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Baixa produtividade brasileira é resultado de condições precárias e pouco investimento

Especialistas explicam que, quando esse índice fica baixo, há menos desenvolvimento, riqueza, mão de obra, qualificação e competitividade das empresas

Elisa Vaz
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Um levantamento divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a produtividade por horas trabalhadas no Brasil fechou 2022 com queda de 4,5% e, em 2021, o país já havia vivido um cenário de retração na produtividade de 7,9%. O administrador e coordenador do curso de Recursos Humanos da Universidade da Amazônia (Unama), John Pablo Pinheiro, diz que esse cenário já é observado há pelo menos quatro décadas e que o índice de produtividade do Brasil é baixo se comparado ao de outros países.

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Produtividade, segundo o especialista, é sinônimo de desenvolvimento, aumento das suas riquezas, mão de obra, qualificação e competitividade das empresas. “Quando a gente observa outros países que recebem apoio, onde existem projetos de desenvolvimento a partir da sua indústria, do que aquele país mais produz, vê que existe investimento em mão de obra, educação, pesquisa, tudo isso é muito importante. O Brasil é um país que pesquisa bastante, temos pesquisa, temos especialistas, no entanto, houve um momento de estagnação, paralisação, retrocedemos, e isso precisa ser fomentado”, destaca.

Para o economista Nélio Bordalo, os resultados do levantamento realizado pela FGV espelham, de fato, a realidade da produtividade do trabalhador brasileiro em 2021 e 2022. Alguns fatores para o cenário negativo do Brasil, segundo ele, são os baixos índices de educação, qualificação profissional e capacidade técnica, além de outros fatores indiretos, como a tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas, principalmente no setor industrial, e também a falta de investimentos nos setores da economia brasileira.

“A produtividade média do brasileiro é de apenas um quarto da do trabalhador americano e de um terço da do alemão ou coreano. Por esse motivo, perdemos mercado em função da baixa produtividade, o que reflete em resultados de baixa competitividade das empresas brasileiras”, argumenta.

Crise sanitária

A pandemia da covid-19, que teve muita influência no mercado, também contribuiu para os resultados. Segundo Bordalo, as quedas citadas, principalmente em 2021 (-7,9%.), foram reflexos da crise sanitária, que resultou em instabilidade social e econômica global significativa, impactando também na economia brasileira, com desempenho negativo da indústria de transformação e da construção civil, o que refletiu a queda da produtividade da indústria agregada (de todos os setores).

Já o resultado de 2022, que teve um indicador melhor de produtividade, Nélio atribui à retomada da economia brasileira. “Possivelmente, em 2022, as empresas realizaram contratações de trabalhadores com melhores qualificações profissionais, ou até mesmo recontrataram os trabalhadores que haviam sido demitidos em 2021, que já possuíam todo o conhecimento nas operações e atividades que desenvolviam”, destaca.

Pinheiro concorda. Na opinião dele, a realidade enfrentada a partir de 2020 levou a sociedade a viver um novo momento de adaptações na educação, trabalho e produção em geral. Uma das influências, na opinião do administrador, foi o crescimento no número de microempreendedores individuais, que viram uma oportunidade de criar um novo negócio, fazer vendas no ambiente online e faturar com isso. A popularização do trabalho informal também pode ter contribuído.

Em 2020, o número de horas efetivamente trabalhadas pelos brasileiros aumentou em 12,7%, índice puxado, principalmente, pelos setores da indústria e serviços. A avaliação de Nélio Bordalo, no entanto, é de que este resultado se deve à melhor performance individual do trabalhador que ficou em atividade, o que pode ser explicado pelo empenho, qualificação e objetividade dos trabalhadores, que, mesmo em número reduzido, foram altamente produtivos em suas funções.

Economia

Todo país se desenvolve aumentando a sua produtividade, ou seja, quanto pode produzir por hora de trabalho, segundo o economista Nélio Bordalo. “O Brasil, entretanto, não tem conseguido aumentar significativamente a produtividade nos últimos anos, o que prejudica seriamente o seu crescimento econômico e a competitividade no mercado internacional, inclusive ocasionando a desindustrialização no país, o que prejudica sua população em empregabilidade e melhoria na qualidade de vida”, detalha.

O especialista cita ainda dados do Banco Mundial, que apontam que a maior diferença entre a produtividade do Brasil e a dos países ricos é explicada pela má alocação de recursos. “Cada hora de trabalho poderia produzir 180% mais se os mesmos trabalhadores e as mesmas máquinas fossem empregados de modo mais eficiente. É evidente que as empresas mais produtivas e eficientes oferecem melhores produtos, crescem e geram empregos, enquanto as menos produtivas não conseguem melhores mercados e muitas delas são fadadas a encerrarem suas atividades”.

O administrador John Pablo Pinheiro explica que, quando se fala em produtividade, há a questão de uma empresa ser produtiva, uma cidade ter capacidade de produção e os trabalhadores serem produtivos ao manipular recursos industriais, tecnológicos ou financeiros, por exemplo. Mas, para que tudo isso funcione, é necessário uma boa liderança para impulsionar o negócio.

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