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Disputas, transição energética e barreiras comerciais marcam impasse entre países na COP 30

Disputa entre Norte e Sul globais, resistência de países petroleiros e ausência dos EUA dificultam avanços nos acordos climáticos em Belém

Jéssica Nascimento
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As discussões mais acaloradas da 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorre pela primeira vez em uma cidade amazônica, giram em torno de dois pontos principais: o financiamento climático e a transição energética. A avaliação é do doutor em Relações Internacionais, Mário Tito, que aponta que o impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento tem impedido o fechamento de compromissos mais ambiciosos.

 “A necessidade de aporte é de 1,3 trilhão de dólares para que todos os países consigam evoluir socioeconomicamente mitigando os impactos ambientais. Mas os países do norte global não têm essa disponibilidade e não pretendem oferecer esse financiamento”, afirma.

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Segundo o especialista, os países desenvolvidos já alcançaram níveis elevados de desenvolvimento, muitas vezes à custa de danos ambientais, e agora evitam financiar o avanço de nações em desenvolvimento.“Alguns fundos e agências preferem ofertar crédito, mesmo que a juros baixos, em vez de transferência direta. Isso mantém os países do sul global na condição de devedores”, critica Tito. Esse embate, diz ele, está nos bastidores da COP e contribui para a lentidão nas negociações.

A transição do uso de combustíveis fósseis para energias renováveis é outro ponto de resistência. Países africanos têm argumentado que necessitam de mais prazo para adequação e querem debater o tema com mais profundidade somente em 2027, na Etiópia. “Alguns países precisam reorganizar a economia interna antes de assumir compromissos mais rígidos”, explica. Entre os maiores resistentes estão os países árabes, produtores de petróleo. “Eles defendem que a transição energética seja mais lenta para não prejudicar suas economias”, detalha Tito.

Outro fator de tensão é a proposta europeia de exigir que produtos importados atendam a padrões ambientais rigorosos.“A crítica é que isso criaria uma nova barreira comercial, favorecendo os países desenvolvidos e prejudicando os menos desenvolvidos”, aponta. Na prática, segundo o analista, essas medidas podem limitar a competitividade de países emergentes.

A posição do governo Donald Trump, marcada por negacionismo climático e valorização de combustíveis fósseis, também afeta diretamente as negociações. “A ausência dos Estados Unidos gera uma lacuna no debate sobre financiamento e transição energética. Ainda que abra uma janela para protagonismo da China e da Rússia, demonstra contradição da maior economia do mundo em relação à COP 30”, avalia Tito.

Impasses em evidência na COP 30

• Países desenvolvidos relutam em financiar ações climáticas;

• Proposta de crédito coloca emergentes como devedores;

• Resistência à transição energética por parte de africanos e árabes;

•  União Europeia avança com barreiras ambientais no comércio;

• EUA ausentes, China e BRICS em potencial ascensão.

 

 

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