Jornada de trabalho de quatro dias ainda está distante para o Brasil, acreditam especialistas
Maioria de estudiosos vê benefícios na prática, mas setor empresarial ainda precisa estudar melhor a questão

Embora a redução da jornada de trabalho - de quatro para cinco dias por semana - já esteja sendo experimentada com sucesso em alguns países, aqui no Brasil ainda é vista como um certo tabu, especialmente por parte das organizações. Os especialistas na área, no entanto, concordam que o modelo poderia trazer benefícios para todos os lados, desde que implementado com conhecimento, planejamento e estratégia.
O professor universitário Eduardo Vasconcelos, doutor na área de Administração, explica que essa proposta surgiu no Reino Unido, onde foram realizadas simulações e testes com empresas durante cerca de seis meses e os resultados foram bastante positivos. “A grande maioria das empresas envolvidas se mostrou bem feliz com os resultados e os próprios funcionários tiveram vários benefícios, principalmente na questão da qualidade de vida. No Brasil, eu arriscaria dizer que a mentalidade das empresas, principalmente no que se refere aos processos de gestão e de direção, ainda é muito limitada para entender uma proposta como essa. Muitas organizações brasileiras ainda acreditam que o retorno vem somente pela quantidade de horas produzidas ou trabalhadas”, acredita.
Para o professor, no entanto, essa é uma questão cultural que ainda precisa ser aperfeiçoada entre as empresas. Por outro lado, o profissional poderia passar por um processo de treinamento e de reestruturação das rotinas de trabalho para conseguir gerar retorno para a organização, mesmo na jornada reduzida de trabalho. “Com isso, ele teria muito mais tempo para ficar com a família, para desenvolver outras atividades de ordem pessoal, como cursos, aperfeiçoamentos, lazer, cuidados com a saúde, atividades físicas, então, tudo isso acabaria contribuindo para uma diminuição de vários desgastes que ocorrem, de ordem física, emocional, psicológica e familiar. Logo, os benefícios seriam os mais diversos”, argumenta.
A administradora Karolae Brasil, de 24 anos, estudou essa questão em seu trabalho de conclusão de curso. Ela diz que a semana de quatro dias de trabalho é uma estratégia de gestão de pessoas que já está sendo adotada no Brasil, embora em escala menor do que no exterior. “Essa estratégia busca principalmente gerar melhor qualidade de vida para os funcionários, aumentando, consequentemente, a produtividade dos mesmos. As próprias empresas que já aderiram a essa modalidade comprovaram que houve esse aumento de produtividade. Além disso, para a empresa, há uma redução de custos com relação a insumos de materiais de escritório, energia, transporte. Além disso, é cientificamente comprovado que a redução de um dia de trabalho, bem como o home office, outro método bastante aceito e adaptado durante a pandemia pelas empresas, reduz os riscos de doenças, como por exemplo a Síndrome de Burnout. Então acaba que tudo isso, quando bem avaliado e comprovado, tende a despertar o interesse dos gestores e funcionários também, porque aquela determinada empresa acaba sendo muito mais atrativa para a retenção de talentos”, analisa.
A jovem explica ainda que, apesar dos benefícios, ainda há uma falta de conhecimento generalizada dos gestores acerca do assunto. “Infelizmente, o Brasil ainda é um país com rígidos níveis de hierarquia. Enquanto as pessoas não forem vistas como a fonte principal de toda e qualquer organização, essa ideia de reduzir a jornada de trabalho ficará ainda mais distante. Existem outras dificuldades também, como os ramos de negócios. O comércio, por exemplo, ainda está distante de conseguir se adequar a essa realidade. Mas tudo isso é questão de planejamento e estratégias”, complementa.
Para advogada trabalhista, questão ainda precisa ser melhor analisada e perfil das empresas precisa ser levado em consideração
Já do ponto de vista trabalhista, a advogada especializada em direito previdenciário e trabalhista, Gabriela Rodrigues, ressalta que a jornada de trabalho de quatro dias por semana surgiu com o objetivo de reduzir a carga horária semanal dos colaboradores, uma tendência mundial. “Após a popularização do home office, mais medidas que visam proporcionar o conforto dos trabalhadores estão sendo instituídas aos poucos em vários países ao redor do mundo. Boa parte dessas mudanças estão atreladas a uma jornada mais flexível para o trabalhador, que vêm sendo colocada em prática por algumas empresas por meio do formato híbrido ou remoto, um processo que já vinha se desenhando na última década e se aplicou com força total na rotina dos profissionais após a pandemia”, detalha.
