Elevação de nota de crédito pela Fitch não garante corte da Selic, afirma Celso Ming

Colunista do Estadão e de O Liberal observa, no entanto, que reclassificação trará boas consequências se governo mantiver contas sadias

O Liberal
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A percepção da qualidade econômica do Brasil vem apresentando melhoras significativas, impulsionada pelas condições mais seguras das contas públicas, analisa o colunista do Estadão e de O Liberal, Celso Ming. Esse avanço é resultado de diversas medidas, como os progressos obtidos na aprovação da PEC do arcabouço fiscal, a reforma tributária e as perspectivas promissoras para o PIB em 2023, com projeções de crescimento acima de 2%.

Ming diz que, no entanto, é crucial ressaltar que tais condições positivas devem ser vistas como um bom começo, embora suscetíveis a retrocessos, pois o governo Lula enfrenta constantes pressões de grupos "desenvolvimentistas" e "intervencionistas" que almejam uma condução menos ortodoxa da economia, com aumento dos gastos públicos e endividamento para impulsionar o crescimento.

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Ministro da Fazenda sofre pressões de alas do partido

Nesta quarta-feira (26), a Fitch foi a primeira das três grandes agências de classificação de risco (as outras são Standard & Poor’s e a Moody’s) a reconhecer a melhora do ambiente de negócios e a qualidade da economia brasileira desde 2018, aumentando em um degrau a nota da economia do Brasil, de BB- para BB. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, celebrou a reclassificação econômica. Entretanto, ele encontra resistência entre os membros mais radicais de seu partido, o PT, que consideram a política econômica atual como neoliberal demais.

A agência de classificação de risco responsável pela decisão afirma que ela se baseia em um desempenho macroeconômico e fiscal do país "melhor que o esperado", além da expectativa de que o governo continue trabalhando em prol de mais melhorias.

Ming afirma que essas classificações se tornaram necessárias porque grande número de instituições e de fundos exige que suas carteiras de aplicações financeiras só sejam carregadas com títulos altamente confiáveis. “A referência é o título do Tesouro dos Estados Unidos, o T-bonds. Quanto mais confiável é um título maior a procura dos investidores por ele e, por isso, pode pagar juros mais baixos.”

Na escala de classificação da Fitch, explica o articulista, o Brasil ainda precisa avançar mais dois nós para chegar ao grau de investimento.

Prêmios de risco dos títulos brasileiros podem ser reduzidos

Mas as próximas consequências são animadoras, como destaca o articulista. Os prêmios de risco dos títulos brasileiros podem ser reduzidos, resultando em menores despesas com juros. O cenário mundial, com disponibilidade de recursos, indica um possível aumento nos investimentos estrangeiros para o Brasil, que já possuía estimativas de US$ 80 bilhões para este ano. Como consequência, reforça-se a tendência de valorização do real em relação ao dólar.

Porém, é preciso cautela, pondera Celso Ming, pois recaídas também são possíveis, como já ocorreu anteriormente. “O Banco Central tem agora mais um fator pela redução dos juros básicos. Mas isso não implica necessariamente que na próxima reunião do Copom a queda será de meio ponto porcentual, pela condução conservadora da política monetária”, afirma Ming.

Para o articulista, o Banco Central pode considerar o cenário favorável como um fator para a redução dos juros básicos. “O Banco Central tem agora mais um fator pela redução dos juros básicos. Mas isso não implica necessariamente que na próxima reunião do Copom a queda será de meio ponto porcentual, pela condução conservadora da política monetária.”

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