Costureiras nem ligam para a falta de carnaval na rua e faturam

Festas privadas têm rendido muitos pedidos, principalmente de customização de abadás

Eduardo Laviano
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O cancelamento do carnaval no Pará e no Brasil afora tem desafiado o setor econômico que aproveitava nesta época do ano para faturar em um período entre o Natal e o Dia das Mães. Mas nem tudo está perdido. As festas privadas são um filão para quem confecciona e customiza abadás e produz adereços.

Danielli Pinheiro, com mais de 20 anos no ramo, percebeu um aumento expressivo nos pedidos neste início de 2022, graças ao engajamento que ela tem conquistado no Instagram, com ajuda da filha e de algumas celebridades locais da rede. Ela afirma estar feliz com o fluxo de clientes atual.

"Tem sido uma surpresa para mim a demanda nesta pandemia. Muita gente que costura está reclamando. Mas a primeira semana (de vendas) de carnaval foi bem boa. Não tenho do que reclamar. Eu peguei muita encomenda e acabei não conseguindo aceitar mais", diz ela.

Expansão dos negócios

Sem o carnaval de rua, mas com clientes querendo compensar nas festas privadas, Danielli precisou contratar cinco tias para ajudá-la na confecção dos abadás e, por isso, planeja adquirir outra máquina de costura.

Só para a primeira semana de pré-carnaval, Danielli fez 138 abadás. Para esta, já eram 128 pedidos, quando a reportagem conversou com ela.

Ela conta que a pandemia não impactou tanto o negócio dela, e o que acontece, no máximo, é de algum cliente ser infectado com a covid-19 e desistir de ir para o bloco.

"Aí eu faço o Pix estornando o valor, sem problema algum. Mas garanto que dobrou a procura em relação ao ano passado. Logo no início da pandemia, ficamos com muito medo, mas, graças a Deus, não tem faltado trabalho", reforça.

Preços para todos os gostos

O tipo de fantasia, claro, vai pesar mais ou menos no orçamento. Das mais simples, que podem custar R$ 25, até outras mais elaboradas, que chegam a R$ 250 ou mais. Danielli Pinheiro garante que tem vestimentas para todos os bolsos.

"O que mais pedem é uma boa manguinha bufante com brilhos no peito, com trabalhos manuais em pedrarias e o abadá às vezes é pequeno, curtinho, mas sem tirar a logo do bloco”, revela, que também customiza shorts e produz adereços e outras peças.

Mas nem tudo são flores. A situação econômica imposta pela pandemia dificultou o acesso a alguns insumos utilizados no trabalho. "Enfrento dificuldade com fornecedores, por comprar uma mercadoria que está ou em falta ou que encareceu. Um rolo de elástico, dois anos atrás, era R$ 14, R$ 15, mas hoje compro a R$ 32. Aí, preciso aumentar uns R$ 5, R$ 10 (no preço final). Gosto muito de strass, por exemplo, mas a manta, que era R$ 120, hoje está R$ 200", lamenta.

Referência

Simone Abitbol trabalha no ramo há 25 anos e é referência na cidade, com um nome reconhecido e boa presença nas redes sociais. Ela começou com uma loja no shopping e depois foi estilista de uma marca, até o dia em que decidiu que era a hora de ser dona do próprio ateliê. A empreitada deu certo e há uma década, as produções assinadas por ela estão presentes no carnaval de Belém.

"O ano de 2022, a gente sabia que muita gente ia procurar (o serviço), pelo fato de não ter tido no ano passado. A pessoa se guarda para aquilo, quer estar arrumada com aquela roupa linda. Comparo até com uma formatura, uma festa de 15 anos”. Ela admite que a demanda foi menor que em anos normais. “As pessoas investiram mais em diversão e bloco. Teve muitos looks muito trabalhados, mas acho que já foi mais", conta ela, ao comparar com a demanda pré-pandemia.

E Simone elege um culpado: a disparada no preço dos materiais, que ela classificou como “absurda”. Ela conta que isso encarece não só a produção, mas também a mão de obra. Ela resolveu baixar os preços e reduzir a margem de lucro para garantir preços justos para os clientes.

A estilista afirma ter clientes em todos os recortes sociais e que atende também pessoas que não gostam de brilho e evitam roupas extravagantes. As customizações variam entre R$ 60 e R$ 500, de acordo com a quantidade de bordados, pedrarias e adereços escolhidos pelo cliente.

Para ela, o importante é garantir que todos tenham acesso a roupas mais divertidas e bonitas no carnaval. Simone Abitbol, inclusive, possui uma estratégia de negócios que cabe em todos os bolsos: "A customização rápida, que fica nos pontos de entrega dos blocos, sempre com uma equipe do ateliê que faz só corte e colagem e custa de R$ 20 a R$ 40, e a pessoa pega na hora, para quem não quer nada muito elaborado", explica.

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