Segundo a advogada, a ideia prevê a redução de carga horária sem que haja alteração de salário, o que tornaria possível alcançar mais eficiência e, ao mesmo tempo, trabalhadores menos estressados e ainda mais talentosos. “Para isso, porém, é preciso fazer um planejamento prévio que cumpra com a legislação trabalhista e cultura organizacional da empresa. No Brasil, algumas empresas, bem poucas, na verdade, principalmente na área de tecnologia, já optaram por reduzir a jornada de trabalho semanal”, informa.
Para ela, no entanto, embora a prática possa culminar com muitos benefícios, sobretudo no que se refere à qualidade de vida e saúde mental do trabalhador, o que também é positivo para a empresa, nem todas elas estariam aptas a aderir ao sistema. “A imposição dessa prática sem entender a atividade da empresa, sua cultura e suas necessidades para atingir os resultados esperados pode provocar o efeito exatamente contrário, com colaboradores se sentindo ‘culpados’ pelo dia a mais de descanso, e sobrecarregados na jornada de trabalho restante, gerando grande frustração e ainda mais estresse do que o modelo tradicional”, alerta.
Segundo Gabriela, dependendo da atividade da empresa, como, por exemplo, aquelas que realizam atendimento ao público, talvez fosse necessário contratar novos profissionais para completar a jornada, o que poderia ser inviável do ponto de vista financeiro e de gestão. “Ainda não há consenso sobre a prática da jornada de trabalho de quatro dias. Tudo indica que isso depende da natureza da atividade, dinâmica de trabalho e do melhor aproveitamento do trabalhador, também não há uma regra se a aplicação será para todos os funcionários. Portanto, observamos que é uma prática ainda em testes com programas pilotos e que somente ao longo do tempo será possível entender de forma mais consistente quais são os seus benefícios e pontos de atenção”, frisa.
O Centro de Integração Empresa Escola (Ciee) tem 291 vagas abertas em todo o Pará, sendo 132 de aprendiz e 159 de estágio. Confira algumas:
ADMINISTRAÇÃO
Local: Belém
Tipo de vaga: Estágio
Bolsa auxílio: R$ 700 mais auxílio transporte
Carga Horária: Das 12 às 18h
Requisitos: Estar cursando do 3° ao 6° semestre
Código da vaga: 4566049
Entre em contato pelo Portal CIEE (portal.ciee.org.br) ou pela Central de
Atendimento (3003-2433)
ENGENHARIA AMBIENTAL
Local: Belém
Tipo de vaga: Estágio
Bolsa auxílio: R$ 1.302 mais auxílio transporte
Carga Horária: Das 8 às 13h
Requisitos: Estar cursando do 4° ao 6° semestre
Código da vaga: 4644551
Entre em contato pelo Portal CIEE (portal.ciee.org.br) ou pela Central de
Atendimento (3003-2433)
TURISMO
Local: Belém
Tipo de vaga: Estágio
Bolsa auxílio: R$ 400 mais auxílio transporte
Carga Horária: Das 8 às 14h
Requisitos: Estar cursando do 3° ao 8° semestre
Código da vaga: 4637382
Entre em contato pelo Portal CIEE (portal.ciee.org.br) ou pela Central de
Atendimento (3003-2433)
ENSINO MÉDIO
Local: Santa Izabel
Tipo de vaga: Aprendiz
Bolsa auxílio: R$ 710,40 mais vale transporte
Carga Horária: A combinar
Requisitos: Estar formado no Ensino Médio e ter mais de 18 anos
Código da vaga: 4607788
Entre em contato pelo Portal CIEE (portal.ciee.org.br) ou pela Central de
Atendimento (3003-2433)
ENSINO MÉDIO
Local: Santa Izabel
Tipo de vaga: Aprendiz
Bolsa auxílio: R$ 600, mais auxílio transporte
Carga Horária: Das 9 às 15h
Requisitos: Estar formado no Ensino Médio e ter mais de 18 anos
Código da vaga: 4607818
Entre em contato pelo Portal CIEE (portal.ciee.org.br) ou pela Central de
Atendimento (3003-2433)
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