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Escritora paraense Márcia Kambeba fala sobre sua literatura e o Dia dos Povos Indígenas

Escritora e poetisa indígena comenta sobre o dia 19 de abril

Sophia Faro
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Neste dia 19 de abril, em alusão ao dia dos Povos Indígenas, a escritora Márcia Wayna Kambeba, finalista do Prêmio Jabuti com o livro infantil “O povo Kambeba e a gota d’água” na categoria ilustração, reflete sobre a importância da data. A escritora tem nove livros publicados e mais cinco chegarão ao mercado neste ano, sendo esses voltados para o público infanto-juvenil.

No ano passado, a escritora participou pela primeira vez do Prêmio Jabuti e foi finalista com o livro “O povo Kambeba e a gota d’água”, que aborda a origem do seu povo. Segundo ela, são inspirações para a sua literatura Daniel Munduruku, Cristino Wapichana e o Coletivo de Mulheres, que foram vencedores do Prêmio Jabuti.  Marcia afirma que tentará concorrer de novo neste ano com os seus dois novos livros.

Márcia começou a conhecer poesia na aldeia Tipuna, localizada em Belém do Solimões, no Amazonas, com a sua avó Assunta Kambeba. A anciã escrevia os poemas e pedia para que Márcia recitasse os versos para os turistas. Como a avó também compunha, tinha que cantar para eles também.

Atualmente, Márcia quer transmitir com as suas obras formas de interligar o mundo, em que a ponte seja o respeito com o outro e o respeito as diferentes identidades. “Ser indígena é uma responsabilidade muito grande, não basta colocar o cocar na cabeça, é preciso sentir o peso do cocar porque ele tem espirito”, demarca a escritora.

Uma pessoa muito importante que fortaleceu essa ida para o meio artístico foi a poeta, compositora e gestora pedagógica Sueli Maria Tourinho de Souza, conhecida como Tia Sueli. "Ela fazia sarau na escola todo fim de mês e assim os alunos podiam participar de recitação de poemas, leitura de textos e entre outros", recorda.

Aos 14 anos, Márcia começou a escrever os seus próprios poemas, mas foi só a partir do mestrado que pôde publicá-los. O primeiro livro, “Ay Kakyri Tama: Eu moro na cidade”, de 2021, reúne poemas que descrevem a sua pesquisa de mestrado.

Ser uma escritora indígena, para Márcia Kambeba, é uma responsabilidade muito grande. "Muitas pessoas vão nos ler e utilizar nossos trabalhos como pesquisa. Um exemplo é o livro “De Almas e águas Kunhãs”, de 2023, que foi utilizado em uma dissertação de mestrado na Universidade Federal do Pará (UFPA). O livro “Ay Kakyri Tama: Eu moro na cidade” é leitura obrigatória na Universidade de Ponta Grossa, em Curitiba", informa.

Além de escritora e poetisa, Márcia é também mãe do Carlos Augusto, Carlinhos Kambeba, um adolescente de 15 anos e autista que teve um livro inspirado nele: "O curumim Wirá e os encantados”, de 2023. A inspiração da história foi a situação escolar do filho. Na narrativa, os personagens Matinta e Curupira representam os professores ou amigos que o ajudam em momentos difíceis.

Sobre as políticas de cultura voltadas aos povos indígenas, a escritora clama por mais editais que valorizem a cultura das etnias em todo o Pará e na Amazônia contemporânea. "São necessários projetos que valorizem as artes dos povos, suas tradições, suas músicas, suas vestimentas", conclui.

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