Negociação de R$ 6,8 trilhão em financiamento climático começa na COP 30 em Belém
Mapa do Caminho de Baku a Belém estabelece diretrizes para recursos climáticos em nações em desenvolvimento
Representantes de governos, instituições financeiras e sociedade civil iniciaram as primeiras negociações para viabilizar a mobilização de US$ 1,3 trilhão (o equivalente a mais de R$ 6,8 trilhão) em financiamento climático até 2035, conforme previsto no Mapa do Caminho de Baku a Belém. O encontro ocorreu no sábado (15), na Zona Azul da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), e marcou a abertura das discussões sobre a execução do plano elaborado conjuntamente pelas presidências da COP 29 e da COP 30. Durante a reunião, países desenvolvidos e em desenvolvimento, além de bancos de desenvolvimento, investidores e organizações do terceiro setor, apresentaram sugestões para tirar o projeto do papel. O documento estabelece diretrizes e metas para ampliar o acesso a recursos climáticos destinados às nações em desenvolvimento.
O presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou estar confiante no avanço das negociações. “Vamos continuar trabalhando para tornar os US$ 1,3 trilhão uma realidade”, declarou. Ele destacou ainda que o plano recebeu mais de 200 contribuições de governos, especialistas, setor financeiro, academia e sociedade civil, entre elas, o relatório do Círculo de Ministros de Finanças da COP 30, coordenado pelo ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad.
Organização do financiamento: por que o Mapa é necessário
A CEO da COP 30, Ana Toni, reforçou que os recursos necessários para impulsionar a ação climática já existem, mas ainda não são canalizados de forma eficiente. “O que falta é redirecionar esses valores na escala e velocidade que a crise climática exige. O Mapa do Caminho busca justamente organizar um sistema de financiamento que seja previsível, acessível e justo”, afirmou. Para ela, a convergência de iniciativas globais, como Bridgetown, 4P, Finance in Common, a Cúpula Africana do Clima e a TF-CLIMA do G20, evidencia um esforço internacional de reforma das estruturas financeiras.
VEJA MAIS
Resultados concretos: o desafio da implementação
O secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU para o Clima (UNFCCC), Simon Stiell, reconheceu que a meta trilionária é desafiadora, mas possível. Ele lembrou que os danos provocados pelo furacão Melissa na América Central demonstram o alto custo da falta de preparo. “Cada centavo aplicado em prevenção é economia futura. Precisamos deixar as ideias e avançar para resultados concretos”, afirmou.
Responsável pelos temas de financiamento na Presidência da COP 30, Luiz de Andrade Filho disse observar boa disposição entre as Partes do Acordo de Paris para implementar o Mapa do Caminho. Já Elmaddin Mehdiyev, representante da Presidência da COP 29, destacou que a próxima etapa será detalhar ações para transformar as diretrizes em medidas práticas.
Participaram do encontro representantes de governos da França, Japão, Quênia, Noruega, China, Canadá, Reino Unido e União Europeia, entre outros.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA