Abaetetuba ganha as cores do artesanato feito de miriti

A 16ª edição do evento expõe a produção dos artesãos e terá ainda gastronomia e programação musical

Ana Carolina Matos
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As fortes cores e diversos tamanhos dos já conhecidos brinquedos de miriti - uma palmeira típica da região de várzea - tomam conta da cidade de Abaetetuba, no nordeste paraense. As peças se tornaram patrimônio cultural do Pará e renderam o título de capital mundial do brinquedo de miriti ao município, que recebe a 16ª edição do Festival do Miriti.

Na programação, os artesãos têm a possibilidade de mostrar para o público um pouco da criatividade empregada no trabalho realizado ao longo do ano. Além do artesanato típico em exposição e outros produtos, a iniciativa conta ainda com atrações musicais, um espaço gastronômico com comidas típicas da região e o tradicional Desfile da Garota Miriti.

O festival tem início nesta sexta-feira, 31, a partir das 6h da manhã, e segue até 2 de junho na praça Francisco de Azevedo Monteiro, conhecida como Praça da Bandeira.

Um dos expositores que estarão na feira, José Roberto Ferreira, o Mestre Beto, de 44 anos, reivindica o título de pioneirismo para a família no trabalho com a palmeira. "Minha família é uma das pioneiras do miriti do Abateté. Tem 74 anos nessa profissão. São 26 anos fazendo brinquedo. Aprendi com meu pai a fazer. Tem 15 anos que faleceu mas continuei fazendo. Eu e minhas duas irmãs", conta ele, que destaca que trabalha em núcleo familiar de três pessoas, o que sobe para dez ou doze pessoas durante a época do Círio por causa do aumento da produção.

Para ele, a parte preferida é trabalhar com miniaturas, que dão a possibilidade de criação de diversos produtos. Mestre Beto conta que a parceria e trabalho em equipe é essencial para o sucesso da produção, que também conta com a ajuda dos dois filhos do artesão. "Meu filho de 17 anos faz cursinho mas me ajuda sempre que pode. Assim como minha filha. No nosso núcleo um pinta, outro lixa, outro cola e assim por diante. É uma coisa que começou com o tio do meu pai e é por isso que temos todos esses anos de atividade", conta.

Artesão profissional há 26 anos, Josias Plácido - o Mestre Pirias, como é reconhecido no meio e prefere ser chamado - participa como expositor do festival desde a primeira edição, há 16 anos. Para ele, que tem 48 anos e um contato com o artesanato de miriti desde os sete anos de idade, o evento é importante para divulgar o tradicional trabalho.

"Participo desde o início e, pra mim, o festival é uma vitrine pro nosso trabalho do miriti. Eu vivencio essa atividade desde o meus 7 anos, mas, profissionalmente, tenho 26 anos de trabalho, de 1993 pra cá. Aprendi o ofício com o meu tio, então é algo de família mesmo", destaca ele.

Com a evolução do trabalho, Mestre Pirias atualmente conta com uma espécie de eixo produtivo que envolve mais quatro pessoas no trabalho. "Eu tenho um núcleo de produção de miriti na Amazônia, então agora, pra dizer a verdade, eu mais ensino do que fico na produção", conta o artesão, orgulhoso.

"Eu produzo, sim, mas hoje eu passo mais tempo gerenciando do que produzindo. Ministro oficinas e formo núcleos nas comunidades interessadas aí terceirizo a produção", acrescenta. Dentre o artesanato produzido pelo grupo, há até uma especialidade. "O nosso trabalho foca mais em pássaros. A gente faz um pouco de tudo, mas é o pássaro que é nossa especialidade", revela o mestre.

image O Miritifest movimenta a economia da cidade (Divulgação)

Evento atrai turistas e gera renda

Além da apresentação de grupos como Forró do Bacana, Vingadores do Abrigo, Pérola Negra, grupo Pagode Pra Namorar e outros, o festival gastronômico traz comidas à base do fruto da palmeira, o buriti, entre outras delícias da culinária regional. A expectativa é que a cidade receba 200 mil visitantes, o que promete gerar 100 empregos diretos e 500 indiretos, de acordo com a estimativa dos organizadores. Além disso, é esperado que o evento injete R$ 200 mil na cidade.

O evento é realizado pela prefeitura municipal de Abaetetuba e Sebrae. Segundo o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, a festividade instiga o reconhecimento da importância do trabalho manual feito pelos artesãos. "O festival se consolidou como um grande evento de valorização do artesanato de miriti e dos artesãos, que usam seus talentos para empreender. Por isso, o Sebrae apoia essa iniciativa, como parceiro estratégico da prefeitura em sua realização”, destaca.

De acordo com o diretor, a instituição tem compromisso com os artesãos e é uma das responsáveis pela qualificação e diversificação das peças desde 2000. Atualmente, o Sebrae investe em abertura de mercado para o artesanato, a exemplo do festival, a Feira de Artesanato do Círio, que ocorre em Belém, em outubro.

Agende-se:
16ª edição do Festival do Miriti
Data:  de 31 de maio a 2 de junho
Local: Praça Francisco de Azevedo Monteiro (Praça da Bandeira), em Abaetetuba
Entrada franca

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