CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Público de Belém ouve o canto e histórias de Kleiton & Kledir em duas apresentações

Dupla de irmãos gaúchos retorna à capital do Pará com show que comemora 45 anos de estrada

Eduardo Rocha
fonte

É nos encontros de pessoas entre si e em situações e fatos a todo momento que nascem histórias e canções. E aí, preferencialmente, o que é bom fica guardado no coração para ser relembrado com prazer, sempre em um formato novo, até porque nada se repete. Ao longo de 45 anos de uma carreira marcante na música brasileira, a dupla de irmãos gaúchos Kleiton & Kledir reúne muitas narrativas musicais e temas para boas conversas, os quais eles vêm compartilhar com o público de Belém nesta quarta-feira, a partir das 20h, na Cervejaria Cabôca, e na quinta-feira (24), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, no Centur. O show não poderia ter outro título senão "Histórias e Canções".

Essas histórias e canções têm um começo, como conta Kleiton. “O grupo Almôndegas foi nosso primeiro trabalho profissional, mas por sermos irmãos, a dupla sempre existiu mesmo sem termos nos dado conta disso. A música entrou em nossa vida muito cedo. Juntos, desde criança, sempre desfrutamos de música erudita (comecei com o violino aos 9 anos de idade), folclore gaúcho, MPB, música latina e internacional. Quando gravamos nossos primeiros discos com o Almôndegas nos tornamos profissionais e na sequência, ao formar o duo Kleiton & Kledir, conquistamos o reconhecimento nacional”.  

A trajetória da dupla é contada com detalhes por Kledir. “Se contarmos desde o primeiro LP dos Almôndegas, lançado em 1975, estamos completando 50 anos de carreira. A dupla começa em 1980, então são 45 anos de K&K. Acho que vamos passando de geração em geração pela nossa capacidade de adaptação, tanto no avanço da tecnologia como também pelo entendimento do comportamento humano”, diz.

Foram várias apresentações em Belém, e eles foram “sempre muito bem recebidos” pelo público”, como avalia Kleiton. “Na primeira vez fiquei deslumbrado com a força da natureza dessa terra. Adorei a culinária e fiquei viciado no prato típico pato no tucupi. Também me senti muito bem em relação ao clima, pois nascemos numa cidade muito úmida e quente no verão, Pelotas. Diziam que eu sentiria muito calor em Belém (diferente do Nordeste), mas me senti em casa, pois parecia estar na minha cidade natal. Além disso, usar o ‘tu’ como é no sul e não o ‘você’ também me deixou à vontade para me comunicar com o pessoal dessa terra”.

O último álbum saiu em 2015, o “Com Todas as Letras”, porém a dupla não deixa de produzir, como pontua Kledir. “Estamos sempre inventando alguma coisa, não paramos nem com a pandemia. Naquele período de recolhimento, fizemos lives e até um show festejando 40 anos de carreira, com teatro vazio, nossa banda completa usando máscaras e equipe também, e transmitimos tudo pela TV e internet”. 

“Quando voltaram os shows presenciais, fizemos um espetáculo lindo com a OSPA, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Nesse meio tempo, lançamos ‘Paz e Amor’, um single com o MPB4 e nosso disco todo cantado em espanhol que estava inédito no Brasil e traz a participação super especial de Mercedes Sosa e León Gieco”, prossegue Kledir.

“Lançamos também ‘Casa Ramil - Kleiton, Kledir, Vitor, Ian, Gutcha, Thiago e João Ramil’, o álbum do show que leva pro palco o espírito dos nossos encontros familiares. Nos últimos anos, temos viajado o Brasil inteiro com o show ‘MPB4 e Kleiton & Kledir’ que celebra uma amizade de várias décadas cantando clássicos do nosso cancioneiro. Além disso, reunimos os integrantes originais dos Almôndegas e fizemos alguns shows históricos, que foram gravados e devem ser lançado em álbum em breve. Atualmente estamos viajando com o show ‘Histórias e Canções’, que é esse que a gente traz a Belém e acabamos de estrear um espetáculo inédito dos 3 irmãos, ‘K&K e Vitor Ramil’ “, como detalha Kledir.

Música nas letras

Semelhante ao irmão cantor e compositor Vitor Ramil, os dois têm uma relação forte com a literatura, além do vínculo com a arte da música. “Acredito que isso vem do fato de sermos filhos de educadores. Pais e tios dedicados ao ensino nos legaram o amor pelos livros. Sempre fomos incentivados a ler e ganhamos livros desde muito pequenos, algo que hoje cultuamos com filhos e netos”. 

