Cresce em 57% o número de empresas abertas por jovens de até 30 anos no Pará

O número de empresas criadas por empreendedores nessa faixa etária subiu de 11.185 para 17.596, de janeiro a junho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado

Débora Soares

O Pará registrou crescimento no número de empresas abertas por jovens de até 30 anos. Entre os dias 1 a 24 de junho deste ano, 17.596 empresas foram criadas, enquanto que no mesmo período do ano passado esse quantitativo era de apenas 11.185, o que representa mais do que dobro de aumento, exatamente 57,32% a mais de novos empreendimentos liderados por jovens. 

Essa quantidade de empresas novas está centrada principalmente entre os Microempreendimentos Individuais (MEI’s), eles foram 15.230. As Microempresas (ME) são 1.784. As Empresas de Pequeno Porte (EPP) abertas foram 524, e, em último lugar estão as empresas sem porte determinado, com o registro de 58 abertas. 

O setor de serviços foi quem mais ganhou novas possibilidades, no total, 9.171, o comércio aparece muito próximo, em segundo lugar, com 7.146 empreendimentos juvenis e a indústria contabilizou apenas 1.279 empresas abertas nestes 25 dias de junho. 

De acordo com o Conselho Regional de Administração, o perfil do jovem empreendedor de hoje é de uma pessoa madura e determinada, que sabe o que quer. A facilidade de entendimento de mundo e a proximidade com as novas tecnologias são razões que os levam a ter vantagens sobre os mais antigos na arte de empreender. "O jovem tende a ter rápido demais as soluções. Propor novas invenções já faz parte do DNA dele, às vezes isso é muito mais do que a gente precisa, mas já faz parte do mundo moderno. Utilizar os recursos de forma inteligente, reaproveitando, reutilizando, é dessa forma que o jovem de hoje é e muito mais informado, então tem um perfil muito mais interessante”, comenta o membro do Conselho, Renato Cortez.

 

DICAS

O conselheiro compartilhou algumas dicas para esse novo perfil que está surgindo no mercado empreendedor de Belém. "Em primeiro lugar, ele tem que fortalecer a sua ideia de negócio. Segundo lugar, teste valide essa ideia enquanto negócio, existem muitas instituições que podem ajudar. Se você não tem o conhecimento, faça cursos, se  você precisa de consultoria, contrate, não tenha vergonha. Entenda realmente qual é o seu negócio, o que você vai fazer, de que forma e para quem irá fazer. Pesquise sobre o seu público, o consumo dele e todas as informações pertinentes que você puder juntar. Avalie, acima de tudo, toda essas informações e como vai ser a sua comunicação, faça um plano sobre isso”, orienta. 

 

PERFIL

Os dados mostram ainda que os jovens do sexo masculino são os que mais abriram empresas, 58%, e as mulheres representam 42% do total de novos empreendedores no Pará.

As diferenças tanto de perfis quanto de dedicação entre os empresários jovens e os mais maduros são bem acentuadas. "Existe muita diferença. Alguns jovens não querem mais pesquisar, não querem mais se debruçar nas informações para buscar soluções, mas também existem os empresários que são mais maduros, mas que ficaram para trás, eles acreditam que aquilo que fazem vai dar certo sempre e acabaram se tornando teimosos", discute Cortez.

Leonardo Neto, 21 anos, é proprietário de uma produtora de vídeos em Belém. Foi através de estudos que o produtor decidiu iniciar a sua própria empresa de vídeos para atender às demandas do mercado que ele achou mais propício no momento. “Precisava ganhar dinheiro de alguma forma, então comecei a aperfeiçoar meus conhecimentos de audiovisual e passei a trabalhar como filmmaker. Aos poucos fui crescendo, errando, acertando e me aprimorando cada vez mais. Pouco tempo depois comecei a perceber que precisava trabalhar como uma empresa e não somente como uma pessoa que presta serviços à outra, com isso, comecei a ir em busca de conhecimento sobre empreendedorismo e me encontrei ali”, conta.

Para ele, a falta de experiência e de conhecimento é o viés negativo de iniciar um empreendimento tão jovem, por isso da importância de estar sempre em busca do aprendizado. “Nós jovens não somos ensinados a ser empreendedores, o que dificulta todo o processo. Muitos ainda não entendem que precisam ir atrás desse conhecimento, não é simplesmente começar, mas sim se aperfeiçoar cada vez mais”, declara Leonardo.

Neto pontua como um dos fatores positivos de abrir um negócio com pouca idade é a disposição para trabalhar. “Nós jovens temos muita energia para chegar longe, esse é um dos principais pontos, já que um empreendedor trabalha bastante para poder fazer seu negócio crescer”. 

Em janeiro deste ano, Iriani Lopes, 30 anos, e o namorado Helton Pimentel, 37 anos, decidiram inaugurar uma boutique multimarcas de moda masculina, em Belém. O casal não temia pelas dificuldades que poderiam enfrentar investindo em um negócio durante a crise sanitária do coronavírus. Eles viram na juventude uma motivação. “Empreender é um desafio principalmente para quem é jovem, mas me senti motivada por conta de ter meu próprio negócio e trabalhar da maneira que eu gosto. Fui funcionária em uma grande loja de moda feminina em Belém e vi que eu conseguiria sair do comodismo e buscar mais nesse novo desafio”, expressa Iriani.

Ter uma loja voltada para o público jovem é o que motiva a empreendedora e garante o faturamento no final do mês. “Como trabalhamos com uma moda jovem creio que a juventude de hoje pode nos ajudar se tornando clientes dos nossos produtos”,  diz a empreendedora.

Iriani afirma não ter tido nenhuma dificuldade com o equilíbrio das contas da loja motivada pela idade e sim pelo cenário atual de crise pandêmica que o Estado vive. “Até o presente momento não conseguimos identificar algo que a juventude venha a nos atrapalhar nesse desafio, mas creio que a falta de oportunidade de trabalho, com tudo que está acontecendo, acaba atrapalhando o giro da renda de todos. A maior dificuldade que temos é por ter que usar os nossos recursos pessoais para repor o pagamento de fornecedores, por exemplo. Costumo falar que sou sobrevivente em meio a muitos amigos do mesmo ramo que fecharam as suas portas, mas creio que a situação já está melhorando”, projeta a jovem.

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