Novo texto da COP 30 preocupa especialistas por ausência de metas fortes

Na manhã desta sexta-feira (21), em coletiva de imprensa, o meteorologista e pesquisador de clima e meio ambiente, Carlos Nobre, elogiou a iniciativa de um pavilhão voltado a ciência dentro da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) e demonstra preocupação com a reta final. Ele enfatiza que o cientista que ocuparam o pavilhão das ciências planetárias atuaram desde o início do encontro climático, contribuindo com relatórios e indicativos das soluções mais urgentes a respeito da agenda climática.

Um dos relatórios desenvolvidos pelos cientistas foi entregue diretamente ao presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), durante o seu retorno a conferência, para lidar com o entrave das negociações. No documento, os pesquisadores apelaram para que o chefe do executivo intermediasse com os países para que aderissem a alguns pontos essenciais, entre eles, a transição energética urgente e o desmatamento zero.

“Nós preparamos declarações e apresentamos a todos os negociadores, dizendo que um aspecto muito importante é zerar completamente o desmatamento e criar global e rapidamente, projetos de restauração ambiental”, afirma Nobre.

Ele faz menção ao novo rascunho apresentado nesta manhã, que traz referências ao combate do desmatamento, porém, alerta a ausência de metas mais ambiciosas sobre ações efetivas nesse tema e na desaceleração do uso de combustíveis fósseis. No que se refere ao desmatamento, sua indicação é de que devemos zerá-lo “idealmente até 2040” ou no máximo em 2045.

“Nós temos que torcer muito que agora, entre hoje, que é o último dia, ou até amanhã, devido ao incêndio que ocorreu ontem, que apareça essa meta de todos os países de acelerar muito rapidamente as ações para zerar o desmatamento e o uso dos combustíveis fósseis”, afirma o pesquisador.

Assim como Nobre, a diretora-executiva da Iniciativa de Advogados Climáticos da América Latina para Mobilizar Ação (Laclima, na sigla em inglês), também realizou o seu balanço das negociações e da nova proposta de carta final. Ela destaca ainda o retorno das negociações nesta sexta-feira (21), após o incêndio na Zona Azul, que ocorreu na tarde de quinta-feira (20) e paralisou as atividades por seis horas. As agendas já voltam com peso, a exemplo das votações em torno de temas mais sensíveis e também dos demais, que avançavam com certa fluidez.

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Rocha acredita que as atividades se estende até amanhã, sábado (22), quando devem ser pautados de fato os temas mais tensos na agenda do evento, como transição justa e mitigação de impactos ambientais. Ela não nega que o acidente de ontem impactou negativamente no tempo que as delegações possuíam para negociar, mas prefere se atentar as demonstrações de esforços, com reuniões levadas até tarde da noite, para avançar no acordo final.

“Obviamente que isso não ajudou, porém, o que foi feito, foi um esforço com esse tempo a mais que foi dado, que a gente teve, para a negociação. Então a gente viu partes se engajando e negociando com o texto até ontem, altas horas da noite, em reuniões de Zoom, aqui mesmo na Blue Zone, enquanto as pessoas estavam evacuando. Então, a nossa expectativa é que os textos todos fechem amanhã”, avalia Rocha.