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Cai procura por seguros no Pará; o de automóveis foi o mais impactado

Seguro de vida foi o único com saldo positivo

Elisa Vaz

As consequências econômicas da pandemia do novo coronavírus foram drásticas para muitos setores, que tentam a retomada após a reabertura dos negócios. No mercado de seguros, o panorama ficou negativo no Pará em 2020. Segundo os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), houve queda de 7,93% na receita das contratações de proteção para automóveis - segmento mais impactado durante a crise econômica, segundo empresários da área. O valor passou de R$ 200,5 milhões no acumulado do ano passado, entre janeiro e agosto, para R$ 184,5 milhões no mesmo período deste ano. No Brasil como um todo, a retração foi de 4,88%.

O corretor de seguros José Lucas Neto, que é mestre em Administração e diretor financeiro do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado do Pará (Sincor-PA), avalia que, como houve um longo período de trabalho remoto e a impossibilidade de sair de casa por conta do isolamento social e até lockdown, uma das medidas adotadas pelos trabalhadores foi não renovar o seguro de seus veículos. Segundo José, "ao ver o carro parado e sem uso, somado ao fato de que muitas pessoas perderam seus empregos, principalmente os autônomos ou trabalhadores informais, houve a suspensão do pagamento das apólices vigentes, o que explica essa queda".

De acordo com a Susep, em relação aos chamados “seguros de danos”, o Pará teve um comportamento oposto ao restante do país. No Estado, houve uma redução de 2,29%, passando de R$ 382,2 milhões no ano passado para R$ 373,4 milhões neste ano. O número foi contrário ao crescimento de 3% no Norte e de 2,73% no Brasil todo. Especialistas da Federação Nacional dos Seguros Gerais (Fenseg) explicam que a modalidade inclui os rurais, de automóveis, cibernéticos, residenciais e condominiais.

O único tipo de seguro que ficou positivo no Pará ao longo deste ano foi o de vida. Isso pode ser explicado pela pandemia do novo coronavírus, segundo José. Os dados divulgados pela Susep mostram que houve um acréscimo de 3,36% na contratação desse tipo de serviço entre janeiro e agosto, na comparação com o mesmo período de 2019, passando de R$ 226,8 milhões para R$ 234,4 mi. As altas no Norte e no Brasil, no entanto, foram maiores. Respectivamente, ficaram em 7,76% e 6,25%.

Na avaliação do corretor, a pandemia trouxe para o consumidor algumas mudanças. "A primeira foi que ele poderia realmente morrer, algo lógico, mas que muita gente negligencia ao longo dos tempos, preferindo segurar o carro que a própria vida, então quando temos muitos óbitos, percebemos que devemos proteger a vida", pontua.

Em uma das empresas corretoras de seguro da capital paraense, o cenário foi de acordo com os dados durante a pandemia. O proprietário de uma delas, Luiz Santos, afirma que de todos os seguros vendidos no negócio - sendo os principais de vida, automóvel e residência - nenhum teve resultado positivo. “Houve uma queda, porque todos os setores foram atingidos. Isso diminui a renda e a primeira coisa que o segurado faz é cortar o seguro. O brasileiro não tem aquela cultura de se prevenir contra acidentes e demais percalços da vida”, comenta o empresário.

Ele também afirma que os seguros de automóveis foram os que mais tiveram retração, entre 10 e 15% nos últimos seis meses. Quanto aos seguros de vida, não houve queda tão grande, mas foi possível sentir as perdas. Segundo ele, durante a calamidade pública, não surgiu nenhum novo cliente em busca do serviço. Mesmo com os impactos negativos, Luiz acredita que o mercado ainda pode se recuperar nos próximos meses deste ano. “O mercado de seguros tende a crescer. A gente entende a queda na pandemia porque muita gente ficou sem renda, não havia como ter esse gasto. Porém, muitas pessoas já estão vendo que há necessidade de se prevenir contra acontecimentos de emergência, como perda de familiares e de empregos”, argumenta.

O contador Marvin Dutra, de 25 anos, acredita que ter um seguro de vida é essencial. Ele já fazia uso do produto antes da pandemia, já que trabalha em um banco e acabou adquirindo, mas ele diz que na pandemia isso ficou ainda mais evidente. "As pessoas têm certo receio de contratar o seguro porque acham que nunca vão morrer ou nunca vai acontecer nada de mais. Mas a crise que vivemos abriu os olhos de todo mundo, e muitas pessoas perceberam a importância disso hoje em dia. Fora que não são só benefícios para a morte, tem assistência médica, possibilidade de fazer exames de rotina, auxílio doença e outros", comenta.

Segundo José Lucas Neto, muitas empresas também lançaram novos seguros, como o de home office, que é um misto de empresarial e seguro de equipamento, mas com cobertura na casa do profissional. O especialista diz que muitos corretores conseguiram fazer seus negócios crescerem por conta disso. "A crise existe e é danosa, mas quem souber fazer os movimentos corretos vai aproveitar as oportunidades", destaca.

Panorama dos seguros no Pará, no Norte e no Brasil

SEGURO DE VIDA:

Pará:

2019 (até agosto): 226.809.544

2020 (até agosto): 234.438.888

Variação: 3,36%

Norte:

2019 (até agosto): 600.914.749

2020 (até agosto): 647.594.923

Variação: 7,76%

Brasil:

2019 (até agosto): 20.700.878.263

2020 (até agosto): 21.994.686.428

Variação: 6,25%

SEGURO DE AUTOMÓVEIS

Pará:

2019 (até agosto): 200.583.776

2020 (até agosto): 184.589.924

Variação: -7,93%

Brasil:

2019 (até agosto): 23.772.592.527

2020 (até agosto): 22.610.748.843

Variação: -4,88%

SEGURO DE DANOS

Pará:

2019 (até agosto): 382.252.963

2020 (até agosto): 373.495.420

Variação: -2,29%

Norte:

2019 (até agosto): 1.103.989.949

2020 (até agosto): 1.137.171.245

Variação: 3%

Brasil:

2019 (até agosto): 49.441.273.292

2020 (até agosto): 50.792.049.808

Variação: 2,73%

Fonte: Superintendência de Seguros Privados (Susep).

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