O amor pelo futebol faz mulheres quebrarem barreiras e preconceitos

Nesta edição, a reportagem conversou com mulheres que representam o esporte em diferentes frentes.

Bruna Lima

O mundo do futebol vem passando por transformações e as mulheres vêm ocupando esse espaço com estudo, dedicação, propriedade, mas também ainda com luta contra o preconceito. Mas a paixão pelo esporte faz com que elas ultrapassem barreiras e sigam no caminho para viverem do que amam. Seja nos campos, na área técnica ou de arbitragem, essas mulheres são felizes no ambiente esportivo.

Nesta edição, a reportagem conversou com mulheres que representam o esporte em diferentes frentes. Aline Cristine Rocha da Costa, 42, é treinadora de futebol feminino. A história dela com futebol começou como atleta de futebol de salão, depois passou para treinadora e, em 2009, se tornou treinadora de campo. Já conquistou importantes títulos estaduais e o nacional, em 2017, quando estava como treinadora do Pinheirense. Atualmente, atua no Paysandu e corre atrás de vencer o bicampeonato brasileiro.

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Ela diz que o desafio maior na profissão é de enfrentar barreiras na questão salarial e de valorização. “Hoje em dia muita coisa já mudou, hoje em dia trabalho com maior tranquilidade em relação a anos anteriores, mas ainda assim passamos por dificuldades. E tem a questão do preconceito, a falta de calendário para a equipe feminina”, destaca a técnica.

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A mudança do futebol feminino no Pará é a introdução do calendário de base, que começou neste ano. Para a treinadora, é uma forma de incentivar a safra de novas jogadoras. “As jogadoras profissionais vão deixando o estado para ocupar outros times e com o calendário de base é uma forma de incentivar novas profissionais”, destaca.

A história da lateral direita do Paysandu, Leila da Silva Barra, 29, começou ainda quando criança, quando seu pai já a projetava como uma grande jogadora. “Meu pai é muito apaixonado por futebol e sempre me leva para os campinhos e acabei gostando. Entrei no time de base do Independente, passei pelo Remo, Paysandu, viajei para fora. Em 2027, quando fomos campeãs do brasileiro a minha vida mudou completamente”, disse a jogadora, que hoje em dia vive exclusivamente do futebol e diz que consegue estudar e ajudar a família.

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A respeito do cenário do futebol feminino, Leila diz que mesmo com as dificuldades ainda presentes, enxerga algumas mudanças. Uma delas é em relação a visibilidade dos campeonatos nas grandes mídias. “Até uns cinco anos a gente só via na televisão os campeonatos do masculino. Hoje, não, os nossos campeonatos já vêm sendo transmitidos e isso é muito importante para a nossa categoria”, pontua a jogadora.

Além de jogadora, Leila faz a faculdade de fisioterapia e espera agregar a profissão ao futebol em um futuro breve. “A nossa carreira em campo tem curto prazo, mas espero seguir no esporte mesmo quando deixar de jogar profissionalmente”, acrescenta Leila.

Nayara Lucena Soares, 34, é árbitra assistente da Federação Paraense e da Confederação Brasileira de Futebol. A paixão pelo futebol também começou ainda na infância. “Jogar bola sempre foi a minha brincadeira favorita. E foi essa brincadeira que mudou a minha história de vida”, diz a árbitra.

image Mulheres que estão no comando do futebol falam dos desafios da profissão (Igor Mota / O LIberal)
Aos 12 anos ela começou a jogar no time da escola e por meio desse time ganhou bolsa de estudo para cursar o ensino médio em uma escola particular e, posteriormente, o ensino superior, algo que ela diz que estava longe da sua realidade financeira na época. Logo após concluir o nível superior, resolveu pendurar as chuteiras, pois ficou difícil conciliar a rotina de treino com a rotina de trabalho.

Em 2015 fez o curso da arbitragem a convite de um amigo e diz que iniciou o curso sem o mínimo interesse de ser árbitra. “Aceitei o convite somente com a intenção de voltar a treinar, mas durante o curso me apaixonei pela arte de arbitrar, nela encontrei uma forma de continuar fazendo parte desse esporte que tanto amo”, acrescenta.

Nayara começou a atuar no Profissional como Árbitra Assistente em 2016 e em 2018 ingressou no quadro da CBF, e já realizou o sonho de atuar no clássico mais jogado do mundo que é o Re Pa. Sobre os desafios, ela destaca o preconceito como o maior deles. “A função é alvo constante de duras críticas, muitas vezes injustas e, quando parte de mulheres, elas são ainda mais severas”, destaca.

Ainda sobre as dificuldades, Nayara diz que infelizmente a presença da mulher nos diversos contextos sociais é uma luta constante. “Durante toda a minha trajetória no futebol eu sempre escutei manifestações preconceituosas, ofensivas e desrespeitosas. Frases do tipo: 'vai lavar louça, vai estender uma roupa'. É notável que essa posição de liderança ocupada por mulheres gera muito incômodo. Mas seguirei em frente. Sem recuar”, promete.

A paraense Gislane Vieira Queiroz, "Loira Capanema”, que atualmente é Volante/ Zagueira no São José de São Paulo, é mais uma amante do futebol que foi influenciada pelo pai, que era jogador. Ela disse que cresceu no meio do campo e isso alimentou seu amor pelo esporte.

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“Sou volante de contenção, sou mais defensiva, mas também tenho a função de armadora. O volante fica no centro de tudo, ajuda todas as posições como um todo, exigindo um bom condicionamento físico”, disse a jogadora.

Para a jogadora, que é destaque do futebol feminino do Pará, diz que o futebol é um esporte para todos e pontua que vem lutando todos os dias para tornar o ambiente menos preconceituoso possível. “O futebol assim como as demais modalidades esportivas estão aí para todos. Precisamos acabar com o paradigma de que futebol é coisa de homem. Isso não existe e nós estamos aí para provar isso”, pontua a jogadora .

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