos 47 conseguiu diagnóstico, depois de percorrer por vários médicos especialistas. "Comecei a sentir fortes dores, ao mesmo tempo, nas pernas, nos joelhos, nos tornozelos, nos cotovelos, nas mãos e na cabeça, mais localizada na nuca. Fiz tomografia, ressonância, nunca dava nada, então o neurologista me encaminhou para o reumatologista, que fechou o diagnóstico. Eu me sentia muito debilitada para viver, tinha até vergonha de falar da doença, porque havia pessoas que achavam que era 'frescura' minha. E só fiquei melhor depois que fiz as medicações com fórmulas pesadas e antidepressivo, para diminuírem as dores", conta. 

Aliado ao acompanhamento médico, Marenilda relata que a qualidade de vida melhorou para cerca de 95% com a realização de atividades físicas. "O médico me orientou a fazer exercícios físicos. Já fiz pilates e hoje faço uma hora por dia incluindo a caminhada e musculação. Foi isso que melhorou muito mesmo a minha saúde e a minha vida. Evito fazer alguns movimentos, como limpeza todos os dias ou faxina na casa. Além disso, faço suplemento vitamínico, que o médico me orientou na última consulta", afirma a dona de casa, que deixou a atividade como cuidadora de idosos ainda no auge das dores da fibromialgia.  

Atualmente, Marenilda Nascimento considera ter uma vida tranquila, de certa forma. Mas, ainda assim, quando sente emoção triste ou alegre as dores voltam logo em alguns pontos de tensão e recorre ao medicamento receitado pelo médico. "O estresse sempre existe, mas busco sempre o equilíbrio. Além disso, pego o sol da manhã e busco equilibrar a espiritualidade, porque isso também é importante para superar a doença", afirma Marenilda, que não tem ido à academia desde fevereiro por conta da pandemia da covid-19. 

Educadora física destaca tratamento não medicamentoso para ajudar no combate à fibromialgia 

A educadora física Luísa Matos aponta alguns aspectos importantes sobre a fibromialgia: síndrome dolorosa, crônica, não inflamatória, que provoca dor difusa em muitos pontos do corpo (tender points), originadas no Sistema Nervoso Central (SNC). 

"A dor física da fibromialgia é generalizada e frequentemente está relacionada também ao enfrentamento de pressões sociais e emocionais, com queixa de fadiga, alterações da memória, do sono, do humor, apetite e perda de interesses", afirma a educadora.

Luísa Matos, que é mestranda em Ciência do Movimento, destaca ainda que, além dos aspectos físicos, psicológicos e sociais já mencionados, quando as pessoas acometidas sofrem com o preconceito, a incompreensão ou a intolerância nos ambientes de trabalho e familiar, altos níveis de estresse, ansiedade, depressão, podem ser gerados e agravar o quadro.

Ela explica que o diagnóstico da fibromialgia é feito pelo Índice de Dor Generalizada (IDG) e pela Escala de Gravidade de Sintomas (EGS). Há também o tratamento não-medicamentoso. "O manejo interdisciplinar costuma ser muito bem sucedido, por meio de atividade física, psicoterapia, acupuntura, atividades ocupacionais, mudança de hábitos nutricionais, entre outros". 

A  educadora física destaca que a atividade física sistemática é uma intervenção "muito eficaz, apesar de ser difícil no começo, já que a tendência inicial é de aumento da dor como consequência do esforço. Mas, a longo prazo, os exercícios resistidos, aeróbicos e alongamentos tem efeitos muito benefícios (já descritos na literatura), devido o fortalecimento da fibra muscular, aumento da massa óssea, da flexibilidade e da mobilidade articular", esclarece Luísa, que atua em uma clínica privada, que oferece o serviço, em Belém. 

Contudo, Matos enfatiza que o tratamento sem medicamentos deve ser sempre de forma individualizada. "Pois a dor é subjetiva e não é igual de uma pessoa para outra. O fato de não haver cura, não significa que o fibromiálgico não possa ter qualidade de vida. Por isso, procurar os profissionais adequados, tanto para o tratamento medicamentoso quanto não medicamentoso, faz toda a diferença". 

Quem não tem condições de manter atividades físicas em academias ou clínicas, precisa, pelo menos, fazer caminhadas e exercícios, que totalizam 140 horas por semana, como prevê OMS. 

Saiba mais sobre a doença

O que é a fibromialgia?

A síndrome da fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. 

O que causa a Fibromialgia?

Não existe ainda uma causa única conhecida para a fibromialgia, mas já há algumas pistas porque as pessoas têm esta síndrome. Estudos mais recentes mostram que os pacientes com fibromialgia apresentam uma sensibilidade maior à dor do que pessoas sem fibromialgia. Na verdade, seria como se o cérebro das pessoas com fibromialgia estivesse com um “termostato” ou um “botão de volume” desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Desta maneira, nervos, medula e cérebro fazem que qualquer estímulo doloroso seja aumentado de intensidade.

A fibromialgia pode aparecer depois de eventos graves na vida de uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave. O mais comum é que o quadro comece com uma dor localizada crônica, que progride para envolver todo o corpo. O motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem fibromialgia e outras não ainda é desconhecido.

Quais os principais sintomas? 

Junto com a dor difusa pelo corpo, a fibromialgia cursa com sintomas de fadiga (cansaço), sono não reparador (a pessoa acorda cansada) e outros sintomas como alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. Uma característica da pessoa com FM é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura pelo examinador ou por outras pessoas.

Ela atinge muitas pessoas? 

É bastante comum e visto em pelo menos em 5% dos pacientes que vão a um consultório de Clínica Médica e em 10 a 15% dos pacientes que vão a um consultório de reumatologia. segundo a OMS, atinge de 2 a 8% da população mundial. De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres. Não se sabe a razão porque isto acontece. 

A idade de aparecimento da fibromialgia é geralmente entre os 30 e 60 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes.

Qual é o diagnóstico da doença?

É clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas.

Na reumatologia, são comumente usados critérios diagnósticos para se definir se o paciente tem uma doença reumática ou outra. Isto é importante especialmente quando se faz uma pesquisa, para se garantir que todos os pacientes apresentem o mesmo diagnóstico. Muitas vezes, entretanto, estes critérios são utilizados também na prática médica.

Os critérios de diagnóstico são:

a) Dor por mais de três meses em todo o corpo e

b) Presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos, de 18 que estão pré-estabelecidos).

Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não apresentem todos os pontos, o diagnóstico de FM é feito e o tratamento iniciado.

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia. 

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