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Talentos que a Covid-19 levou no Pará

Epaminondas Gustavo é um dos artistas lembrados neste Dia Nacional em Homenagem às Vítimas. Guitarrista Manoel Cordeiro fala do difícil processo de recuperação em relato emocionante.

Enize Vidigal
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Neste Dia Nacional em Homenagem às Vítimas da Covid-19, data definida em razão da primeira morte pela doença registrada no Brasil, O Liberal resgata a memória de Cláudio Rendeiro, o juiz que encarnava o personagem humorístico Epaminondas Gustavo. Outros artistas paraenses que partiram foram a cantora e multi-instrumentista Ana Paula Castro e o DJ Siqueirão da Saudade. Por outro lado, artistas como Nilson Chaves e Manoel Cordeiro conseguiram superar o quadro grave da covid, diante de forte comoção, e retomaram a vida artística para a alegria dos fãs.

“O Cláudio era uma pessoa cheia de sonhos, veio de um lugar muito simples (São Caetano de Odivelas). Ele tinha um sentimento de gratidão pelo que ele se tornou”, recorda o cantor, compositor e humorista Adilson Alcântara, que foi parceiro de espetáculos com Epaminondas por cinco anos. “Ele era hiperativo, inquieto, criava as coisas em cima da hora, sempre querendo inovar”, recorda.

O sucesso de Rendeiro começou de forma anônima, com piadas de áudio imitando o sotaque do caboclo paraense, que viralizaram por Whatsapp. Além de espetáculos, ele lançou livros de piada e de poesia e realizou ações solidárias. “Eu nunca imaginei que isso podia acontecer. Foi inacreditável, rápido, violento, um susto grande. Tenho saudade dos nossos shows, saudade dele. Lamento profundamente porque tínhamos planos para o futuro, fazer programa de televisão, filme... ele ia se aposentar e a gente ia ganhar o Brasil”.

image Ana Paula Castro e DJ Siqueirão tiveram as perdas muito sentidas nos meios do samba e das aparelhagens. (Arquivos pessoais)

Já Ana Paula Castro, possuía uma carreira recente, mas consolidada, comumente vista tocando cavaquinho em shows de samba, como na extinta Casa D’Noca. “A Ana tinha um sorriso enorme, suingue, timbre de voz doce e forte e coração gigantesco, muito talento, muito amor”, recorda o cantor e apresentador Jeff Moraes. “Criamos uma relação de irmandade. A perda dela, até hoje, pra mim, é algo delicado. Muita saudade dela. Quando fico triste, ouço os áudios dela no zap, ela sempre me fazia rir muito. A tristeza fica pra lá, as recordações são felizes”, recorda.

Artistas nacionais

Alguns artistas nacionais que perderam a guerra para a Covid-19 foram o escritor e compositor Aldir Blanc; os músicos Agnaldo Timóteo, Ubirany (um dos fundadores do Fundo de Quintal), Genival Lacerda, Paulo César Santos, o Paulinho (vocalista do Roupa Nova), Ciro Pessoa (um dos fundadores do Titãs) e Parrerito (do Trio Parada Dura); os atores Tarcísio Meira, Paulo Gustavo, Nicette Bruno, Eduardo Galvão, João Acaiabe Caiabe (o “Tio Barnabé”, do Sítio do Pica-pau-amarelo) e Edson Montenegro (o “Buscapé”, de Cidade de Deus).

Superação

“Eu sou um milagre de Deus”, constata o mestre da guitarrada Manoel Cordeiro após sobreviver a 17 dias de intubação, em 2021. O músico foi internado inicialmente em Macapá, onde adoeceu, em novembro de 2021, durante o apagão que levou o caos à cidade. Ele foi transferido de UTI móvel para Belém, ainda intubado, onde se recuperou. “Das 11 pessoas que estavam na UTI (em Belém) comigo, só eu sobrevivi”, conta ele, que teve acesso a essas informações somente depois que acordou do coma.

O artista recebeu alta hospitalar em 22 de dezembro. “Saí de cadeira de rodas, fralda, não comia porque o músculo da garganta estava comprometido, não tinha força para falar, bebia água com algodão. Fui muito bem tratado. A médica hematologista Nayara Guedes não saiu do meu lado desde Macapá. A fonoaudióloga e o fisioterapeuta foram geniais”, recorda o artista.

“Eu não tinha movimento na mão nem para pegar o telefone. Eu ficava apavorado, chorava, achava que não ia tocar mais”, revela. “O pneumologista André Nunes, disse, ao ler os meus exames, que tinha que acreditar em corrente de oração porque o pulmão estava 90% recuperado. Ele me dizia: ‘por quatro vezes achei que você ia morrer’”.

Plenamente recuperado, Manoel Cordeiro voltou a fazer shows e projetos culturais em Belém e São Paulo, inclusive, está finalizando um vídeo-documentário biográfico.

“Um dia, uma moça me parou na rua, em Belém. Ela apertou o meu ombro de repente, me assustei e falou: ‘Eu só quero saber se o senhor está vivo mesmo porque eu rezei muito pelo senhor. Eu perguntei quem ela era, mas ela não disse e saiu correndo. Chorei o resto do dia e mais uma semana...”, revela emocionado. “São coisas que fazem você sentir a presença de Deus. Os caminhos de Deus, são como os caminhos do vento, Ele que sabe”.

 

 

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