Pará tem o melhor saldo da balança comercial de janeiro a março
Estado alcançou superávit de US$ 3,6 bilhões, 26,02% a mais do que o saldo de R$ 2,9 bilhões alcançado no mesmo período do ano passado
A pandemia do novo coronavírus, até agora, não afetou as exportações paraenses. De janeiro a março deste ano, o Pará teve o melhor saldo na balança comercial (volume exportado subtraído pelo total importado), entre todos os estados do país, alcançando o superávit de US$ 3,6 bilhões, 26,02% a mais do que o saldo de R$ 2,9 bilhões alcançado no mesmo período do ano passado. Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Centro Internacional de Negócios, da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), com base nos números das estatísticas de comércio exterior, do Ministério da Economia.
Coordenadora do CIN, Cassandra Lobato explica que a posição do Pará entre os estados com maior saldo segue um patamar histórico, que já vem sendo observado há alguns anos. Em valores, as exportações no Estado saíram de R$ 3,1 bilhões, no primeiro trimestre do ano passado, para R$ 4 bilhões de janeiro a março deste ano, aumento de 25,76%. As importações também aumentaram, de R$ 259 milhões para R$ 318 milhões, reajuste de 22,78%.
Apesar dos números positivos, no que se refere apenas ao volume exportado, o Pará caiu para a 5ª posição entre os demais estados do País. Segundo Cassadra, o Pará estava na terceira colocação, de janeiro a fevereiro. No entanto, esse cenário já era aguardado, porque é reflexo de um aumento nas exportações de outros estados. “A gente sabia que os outros estados estavam renegociando alguns contratos e foi o que aconteceu”.
Somente no mês de março, as exportações no Pará ficaram em US$ 1.020.365.675, acima dos US$ 976.274.712 registrado em março do ano passado, e abaixo dos US$ 1.306.907.945 alcançados em fevereiro de 2020.
Em todo o País, no acumulado do primeiro trimestre, o superávit foi US$ 5,6 bilhões, abaixo dos US$ 9 bilhões do primeiro trimestre de 2019. Apenas no mês de março, o saldo da balança comercial no País ficou em US$ 4,7 bilhões, montante que supera o registrado no mesmo mês em 2019, de US$ 417 milhões.
Ainda na avaliação nacional, São Paulo e Rio de Janeiro, apesar de serem os primeiros colocados em volume exportado, tiveram saldo negativo de US$ 4.330.323.492 e US$ 1.344.787.142, respectivamente.
Setores
A exportação de produtos minerais no Pará, de janeiro a março deste ano, teve uma variação positiva de 28,60%, alcançando o montante de US$ 3.648.054.542, com destaque para minério de ferro (variação de 33,04% e U$$ 2.491.970.018 em volumes exportados); alumina calcinada (variação de 97,50% e US$ 389.396.864 em volume exportado) e ouro (variação de 430,01%, com US$ 82.515.200 em volume exportado).
Ainda neste setor, entre os que tiveram queda nas exportações estão o minério de cobre (5,35%), manganês (31,42%), Caulim (2,91%) e bauxita (46,94%). Os produtos minerais representam mais de 90% da balança comercial paraense.
“A gente já notou a queda na mineração, mas conversou com atividade portuária e CDP e viu que está normal o fluxo de container e a expectativa é que em abril possa até aumentar. Quem segurou foi o agronegócio, grãos, soja, a indústria da carne também. Foram os setores que seguraram a balança comercial”, ressalta a coordenadora do CIN.
Os produtos não tradicionais, que representa 6,45% da balança comercial, teve variação positiva de 8,32%, alcançando US$ 258.514.914 em volumes exportados. O destaque fica para carnes bovinas, cuja exportação aumentou 80,41%, passando de US$ 54.393.351 no primeiro trimestre de 2019, para US$ 98.130.233 no mesmo período deste ano. A exportação de soja teve variação de 4,72 %, chegando a US$ 85.775.097 neste primeiro trimestre. Nos dois casos, a China é o principal País comprador.
Já os produtos tradicionais registraram queda na exportação de 12,68%, de janeiro a março, no Pará, registrando US$ 93.223.832 em volume exportado. A exportação de madeira, por exemplo, ficou em US$ 52.094.825, o que representa uma variação negativa de 18,10% em comparação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, houve aumento de 81,25% na exportação de peixes, fechando o primeiro trimestre em US$ 7.736.322. Estados Unidos é o principal comprador de madeira e peixe do Pará.
“Está havendo um trabalho de muita sinergia com os atores que fazem o comércio exterior. Existe todo um cuidado, e o setor portuário vem seguindo uma nota técnica da Anvisa para os navios que atracam. Estão tomando todos os cuidados de prevenção à covid 19. Outra coisa é em relação a demanda. O Pará é um estado pujante. Na crise dos rodoviários em 2018, os estado fechavam negativo e o Pará positivo, por causa da mineração. É um estado que consegue ter atração pelas commodities”, observou Cassandra Lobato. Segundo ela, os valores das commodities estão sendo renegociados, com a consequente queda nos preços, mas existe uma demanda para o mês de abril e o mês de maio. “A mineração teve quedas em alguns produtos, ao segurar os contratos com o seu principal comprador, que é a China, mas em breve esses embargues serão reativados e continuarão com a sua frequência”, avalia.
De janeiro a março deste ano, os principais compradores dos produtos paraenses foram a China, com participação em quase metade do volume exportado (49,07%), seguido da Malásia (6,19% de participação), e Noruegua (4,03%).
Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Pará tem cerca de 6 mil indústrias no Pará, sendo mais de 90% delas micro, pequenas e médias. A coordenadora do CIN observa que o setor industrial é responsável por 165 mil postos de trabalhos diretos e pela participação de mais de 30% do PIB no Pará.
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