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Trinta anos sem Cazuza - O poeta está vivo

Fã conta como foi o último show dele em Belém, pouco antes de falecer. Artistas paraenses comentam sobre os tributos ao artista. E a obra que se mantém atual conquistando novas gerações

Enize Vidigal

Nesta terça-feira, 7 de julho, o Brasil completa 30 anos sem Cazuza. Apesar da ausência física, o carioca Agenor de Miranda Araújo Neto não conseguiu deixar os fãs “maiores abandonados” ao longo do tempo. Ao contrário, Cazuza se mantém presente na poesia e na crítica social das canções que continuam fazendo parte da trilha sonora de muitas vidas. Músicas essas que continuam conquistando gerações, como o jornalista Antônio Fausto e o cantor Danniel Lima, paraenses que eram crianças quando ele partiu.

Poucos dias antes de falecer aos 32 anos, vítima da Aids, Cazuza realizou duas noites de show em Belém.  “Foi um show inesquecível, muito emocionante. Foi o último show dele em Belém. Ele estava extremamente fraco, teve que se ausentar o palco porque estava passando mal, mas voltou e fez um show lindo”, recorda a administradora Ana Amélia Fausto, de 60 anos, que assistiu a apresentação no Ginásio de Esporte da Universidade do Estado do Pará (UEPA).

Ela conta que, na véspera desse show, ele se apresentou no Iate Clube, onde também passou mal durante a apresentação. “A produção pediu para o público aguardar. Depois ele voltou e continuou a fazer o show sentado em um banquinho (...) Foi um show intimista, com poucos músicos. Ele usava uma calça branca comprida, camiseta branca e bandana colorida na testa. Estava extremamente magro”.

Cazuza era filho do presidente da gravadora Som Livre, mas foi Léo Jaime quem o convidou para o Barão Vermelho, que estava sendo formado por Roberto Frejat (vocal e guitarra), Dé (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria), no início dos anos 80. A fama nacional veio com o segundo álbum, “Barão Vermelho 2”, de 1983, e contou com um empurrão de Ney Matogrosso, que gravou “Pro Dia Nascer Feliz” (Cazuza e Frejat). A canção original estava no álbum da banda. Em 1984, o Barão estourou nas rádios com o “Bete Balanço” (Cazuza e Frejat) e lançou o álbum “Maior Abandonado”. No ano seguinte, Cazuza deixa a banda.

O primeiro álbum solo, “Exagerado” (1985), mantém a veia roqueira; o segundo, “Só se for a dois” (1987), é pautado em canções românticas; seguido de “Ideologia” (1988); e do disco ao vivo “O Tempo não Para” (1989).  Cazuza admitiu publicamente que estava vivendo com Aids em 1989, quando se preparava para fazer a segunda viagem em busca de tratamento nos Estados Unidos. Em 1991, é lançado o álbum póstumo, “Por Aí”.

Os novos fãs do eterno Cazuza

image Antônio Fausto (Ivan Duarte - O Liberal)

O nome artístico bem definia “Cazuza”: expressão nordestina atribuída a “moleque”. Ele era reconhecido por desafiar a tradição da época na vida pessoal e também na arte, seja ao assumir o homossexualismo e a doença, seja nas críticas sociais e na abordagem romântica que, se mantém atualíssimas. Muito mais do que um artista do rock oitentista, Cazuza foi um dos maiores letristas da história da MPB.

O jornalista Antônio Fausto, de 35 anos, cresceu ouvindo Cazuza porque a mãe, Iandira Palmeira, é muito fã dele desde a juventude. Quando Cazuza faleceu, ele tinha apenas 8 anos. “O disco ‘Cazuza e Barão Vermelho’ (Coletânea Melhores Momentos), de capa azul, é uma das minhas primeiras referências de música. Um dos primeiros discos que comprei na vida era da Marina cantando Cazuza. Naquela época, atentei para o grande poeta que o Cazuza é. Eu também tenho disco de tributo da Cassia Eller que acho o máximo, ‘Veneno Anti-Monotonia’”, conta.

“Eu não cheguei a ir em nenhum show dele. Além dos vinis e CDs, tenho a biografia escrita pela mãe dele, Lucinha, ‘Só as mães são felizes’, em que ela menciona o show realizado por ele em Belém, já na reta final da doença, como um show icônico porque ele passou muito mal, a produção pediu para todo mundo sentar e aguardar ele voltar para o palco. Cresci ouvindo histórias do Cazuza”.

Intérprete paraense faz live em tributo a Cazuza

image Danniel Lima (Yan Coimbra - Divulgação)

As músicas de Cazuza permanecem atualíssimas, seja na crítica social ou na poesia sobre as relações humanas abordadas por ele. O cantor paraense Danniel Lima, de 37 anos, apresentou mais de 10 shows com o repertório exclusivo de Cazuza, a partir do ano de 2012, mas com arranjos jazzísticos. “Foi um show muito importante na minha carreira, que caiu no gosto do público, obtive críticas maravilhosas. É um show que sempre me pedem para repetir e costumo fazer isso uma vez por ano”.

Este ano, em razão da pandemia pela Covid-19, ele fará uma live em homenagem aos 30 anos sem Cazuza, no próximo domingo, 12, com transmissão a partir das 17 horas, pelo Instagram @danniellima. “Sou muito fã do Cazuza. Tenho todos os CDs e DVDs dele, incluindo da fase do Barão Vermelho. Sempre quis fazer um show sobre ele. Todo artista quer prestar homenagem aos ídolos que possui. Fico feliz de ter conseguido realizar isso”.

Por muitos anos, Eloi Iglesias, um dos grandes nomes da música paraense, apresentou o show “Só Cazuza”: “Eu fazia esse show sempre na época do aniversário dele, numa homenagem. Comecei a fazer logo que ele faleceu. Percebi que o meu timbre de voz se assemelha ao dele. Ele tem uma poesia mais voltada para a juventude universal, como a dor do amor e a alegria de viver, misturada ao ritmo jovem, que vai se manter ainda por muito tempo”, avalia.

image Foto: Estúdio Tereza & Aryanne ()

Eloi não descarta retomar o show em tributo: “A qualquer momento sacudo a poeira e tiro do guarda-roupa. Não é cover, eu interpreto Cazuza com muito amor e irreverência. Eu adoro fazer esse show, ele é maravilhoso”. “O Cazuza foi uma pessoa que teve uma passagem rápida pelo planeta, mas que deixou um legado imenso”.

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