“Como me disse a Verônica Sabino, querida amiga, escrever livros é meu ‘lado B’, lembrando dos LPs. A música é uma forma de expressão poderosa que nos dá enorme prazer, e prioritária, mas sempre há espaço para explorarmos outras veias criativas. Escrever é uma delas”, salienta Kleiton. Acaba de ser lançado um novo livro dele, "O Vendedor de Alfaces - no estranho mundo de Sogima", considera Kleiton. 

Em Belém

Para falar como vai ser o show em Belém, Kledir especifica: “Eu brinco dizendo ‘bem-vindos ao espetáculo Kleiton & Kledir e a Orquestra Filarmínica de Porto Alegre, a menor orquestra do mundo, composta por apenas um violino, mas executada por um músico de primeira grandeza’.. É um show acústico com violões, vozes e o cuatro venezuelano, uma espécie de ukulele. É um show descontraído que nos permite contar histórias e conversar com o público. A gente adora fazer e o público se diverte até mais do que um show com nossa banda completa”.

O título e o formato desse show têm a ver com o fato de que os dois artistas aprenderam desde muito cedo nos palcos, como diz Kleiton, que conversar com o público na dose certa, entre as músicas apresentadas, valoriza muito um espetáculo. “Já trabalhamos em muitos formatos de shows diferentes e nesse momento, com mais de 40 anos de carreira, percebemos que havia muitas histórias interessantes para dividir com as pessoas que vinham aos teatros nos assistir. Assim nasceu e cresceu o "Histórias e Canções", salienta. 

Como spoiler do show, Kledir narra como surgiram as canções “Deu Pra Ti” e “Paixão”. “ ‘Deu Pra Ti’ é uma canção de exílio, de saudade da nossa terra. Foi feita no Rio de Janeiro e traz uma série de citações de lugares, pessoas e relembranças, como a magia do nosso Paralelo 30. Virou uma espécie de hino informal de Porto Alegre. ‘Paixão’ é uma canção de amor que não define gênero, qualquer pessoa pode cantar pra outra, não importa o sexo. Talvez por isso continue cada vez mais atual e seja nossa música mais regravada através dos anos”.

Amigos paraenses

Como diz Kleiton, a dupla cultiva amizade com artistas paraenses. “Temos muitos amigos artistas do Pará. Fafá de Belém foi uma das primeiras intérpretes brasileiras a gravar músicas nossas ainda antes da dupla existir. Estivemos com Gaby Amarantos em Salvador no show G20 Cultura Salvador, que reuniu autoridades do mundo inteiro. Há pouco encontrei com Jane Duboc em um aeroporto, em viagens de shows pra lá e pra cá, batemos um ótimo papo e colocamos assuntos em dia e estamos sempre em contato com Leila Pinheiro que faz parte de um grupo de queridos amigos com quem nos comunicamos quase diariamente”.

“Além disso, tenho um programa ‘O Sul em cima’(www.osulemcima.com), que acaba de ser premiado em Brasília, como melhor programa de rádio de música do Brasil, onde estou atento para talentos de todo país, e claro, os que vêm do Pará. As portas estão sempre abertas para a música de qualidade”, pontua Kleiton.

Além do show , uma outra notícia é dada por Kledir. “Kleiton e eu estamos em pré produção de um novo álbum de músicas inéditas que será produzido pelo Ian Ramil, nosso sobrinho, filho do Vitor e vencedor de um Grammy Latino. É um disco que pretende reafirmar artisticamente nossa identidade gaúcha contemporânea. O disco vai trazer uma parceria com Ivan Lins, outra com Duca Leindecker e uma com Araceli Matus, neta da nossa querida Mercedes Sosa, com quem vivemos uma história inesquecível, com shows e gravações por alguns países”. Como se vê, as histórias e canções não param de acontecer na vida dessa dupla e na do público. Ainda bem que é assim.

 

Serviço:

Show 'Histórias e Canções', com Kleiton & Kledir

Dia 23 de julho de 2025, a partir das 20h

Na Cervejaria Cabôca, no boulevard Castilhos França, 550

Com abertura de Alexandre Souza

Informações: 091 99252-5336


Dia 24 de julho de 2025. às 20h

No Teatro Margarida Schivasappa, no Centur, 

Na Avenida Gentil Bittencourt, 650, Belém - PA

 

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA