Artista do Pará leva para Santa Catarina projeto que usa sacolas plásticas na produção de esculturas

Em cada obra, Faeli Moraes usa 600 sacolas plásticas

Caio Oliveira
fonte

Pesquisadores da Coreia do Sul e do Greenpeace constataram a presença de partículas de microplásticos em 90 por cento das amostras coletadas de marcas de sal de cozinha no mundo todo. Em 2050, os oceanos abrigarão mais detritos plásticos do que peixes, segundo o Fórum Econômico Mundial de Davos. Para ajudar a salvar o mundo dessa realidade assustadora, o artista visual Faeli Moraes vem trabalhando há anos em um projeto que une conscientização ambiental, arte e história: ele produz bustos de personalidades históricas usando sacolas plásticas como matéria-prima.

Depois de consolidar sua carreira no Pará, onde trabalhou com grafite, histórias em quadrinhos e em oficinas do Curro velho, Faeli, que migrou para Santa Catarina há dois anos, em busca de expandir seus horizontes como artista. Ele explica que o projeto “sacoLAGEM” vem para transformar resíduos sólidos em arte e cultura e desenvolver um intercâmbio ecocultural entre as regiões, através de ações e construções de exposições de obras em homenagem a pessoas de destaque na política, arte, ciências, esporte, filosofia e outras áreas.

“Lá por 2011, fizemos uma série de intervenções em Belém, com a exposição ‘Vultos do Pará’, em que mostramos para a população o que é possível fazer com o que ia para o lixo. A sacola plástica é o grande vilão do meio ambiente, e eu a transformo em uma eco escultura”, disse o artista. Nesse trabalho feito quando ainda morava em Belém, ele apresentou 15 bustos que reproduziam a história do Estado, desde o fundador da capital paraense, Francisco Caldeira Castelo Branco, até o filósofo Benedito Nunes - passando por nomes como Líbero Luxardo e Mestre Verequete. Em cada obra, foram usadas 600 sacolas plásticas.

Hoje, morando no Sul do Brasil, na cidade de São José - região metropolitana de Florianópolis - Faeli adaptou o projeto para o Estado onde se estabeleceu. “Eu já construí aqui dois eco-bustos: o primeiro foi de Zininho, autor do hino de Florianópolis e que foi entregue ano retrasado, quando ele faria 90 anos de nascimento, entregue em cerimônia com o prefeito Gean Loureiro. Ano passado, fizemos o busto de Cruz e Sousa, poeta de Santa Catarina”, explica Faeli, que diz que pretende construir treze desses bustos da história do estado sulista e, para isso, usará mais de sete mil sacolas plásticas.

Faeli conta que, ao sair de um lugar onde já tinha uma carreira estabelecida para tentar a vida em outra região do Brasil, ele busca divulgar a arte que vem da Amazônia. “Eu morei no Rio e passei por Brasília. Quando eu morei no Rio, eu percebi que já tinha uma boa história na arte em Belém, e quando se chega em outra praça, e fala que você é do Pará,  percebe que não se tem conhecimento do nosso Estado. A proposta então é trazer essa exposição para cá, começando por Santa Catarina, e posteriormente, fazer esse intercâmbio com o Rio, São Paulo e Minas Gerais. [...] Eu penso muito em divulgar a Amazônia, pois eu estou passando na pele desse despertencimento”, encerra o artista.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA