Milhares de pessoas acompanharam o Auto do Círio

Após dois anos sem o espetáculo, o cortejo fez novo trajeto, da Casa das Onze Janelas até a Praça Felipe Patroni.

Enize Vidigal
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Milhares de pessoas compareceram à 28ª edição do Auto do Círio na noite desta sexta-feira, 7, no bairro da Cidade Velha, após dois anos de pandemia. Sob o tema “Agradecer Bendizer Celebrar”, cerca de 300 artistas, incluindo atores, cantores, performistas, dançarinos e pernaltas encantaram o público. O Auto é realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), sob a direção de Tarik Coelho.

O cortejo percorreu trecho do centro histórico fazendo pausas em quatro estações, com saída da Casa das Onze Janelas, por volta das 19h30, onde a apresentação do cantor Jeff Moraes e dos demais artistas se reportou à benção das águas. Os artistas fizeram uma parada em frente à Igreja da Sé, com cenas alusivas ao fogo sagrado da fé.

A diretora cênica do Auto do Círio 2022, Adriana Cruz, apontou que o cortejo reuniu, além dos artistas, algumas representações religiosas de forma ecumênica. “A gente tem tanta gente participando espontaneamente, isso traz uma força pra nós incrível”.

image Sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará foi o ponto alto da programação. (Filipe Bispo/ O Liberal)

 

A próxima parada foi em frente ao Solar Barão do Guajará, onde funciona o Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), onde o assunto das apresentações foi a Mãe-terra e o feminino. A cantora Mariza Black recebeu o público com o “Canto das Três Raças”. Da varanda do segundo andar do imóvel tombado, as cantoras Joelma Klaudia e Gisele Gris emocionaram com “Triste, Louca ou Má”, canção que enaltece a força da mulher, enquanto das janelas do segundo andar do casarão surgiram artistas vestidas de Frida Khalo.

“É um espetáculo popular muito belo e tem um tom especial porque sobrevivemos à pandemia. É eclético e maravilhoso, mesmo sem uma grande produção”, declarou o pesquisador Judah Monteiro, de 22 anos, que assistiu ao Auto pela segunda vez.

Em seguida, foram prestadas homenagens a mulheres que participam do Auto do Círio há muitos anos: Anaísa Virgolino, Cláudia Palheta, Lúcia Uchôa, Dona Rosa, Márcia Pontes, Ana Flávia e Tânia Santos. As homenageadas surgiram nas janelas do solar para dançar. A partida para a última etapa da programação foi embalada por uma bateria de escola de samba.

image Artistas fizeram a apoteose no palco montado em frente ao Fórum de Belém. (Filipe Bispo/ O Liberal)

Já Ana Cláudia Ramos, de 42 anos, que trabalha em restaurante e mora na Cidade Velha, costuma assistir sempre o Auto: “Eu estava com saudade. Gosto de ver toda essa manifestação, essas cores, essas fantasias. Essa forma de homenagear Nossa Senhora de Nazaré é também uma valorização da arte e da cultura”.

A última parada do cortejo foi no palco armado em frente à Praça Filipe Patroni, onde o elemento ar induziu o espetáculo com a apresentação do manto de Nossa Senhora, simbolizando a presença da Virgem de Nazaré durante o cortejo festivo.

Artistas

A jovem Lígia Nunes, de 23 anos, se apresentou na comissão de frente do Auto do Círio, com outros artistas conduzindo um adereço com o manto da santa iluminado. “A gente representa os promesseiros com a fantasia cheia de objetos que se reportam às intenções (promessas). É uma forma de agradecer graças alcançadas”.

image Comissão de frente. (Filipe Bispo/ O Liberal)

O professor e mestrando em Arte, Rafael Andrade, contou que investiu R$ 2.700 para produzir uma fantasia alusiva a Nossa Senhora das Dores e inspirada em um altar, com anjos, velas e muito brilho, além de estampar o sagrado coração de Maria e Jesus crucificado. “Eu que fiz a minha fantasia. Nossa Senhora das Dores me salvou. Ela é tema do meu mestrado. Já fiz essa performance no Vaticano, em Paris e na Itália”, afirmou.

A atriz Eliana Pinheiro, de 49 anos, chamou a atenção no Auto trajada de Nossa Senhora de Nazaré, com direito a manto e coroa e carregando um boneco de representou o menino Jesus. “Interpretar Nazica é (manifestar) união, esperança e solidariedade”. Enquanto Euclides Cunha, de 49 anos, estreou na programação vestido de Plácido. “Estou achando maravilhoso. Estou emocionado. Que Nossa Senhora abençoe todos nós”.

Autoridades

O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, prestigiou a programação: “A Universidade se integra a essa grande festa do Círio de Nazaré trazendo arte e cultura, que são fundamentais especialmente no momento em que vivemos, com os nossos grupos da Escola de Teatro e Dança, da Escola de Música, das Faculdades e do Instituto de Ciências da Arte. Estamos aqui para celebrar essa grande festa paraense, mostrando o trabalho que é feito na universidade com um projeto de extensão e de pesquisa, que valoriza a cultura cultura paraense”.

image Prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho. (Filipe Bispo/ O Liberal)

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, também participou do espetáculo. “São as ciências as artes com o saber popular e a fé do povo se transformando num espetáculo singular. Gente do Brasil e estrangeiros vêm aqui se apaixonar por Belém por conta desse espetáculo”, disse ele, que parabenizou a UFPA e os artistas envolvidos.

Já o presidente da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), Michel Pinho, disse que “o Auto do Círio representa um processo muito importante para a cultura do Pará que é mostrar a relação da cultura, da arte e da fé”.

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