Marinaldo Santos mistura arte e solidariedade em projeto 'Árvore Solidária'

Artista plástico paraense leva alimentos para pessoas necessitadas em momento difícil

Lucas Costa
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Renomado artista paraense, que coleciona exposições pelo país e também internacionais, Marinaldo Santos carrega ainda um traço de solidariedade em sua arte. Esta característica foi aflorada por conta de uma ideia de instalação, surgida cinco anos atrás, quando o artista plástico decidiu usar a frente de sua própria casa para uma intervenção.

A árvore que fica em frente a casa de Marinaldo, na Av. Visconde de Souza Franco, 1395, ganhou cara de obra; mas logo tomou outros rumos, e atualmente é conhecida como “Árvore Solidária”. No local, alimentos como arroz, feijão e macarrão, ficam pendurados aos galhos por sacos, e um aviso convida à solidariedade aqueles que passam por lá. “Pegue o que precisa e deixe para quem precisar”, é o que diz um cartaz próximo a árvore.

O que acabou se tornando uma ação de solidariedade aos longo dos últimos cinco anos, se tornou ainda mais importante no momento atual. Marinaldo relembra como o projeto chegou ao estágio atual. “A internação, na verdade, era fazer uma instalação na árvore. Em um domingo eu estava lá e falei: ‘vou pendurar algumas coisas aqui, de repente vou pegar como suporte para fazer uma instalação, fotografar e ver o que acontece’. Eu fiz de manhã, botei umas coisas, isso foi próximo do Círio, então eu botei maniçoba pré cozida, tapioca, tucupi, coloquei farinha, urucum, coisas que tem aqui na região. Coloquei durante a manhã, e na manhã da segunda-feira eu imaginei que fosse permanecer, só vi que levaram o que tinha na árvore, e isso me deu um estalo: ‘eu não vou colocar isso como instalação’”, relembra o artista.

Ele disse que logo pensou nos trabalhadores de rua, que passam a noite catando lixo reciclável e não sabem quanto de renda terão todos os dias. “Nas minhas andanças, caminhando pela cidade, encontrava muitos deles muitas vezes dormindo debaixo de uma árvore, e veio uma ideia de: ‘não vou fazer mais uma instalação, eu vou colocar esses alimentos para eles'. Comecei a colocar café, arroz, macarrão, essas coisas. Pensando neles, porque muitas vezes eles levam dois ou três dias na rua para conseguir um quilo de lata amassada, e que pudessem passar por aqui e levar isso”, conta o artista.

O projeto então tomou sua missão de responsabilidade social, e os alimentos da árvore permaneceram em rotatividade. “Comecei a fazer isso e começou a ter resultado, realmente as pessoas vieram aqui e começaram a levar os alimentos. Então comecei a pensar que tem pessoas que estão necessitando, principalmente essa moçada que fica durante a noite, que não tem renda fixa, está aqui para arriscar,se vai comer ou não no dia seguinte[...]. Depois disso comecei a colocar roupa e outros objetos de uso”, conta Marinaldo.

De início, os alimentos da árvore eram todos custeados por Marinaldo, até que decidiu pedir ajuda de amigos para somar na ação. “Fiz uma campanha entre meus amigos que me apoiaram, e muitas vezes quando não tive apoio, realmente peguei do meu próprio dinheiro,e fui comprando essas coisas pensando nessas pessoas, e isso foi se estendendo. Depois outras pessoas começaram a participar, porque viram que, de certa forma, era uma classe de trabalhadores, que têm uma importância grande. É o cara que cata o lixo que algumas pessoas jogam nas ruas”, destaca.

Em um projeto estendido como esse, Marinaldo revela que as doações são pouco constantes, e que itens como cestas básicas chegam raramente. “O que eu recebo normalmente é assim: 10 quilos de feijão, 10 quilos de arroz, 10 pacotes de macarrão”, conta.

No momento onde a solidariedade com o próximo é mais importante que nunca, Marinaldo assume a missão de cuidar dos seus, e espera conseguir fazer isso cada vez mais daqui para frente. “De repente eu cerquei uma área que é a que eu moro, e quero cuidar das pessoas que vivem aqui. O flanelinha, o vendedor de bombom, as pessoas que vivem na minha área. Então se realmente posso ajudar, eu ajudo de coração mesmo”, diz

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