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Abatido, reitor da Unifesspa diz que nomeação de terceiro colocado é 'golpe'

Porém, Maurílio Monteiro diz que não recorrerá à Justiça: 'Inimigo não está na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará"

Dilson Pimentel
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“É um golpe duríssimo na autonomia da universidade”. Assim o reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Maurílio Monteiro, reagiu, na manhã desta quinta-feira (17), à decisão do governo federal, que nomeou o professor Francisco Ribeiro da Costa como novo reitor instituição. O professor Maurílio Monteiro, atual reitor, teve 84,4% dos votos válidos. Francisco Ribeiro ficou em terceiro lugar, com 6,9% dos votos.

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O mandato será para os próximos quatro anos, a partir do dia 16 de setembro de 2020. Ainda não há informações sobre quando ocorrerá a posse. “É um duro golpe na autonomia, à Constituição. As universidades têm autonomia para decidir seus rumos, errando ou acertando”, afirmou o atual reitor da Unifesspa. 

Ainda segundo o Maurílio, esse foi também um golpe contra todas as lideranças políticas locais. Ele explicou que todas as Câmaras de Vereadores da região aprovaram requerimento ao governo federal para que este reconhecesse a votação e que a indicação recaísse sobre o mais votado pela comunidade. 

“Nós sentimos o golpe”, afirmou, acrescentando que o governo Bolsonaro contraria a vontade manifesta por alunos, professores, comunidade acadêmica. 

O reitor Maurílio Monteiro disse que este não é um ato isolado. Ele acrescentou que é mais uma universidade que passa a integrar o rol de dezenas de federais que tiveram desrespeitada a sua autonomia. “É um duro golpe na autonomia e à Constituição”, afirmou.

“É um duro golpe na autonomia da Unifesspa, à Constituição. As universidades têm autonomia para decidir seus rumos, errando ou acertando. Não vamos morder a isca. É nefasto e autoritário, mas a universidade vai continuar unida. Ampliarmos a democracia na universidade é o melhor caminho para resistirmos”, diz Maurílio Monteiro, reitor Unifesspa

Reitor não recorrerá à Justiça


O reitor da Unifesspa disse que esse é um momento de tristeza. “Mas estamos encerrando o mandato de cabeça erguida. Mas sabemos de onde vem o golpe. Não veio daqui de dentro
Quem deu o golpe não está entre nós”, afirmou. “Não vamos morder a isca. É um golpe triste, nefasto, autoritário, porque macula quem vai assumir o lugar, porque não está assumindo em nome da universidade. A universidade vai continuar unida. Ampliarmos a democracia na universidade é o melhor caminho para resistirmos”, disse. 

Ele acrescentou que o novo reitor vai assumir o cargo com “um déficit de representatividade. Vamos sair muito triste, mas de cabeça erguida”. Maurílio cedeu entrevista ao lado da vice-reitora, Idelma Santiago. “Eu e Idelma tínhamos muitos planos, muitos sonhos. Não só eu e Idelma e sentimos o golpe. Esse foi golpe foi sentido também por inúmeros colegas”, afirmou. Ambos estavam visivelmente emocionados.

Perguntado se irá mover uma ação judicial contra o governo federal, Maurílio deixou claro que não vai patrocinar qualquer ação que cause instabilidade jurídica ou política na instituição. “Não vamos morder a isca. Nosso compromisso é com a instituição. O inimigo central não está aqui dentro”. 

A Unifesspa tem apenas sete anos de criação e foi criada a partir de um desdobramento da Universidade Federal do Pará (UFPA) e campi no sul e sudeste do Pará.

“Estamos encerrando o mandato de cabeça erguida. Mas sabemos de onde vem o golpe. Não veio daqui de dentro . Nosso compromisso é com a instituição. O inimigo central não está aqui dentro”

Na UFPA, tensão com lista tríplice aumenta


Estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) ocuparam na manhã desta quinta (17) o hall da reitoria da instituição. O ato iniciou às 10h, no campus do bairro Guamá. Nesta quinta-feira (17), acontecem em todo o Brasil manifestações com o intuito de pressionar o governo federal contra nomeações de dirigentes que não foram vencedores em pleitos eleitorais para reitorias, realizados em todo o País. 

Os estudantes dizem que não aceitarão escolhas consideradas por eles como “antidemocráticas”. Em Belém, a União Nacional dos Estudantes (UNE) faz os atos, como em todo o Brasil, contra escolhas de reitores em 12 instituições públicas. Segundo a UNE, nessas instituições de nível superior no Brasil – entre elas universidade e institutos – o governo federal não respeitou a lista tríplice e chegou a nomear inclusive últimos colocados.

O mandato para as reitorias dura quatro anos. Na Universidade Federal do Pará (UFPA), o mandato do atual reitor Emmanuel Tourinho encerra na próxima terça-feira (22). O presidente da República tem até essa data para nomear o gestor para novo quadriênio na UFPA. 

Na última terça-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro nomeou o professor Francisco Ribeiro da Costa para ocupar o cargo de reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com sede em Marabá, no Sul do Pará. Costa foi o terceiro colocado da lista tríplice enviada ao governo federal com obtenção de 6,9% dos votos em recente consulta feita junto à comunidade acadêmica. 

Procurada ontem pela redação integrada de O Liberal para comentar os atos, a comunicação da Presidência da República disse que não falará sobre o assunto.

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