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Empresário defende investimentos logísticos no Pará

Para Fábio Vasconcellos, a construção Ferrogrão e ampliação das PPP’s são necessárias para dinamizar a economia

Fabrício Queiroz
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A geração de riquezas passa pelo crescimento do setor logístico no país. Em um estado com grande vocação hidroviária, a indústria naval vem contribuindo para a dinâmica econômica local, atraindo investimentos e criando postos de trabalho. Mas para o empresário e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Naval do Estado do Pará (Sinconapa), Fábio Vasconcellos, é necessário também avançar na pauta multimodal, que é tema de interesse do setor produtivo. Nesta entrevista, Vasconcellos, que integra o Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aborda as soluções logísticas discutidas no âmbito da entidade e o potencial que o Estado do Pará possui para contribuir com o desenvolvimento nacional.

Que soluções e projetos estratégicos o setor produtivo nacional tem debatido para ampliar a infraestrutura no Brasil?

A partir da modernização da legislação portuária e do marco das ferrovias, a solução tem passado necessariamente pela ampliação das parcerias público-privada e o consequente aumento do investimento privado na infraestrutura portuária e ferroviária. Além disso, tem havido avanço em novas concessões e renovação de concessões, em todos os setores da infraestrutura nacional, como a ocorrida nesta última semana com o aeroporto de Congonhas. Dentre os projetos estratégicos que o setor produtivo tem debatido, o mais importante, sem dúvida, é a Ferrogrão que liga o MT ao PA e que infelizmente está parado desde março de 2021 no STF, com o ministro Alexandre de Moraes. É um projeto de extrema importância para a infraestrutura nacional e em particular para nossa região. A importância da Ferrogrão para o Pará é exatamente igual à importância da Estrada de Ferro de Carajás que escoa nosso minério para o MA. O aumento do escoamento de grãos fará com que o Pará seja o maior entreposto logístico do país, atrairia vultosos investimentos e geraria no médio prazo centenas de milhares de empregos no estado. Como efeito positivo decorrente, ainda teríamos um benefício ambiental significativo, pois substituiria o escoamento rodoviário atual pelo ferroviário, muito menos poluente e com impactos locais muito menores. A Ferrogrão está projetada exatamente na mesma faixa de domínio da atual BR163, não causando nenhuma interferência ambiental adicional para sua implantação e não há motivo razoável para esta demora.

Estamos conseguindo avançar para uma perspectiva mais multimodal? Quais os desafios para isso?

Sim. Segundo a mais recente estatística da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o transporte hidroviário cresceu 156% desde 2010, principalmente devido ao aumento do escoamento de grãos pela região Norte e a perspectiva para os próximos anos é de continuidade desse crescimento. Além disso, houve um aumento da participação do transporte ferroviário e uma diminuição da participação rodoviária, tornando nossa matriz de transporte menos desequilibrada. Os principais desafios sem dúvida estão concentrados na velocidade do licenciamento. Há projetos, como o derrocamento do Pedral do Lourenço, por exemplo, há quase 10 anos no IBAMA sem uma solução, o que abriria um novo corredor de escoamento hidroviário pelo Rio Tocantins, com enormes vantagens ambientais e sociais para nossa região. Outras questões semelhantes impedem a implantação da hidrovia Teles Pires - Tapajós, cujos benefícios socioambientais seriam enormes para nossa região

Em se tratando da indústria naval no estado do Pará, como está a realidade do setor? Quais as expectativas em termos de investimentos?

A construção naval de toda região Norte tem crescidos sistematicamente nos últimos 10 anos, principalmente decorrente do avanço do escoamento de grãos pela região. Além disso, a competitividade do setor em nossa região despertou o interesse de armadores de outras regiões que tem encomendado inclusive embarcações para navegação marítima e apoio portuária, o que ajuda muito na diversificação da carteira de encomendas, principalmente nos estaleiros de Belém e Manaus. A perspectiva para os próximos anos continua positiva com a estimativa de continuo crescimento do escoamento de grãos pelos portos da região Norte. É muito importante termos a exata noção da importância do Porto de Vila do Conde na logística internacional de grãos. Nossa localização é privilegiada. Temos praticamente as mesmas distâncias marítimas para os principais destinos de grãos no mundo que tem os portos da Louisiannia nos EUA, por onde embarca a maior parte da soja exportada lá. Por isso que insisto na vocação do Pará para ser o principal entreposto logístico do país.

Qual o impacto econômico disso? E quais as principais atividades beneficiadas pelo crescimento do setor?

O setor naval tem empregado cerca de 5 mil pessoas diretamente nos estados do MA, PA, AM, RO, o que geram cerca de 30 mil empregos indiretos, na região mais carente do Brasil, beneficiando todos os setores de nossa economia, atraindo empresas, investimentos e empregos qualificados. É de extrema importância que as autoridades e a sociedade local entendam esse movimento e estejam unidas na defesa de nossos interesses que tem sido contrários, em alguns casos, aos interesses de corporações que atuam principalmente na região Sul e Sudeste e que tem se movimentado para retardar o avanço logístico em nossa região.

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