O que bruxas têm a ver com cerveja? História revela relação curiosa entre a bebida e o Halloween

Mulheres que faziam cerveja foram perseguidas e associadas à bruxaria durante a Idade Média; entenda

Hannah Franco
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Chapéus pontudos, caldeirões, vassouras e... cerveja? Pode parecer estranho colocar a bebida entre os símbolos clássicos de Halloween, mas existe uma explicação. O visual clássico das bruxas que conhecemos hoje tem raízes em uma atividade comum na Idade Média: a fabricação de cerveja.

Muito antes da cerveja ser dominada por grandes marcas e mestres-cervejeiros homens, eram as mulheres que comandavam a produção da bebida. E foi justamente esse protagonismo que, com o tempo, se tornou alvo de perseguição. Conheça a relação histórica entre bruxas e cervejas.

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A cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais antigas da história e, por muito tempo, foi feita quase exclusivamente por mulheres. Em civilizações antigas como os sumérios, egípcios e vikings, elas preparavam a bebida para a família, rituais religiosos e até para venda.

Na cultura suméria, inclusive, existia a deusa da cerveja, Ninkasi, protetora das cervejeiras. Ou seja: não só faziam a bebida, como também eram respeitadas por isso.

O surgimento das "bruxas cervejeiras"

Durante a Idade Média, especialmente entre os séculos XII e XVI, era comum encontrar mulheres — conhecidas como alewives — vendendo cerveja em mercados europeus. Para se destacarem nas feiras, elas usavam chapéus altos e pontudos, o que facilitava a identificação pelos clientes. Produziam a bebida em grandes caldeirões e deixavam uma vassoura na porta para sinalizar que a cerveja estava pronta para venda.

Segundo um artigo publicado do The Conversation, da professora Laken Brooks, esses elementos acabaram sendo associados à imagem clássica das bruxas que conhecemos hoje.

Além disso, a primeira pessoa a registrar o uso do lúpulo na produção da cerveja também foi uma mulher: a freira alemã Hildegard von Bingen. No século XII, ela escreveu sobre as propriedades medicinais do lúpulo no livro Liber Subtilitatum Diversarum Naturarum Creaturarum (Livro das Propriedades ou Sutilezas das Várias Criaturas da Natureza).

O ingrediente é responsável pelo aroma e pelo amargor característicos, além de ajudar a conservar a bebida, evitando a proliferação de bactérias e melhorando a qualidade da espuma.

Quando a cerveja virou motivo de perseguição

A partir do século XIV, com o avanço da Inquisição e o fortalecimento do controle religioso e patriarcal, muitas dessas mulheres passaram a ser vistas com desconfiança. O sucesso financeiro de algumas alewives incomodava os comerciantes homens, que passaram a acusá-las de feitiçaria, alegando que usavam seus caldeirões não para preparar cerveja, mas sim poções mágicas.

Essas acusações, em muitos casos infundadas, resultaram em perseguições, prisões e até execuções. Produzir cerveja passou de uma prática valorizada a uma ameaça à ordem social da época, principalmente quando feita por mulheres viúvas ou solteiras. Além disso, o crescimento da indústria cervejeira masculina viu nas acusações de bruxaria uma forma de eliminar concorrência.

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