Cúpula do Clima começa em Belém como marco central de mobilização e diálogo sobre a crise climática

A abertura do evento ocorre na zona Azul, no Parque da Cidade, área restrita a autoridades e pessoas credenciadas

Madson Sousa / Especial para O Liberal
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Líderes de diversos países se reúnem, em Belém, na Cúpula do Clima, até a próxima sexta-feira, 7, no evento que antecede a abertura da 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para a próxima semana. O financiamento e a preservação de florestas tropicais, como a Amazônia, devem ser os temas centrais das discussões dos chefes de estado.

Durante a Cúpula do Clima, o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, vai lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que vai unir países e investidores em projetos de proteção ambiental. O objetivo é arrecadar R$ 125 bilhões no mercado a juros reduzidos como um ativo de baixo risco. Países que preservam suas florestas tropicais serão recompensados financeiramente por meio do fundo. 

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“Nós não queremos que a COP continue sendo uma feira de produtos ideológicos. Nós queremos que as coisas que nós decidimos possam ser implementadas”, afirmou Lula em Belém, durante entrevista com jornalistas estrangeiros. Ainda durante a Cúpula, serão realizadas reuniões gerais e sessões temáticas com foco em: Clima e Natureza; Transição Energética; e nos dez anos do Acordo de Paris.

A abertura do evento ocorre na zona Azul, no Parque da Cidade, área restrita a autoridades e pessoas credenciadas a partir das 10h30, seguindo até às 17h30. As autoridades presentes encerram o primeiro dia de evento com uma foto oficial às 18h. Já na sexta-feira, 7, os líderes voltam a se reunir a partir das 10h30 com reuniões se estendendo até às 18h. 

Apesar da proximidade com a COP 30, a Cúpula do Clima têm características diferentes. Enquanto a Cúpula é um encontro político que não tem caráter deliberativo e serve para firmar compromissos e diálogos, a COP é um encontro entre os países signatários da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem poder de tomar decisões sobre o futuro climático, negociar acordos, definir ações futuras e abrange a sociedade civil, cientistas e líderes globais.

O diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas Jr, acredita que o momento dá mais visibilidade às ações desenvolvidas no espaço e reforça o papel estratégico da ciência no enfrentamento às emergências climáticas. “O Museu Goeldi vem num exponencial de abertura diferente para a comunidade e isso tem transitado por linhas de atuação, como a relação entre ciência, arte e cultura, além da nossa produção científica, da nossa capacidade de desenvolvimento de pesquisas e de introdução de novas tecnologias em mercados com o componente de inovação, que chamam a atenção, nos dão visibilidade e mostrar nossa importância estratégica.”

O governo brasileiro havia confirmado na semana passada a participação de 143 delegações, sendo 57 encabeçadas por chefes de Estado e de governo, além de 39 ministros e representantes de diversas organizações internacionais na Cúpula do Clima. A expectativa é que o resultado dos dois dias de trabalhos ocorra a Declaração de Lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), o Apelo à Ação sobre Gestão Integrada de Incêndios, o Compromisso de Belém sobre Combustíveis Sustentáveis e a Declaração sobre Fome, Pobreza e Ação Climática.

A diretora executiva do Engajamundo, Larissa Pinto Marques, defende que as discussões saem do papel e coloquem em prática as medidas para melhorar a vida das pessoas, sobretudo, de Belém que já sente os efeitos das mudanças climáticas.

“Que as nações elas consigam se organizar e se comprometer com o avanço da agenda de clima principalmente quando a gente tá vendo uma piora nessa crise e a forma como ela tá afetando as pessoas no dia a dia. Para alguns não é uma percepção imediata, mas são formas e mecanismos institucionais que existem para que de alguma forma essa agenda que é tão importante ela seja pautada. Então eu acho que esse evento acontecendo na cidade de Belém marca um ponto de virada também porque traz esses tomadores de decisão para um ponto focal, um epicentro por assim dizer que pulsa a agenda de clima. Belém necessita de adaptação climática seja a gente pensando o processo de financiamento ou então as obras que foram resultado da COP 30.”

image Até o volume de chuvas na cidade tem mudado ao longo dos anos (Bruno Cecim / Ag. Pará)

Um dos indicadores dos efeitos das mudanças climáticas em Belém é o aumento da temperatura média da cidade nos últimos anos. Nos últimos 50 anos, a temperatura máxima na capital paraense já subiu 1,9°C, acima do limite de 1,5°C estabelecido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) como um ponto crítico para o planeta. O dado faz parte de uma pesquisa conduzida pelo doutor em desenvolvimento socioambiental Júlio Cezar Patrício, que analisou as temperaturas máximas registradas em Belém de 1970 a 2023, a partir dos históricos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

Até o volume de chuvas na cidade tem mudado ao longo dos anos. No mês de janeiro de 2025, por exemplo, o total de chuvas em Belém foi 417.0 mm, um volume que representa 106% da média climatológica para o período. 

Para a professora e pesquisadora Marcela Vecchione Gonçalves, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), os temas debatidos na Cúpula e na COP 30 estão presentes no dia a dia das pessoas como no aumento da temperatura que impacta a saúde, no trabalho de ambulantes, na alimentação e nos preços de produtos. “O que eles decidem só faz sentido se for colocado em prática em forma de políticas públicas”, defende.

Ainda segundo a professora, o aumento da temperatura da terra está relacionado à degradação do uso do solo e ao desmatamento. “A esperança que na reunião com os líderes, coisas importantes já sejam negociadas de início. Que isso seja revertido em compromissos. No Brasil isso tem a ver com o plano de clima para ser implementado até 2035.”

O Plano Clima define as metas de mitigação e adaptação do Brasil para 2035 sob o Acordo de Paris. O compromisso estabelece a redução de 59% a 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa do país em 2035, na comparação aos níveis de 2005. Isso equivale, em termos absolutos, a um corte de emissões para alcançar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente no ano de 2035.

Confira a programação completa da Cúpula do Clima: 

Quinta-feira, 6 de novembro

07:00 – 10:00

Chegada dos Líderes à Zona Azul

Recepção pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

10:30 – 17:30

Abertura da Plenária Geral dos Líderes

Ao longo do dia, os chefes de delegação farão uso do púlpito do Salão Plenário para proferir seus discursos formais sobre clima.

Local: Salão Plenário

13:00 – 14:30

Almoço – Fundo de Florestas Tropicais (TFFF)

Oferecido pelo Presidente da República a líderes de países florestais tropicais e de países que se comprometem a investir no TFFF. Os líderes serão convidados para a foto de família do Fundo de Florestas Tropicais Para Sempre.

Local: Mesa Redonda de Líderes

16:00 – 18:00

Sessão temática 1 – Clima e Natureza: Florestas e Oceanos 

Local: Mesa Redonda de Líderes

18:15 – 18:30: Foto de Família

18:30 – 20:00

Coquetel Amazônico oferecido pelo Presidente Lula aos Chefes de Delegação

Sexta-feira, 7 de novembro

08:00 – 10:00: Chegada dos Líderes à Zona Azul

10:00 – 10:30: Foto de Família

10:30 – 18:00

Continuação da Plenária Geral dos Líderes

Ao longo do dia, os chefes de delegação farão uso do púlpito do Salão Plenário para proferir seus discursos formais sobre clima.

Local: Salão Plenário

11:00 – 13:00

Sessão Temática 2 – Transição Energética

Local: Mesa Redonda de Líderes

16:00 – 18:10

Sessão Temática 3 – 10 anos do Acordo de Paris: Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e Financiamento

Local: Mesa Redonda de Líderes

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