COP 30: o que já mudou e o que ainda falta avançar na Amazônia?
COP 30 reposiciona Belém como fronteira sustentável, aponta economista, mas desafios de financiamento persistem
A realização da 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém, primeira cidade amazônica a sediar a conferência climática da ONU, já apresenta impactos econômicos concretos.
Para o economista André Cutrim, o principal avanço foi o reposicionamento da Amazônia como ativo estratégico, capaz de atrair investimentos voltados para a economia verde."A COP em Belém ajudou a consolidar a região como espaço decisivo para novos mercados de carbono, bioeconomia, tecnologias de monitoramento ambiental, economia florestal, turismo sustentável e cadeias produtivas de baixo impacto", afirma.
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Segundo ele, empresas, governos e organismos internacionais passaram a enxergar a Amazônia não apenas como área de preservação, mas como uma nova fronteira econômica baseada em inovação e sustentabilidade."A Amazônia deixou de ser vista somente sob a ótica da conservação e passou a ser reconhecida como potencial produtivo, capaz de gerar riqueza com uso responsável dos seus recursos naturais", completa.
O segundo impacto destacado por Cutrim diz respeito à movimentação direta na economia local. A chegada de delegações internacionais, jornalistas, equipes técnicas e turistas impulsionou setores como hospedagem, alimentação, transporte, eventos e comércio. "Esse movimento ampliou a arrecadação, estimulou novos negócios e impactou setores tradicionalmente menos favorecidos da economia local", explica.
Ele aponta ainda que o evento abriu portas para empreendedores amazônicos dialogarem com o mercado global. "A COP gerou oportunidades para que nossos empreendedores apresentassem produtos, serviços e projetos a mercados internacionais", diz.
Apesar dos resultados positivos, o economista alerta que o próximo passo é garantir a continuidade dos ganhos. Ele ressalta que sem políticas estruturantes e investimentos permanentes, os efeitos econômicos da COP podem ser temporários. "Belém e a Amazônia precisam consolidar uma estratégia de longo prazo para transformar o impulso econômico da COP em investimentos contínuos em bioeconomia, inovação ambiental, cadeias produtivas regionais e formação de mão de obra qualificada", afirma.
Cutrim avalia que o evento contribuiu para fortalecer um arcabouço institucional e regulatório que pode viabilizar a transição climática global. No entanto, destaca que o financiamento ainda é insuficiente. "A COP 30 estabeleceu as bases e as regras do jogo, mas ainda não assegurou os recursos, o ritmo e a equidade necessários para que a economia global cumpra os limites climáticos do século XXI", conclui.
Principais conclusões econômicas da COP 30 em Belém
• Amazônia reposicionada como ativo estratégico global;
• Impulso econômico imediato com delegações e turistas;
• Abertura de mercados para negócios amazônicos;
• Necessidade de políticas permanentes e financiamento estável;
• Bases da transição climática reforçadas, mas execução ainda incerta.
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