Desfile marajoara encerra En-Zone e celebra o empreendedorismo na COP 30
O evento celebrou a economia circular, a ancestralidade e a força criativa do Marajó
Um desfile de moda que valoriza as belezas da Amazônia, com destaque para referências marajoaras, marcou o encerramento da A En-Zone (Zona Empreendedora) na noite desta sexta-feira (21), em Belém. Intitulado “En-Zone COP 30: Biomas em Movimento”, o evento celebrou a economia circular, a ancestralidade e a força criativa do Marajó, reunindo empreendedores, artistas, designers e visitantes de diversos países durante a COP 30.
O desfile foi embalado pelo grupo de carimbó Tambores do Pacoval e teve apresentação de Júlia Passos. No palco principal do evento, a animação do público ficou por conta da Banda Sayonara, que completou a celebração com música e dança.
O espaço da En-Zone, montado no estacionamento do Porto Futuro I, ficou lotado. Além de acompanhar o desfile, o público pôde circular pelos estandes, conhecer projetos de inovação, dialogar com empreendedores e estimular o negócio local adquirindo produtos de diferentes marcas amazônicas.
Entre as protagonistas da noite estava a costureira Glauciane Lima, de Soure, na ilha do Marajó. Integrante de um coletivo de 60 mulheres, ela destacou o impacto do projeto que impulsionou a moda marajoara para além da ilha.
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“Eu, juntamente com 60 mulheres marajoaras, faço parte desse projeto que tem o intuito de levar a moda marajoara para além do Marajó, a moda genuinamente marajoara produzida pelas mãos de mulheres marajoaras, bordadeiras, e a partir de então, a partir desse projeto a gente resolveu empreender através da moda, por meio da moda”, declarou.
Ela lembrou que cerca de dez marcas presentes na passarela nasceram do projeto. “Hoje vai passar aqui nessa passarela mais ou menos dez marcas. Então, a gente vai ter a oportunidade de mostrar um pouco da nossa cultura, um pouco do nosso amor pela nossa terra através da moda”, destacou.
Glauciane ressaltou ainda que suas peças seguem o grafismo tradicional do Marajó. “A minha produção é toda voltada para o grafismo, que foram feitos através do ponto cruz, por bordadeiras genuinamente marajoara, que é fundamental a gente falar sobre isso”, falou.
Ela também destacou a disputa por espaço no mercado da moda marajoara. “Somos marajoaras, as nossas roupas são produzidas no Marajó, é fundamental a gente falar isso, porque hoje a gente já tem muitas estilistas, muitos empresários que foram na onda da moda marajoara e a gente está tentando buscar o nosso espaço nesse mundo. O que está sendo um pouco mais difícil, então nós viemos aqui mostrar a nossa arte, a nossa moda, o nosso trabalho aqui na COP 30, com esse intuito de mostrar para o mundo a nossa cultura”, defendeu a costureira.
Outra voz importante da noite foi a da modelo Luiza Chedieck, que desfilou para duas marcas. “Desfilei para a Canynbó e para a Amazônia Zen”, contou. Ela destacou o look favorito. “O que mais amei foi o corset de couro de pirarucu. Simplesmente lindo e mais regional impossível. Chiquérrimo”, enalteceu.
Para Luiza, o desfile representa um marco para a moda nortista. “Eu acho que é um momento muito importante a gente ver a nossa moda nortista representada tão bem em uma passarela, tanto pelos modelos quanto pelos looks, que ambos são muito diversos”, observou.
A diversidade nos bastidores também chamou sua atenção. “Eu acho que a diversidade dos modelos era algo que me impressionava muito. Pessoas de comunidades tradicionais, pessoas indígenas, pessoas não-brancas, pessoas brancas, pessoas pretas, pessoas negras... é muito legal ver a nossa variedade efetivamente representada, tanto por quem produz quanto por quem desfila”, declarou.
Para ela, essa representatividade é um ato identitário e político. “Eu acho que isso é revolucionário, porque a gente tem muito orgulho de quem a gente é, aqui no Pará e aqui no Norte. E vestir também as nossas peças é mais um motivo para a gente se orgulhar”, celebrou.
Ecossistema empreendedor
Ao avaliar o impacto da En-Zone, o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, reforçou que a conferência gerou transformação no ecossistema empreendedor. “Nós tivemos 91 países que transitaram em nossos espaços. Nós tivemos mais de 100 mil pessoas que circularam e que fizeram essa grande festa acontecer. Dessa forma, a gente tem certeza que o principal legado é a mudança na cabeça dos empreendedores, das pessoas que moram em Belém, sabendo e tendo certeza que nós somos capazes de sediar projetos tão grandiosos como a COP”, disse ele.
Rubens destacou que a En-Zone pavimentou o caminho para maior participação de empreendedores em futuras conferências climáticas. “Discutimos muito sobre sustentabilidade e, principalmente, criar uma zona do empreendedorismo foi um passo importante para que, nas próximas conferências, também empreendedores dos outros países tenham a capacidade de dialogar, tenham a capacidade de falar e, principalmente, demonstrar as suas forças dentro desse país, como foi o que nós conseguimos fazer na En-zone e em todas as ativações que o Sebrae se fez presente aqui nessa COP”, destacou.
Ele encerrou com um convite direto a quem deseja empreender ou fortalecer o próprio negócio. “E você, que já é empreendedor ou que não é empreendedor e quer empreender, você que está deixando de ser empreendedor e precisa de um ânimo, seja o estágio que você estiver, vem para o Sebrae que nós temos condição de te ajudar a ser forte, a te colocar em outros mercados, a abrir possibilidades de novos negócios, de fazer com que você seja forte. Esse é o nosso papel”, assegurou.
Rubens reforçou que o Sebrae permanece disponível para orientar, capacitar e apoiar negócios de todos os portes e setores. Os interessados podem acessar www.pa.sebrae.com.br ou seguir o perfil @sebrae.pa nas redes sociais.
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