Metade dos nortistas estava negativada em fevereiro, aponta levantamento CNDL/SPC Brasil

Estimativa corresponde a 5,82 milhões de adultos da região. Segundo mês do ano registrou aumento de 4,91% na base de inadimplentes; cada negativado deve, em média, R$ 3.257,80

Thiago Vilarins, da Sucursal

Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) estima que um a cada dois (46,7%) nortistas adultos estavam negativados em fevereiro – o equivalente a 5,82 milhões de pessoas. No segundo mês de 2020, o volume de consumidores da região com contas atrasadas cresceu 4,91% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que representa uma tímida desaceleração no crescimento da inadimplência nos Estados da Região Norte  – em janeiro, a taxa era de 5,48%.

O número reflete o quadro de dificuldade que ainda pesa sobre as famílias da região e que deve se acirrar nos próximos meses com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o levantamento, as famílias nortistas são as que mais enfrentam dificuldades que impactam diretamente sua capacidade de pagamento. O desemprego caiu na região em 2019, mas ainda atinge um contingente de 356 mil pessoas; a renda começou a recuperar-se, mas ainda permanece em níveis próximos daqueles de antes da recessão econômica.

Em todo o País, o número de consumidores registrados nos cadastros de proteção ao crédito alcançou a marca dos 60,8 milhões em fevereiro, o que corresponde a quatro em cada dez (38,8%) brasileiros adultos. O volume nacional indica um crescimento de 1,23% em fevereiro deste ano na comparação com igual período do ano passado – em janeiro, a taxa era de 1,38%. Na mesma direção e com dados ainda mais positivos, o número de dívidas ficou 0,30% menor do que em 2019 na comparação anual, dado que evidencia queda pelo nono mês consecutivo. Em relação ao mês de janeiro, o número de dívidas caiu 0,11% e o de devedores, 0,22%.

Já na região Norte, o número total de dívidas deu um salto de 3,17% em relação a fevereiro de 2019.  Nesta análise, mais uma vez o Nordeste foi destaque positivo, com a queda mais forte entre as regiões: -1,47%, seguida pela queda de 0,99% apresentada no Sudeste. Acompanharam o resultado negativo da região Norte, com incremento no total de dívidas em atraso, porém em proporções bem inferiores, o Centro-Oeste e Sul, com altas de  2,58% e 0,61%, respectivamente.

Na visão do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o que se espera para os próximos meses é uma incerteza muito grande: "A pandemia do novo coronavírus e as medidas de contenção do contágio via isolamento social terão forte impacto na demanda interna. Ainda não é clara a extensão deste impacto sobre a economia brasileira, mas, sem dúvida, ele vem na direção negativa. É provável que a recuperação econômica seja interrompida e que vejamos aumento de desemprego, queda na renda e consequente piora nos números de inadimplência".

Cada negativado deve, em média, R$ 3.257,80

image O valor total das dívidas em atraso se mantém estável desde 2017 (Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

Quase quatro em cada dez (36,63%) consumidores tinham, em fevereiro de 2020, dívidas com valor de até R$ 500, percentual que chega a 52,68% quando se fala em pendências de até R$ 1.000. Somando todas as dívidas, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.257,80 em fevereiro. Em termos reais, o valor total das dívidas em atraso se mantém estável desde 2017. Em valores de 2020, o maior patamar do valor total das dívidas foi alcançado em novembro de 2011 (R$ 4.669,36), quando cada negativado devia cerca de 40% a mais do que em fevereiro de 2020.

A maior parte das dívidas concentra-se no setor de Bancos (52,69%), seguido por Comércio (17,49%) e Comunicações (11,94%). Embora represente apenas 10% do total das pendências, o setor de Água e Luz apresentou a maior evolução no número de dívidas, que cresceu 7,92% em relação ao ano anterior. O setor de Comunicação, por sua vez, caiu 9,32%, após ter apresentado fortes altas no início da crise econômica.

"Os impactos da piora na economia em meio ao cenário da pandemia de coronavírus devem ser sentidos pelo consumidor. Por isso, o momento requer muita cautela na hora de decidir como utilizar o dinheiro, a fim de evitar a inadimplência. O ideal é gastar apenas com o necessário e, se possível, buscar construir uma reserva de emergência para fazer frente a um eventual imprevisto", aconselha a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA