Com pesquisas, Amazônia pode ser considerada 'farmácia natural'

O Instituto Tecnológico Vale (ITV), em Belém, realiza pesquisas para aprimorar o conhecimento sobre o Jaborandi e conciliar a conservação dessa planta com a necessidade de geração de renda para as comunidades locais

Dilson Pimentel / O Liberal

A Amazônia, como se sabe, é uma "farmácia natural". Há uma infinidade de plantas que podem ser estudadas cientificamente para ajudar a melhorar a saúde das pessoas. E, nesse contexto, pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV), em Belém, realizam pesquisas que buscam aprimorar o conhecimento sobre o Jaborandi e conciliar a conservação desta planta com a necessidade de geração de renda para as comunidades locais e a manutenção do suprimento de pilocarpina para a fabricação de medicamentos que beneficia toda a sociedade.

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O Jaborandi, especialmente a espécie conhecida pelo nome científico Pilocarpus microphyllus, é a única fonte natural do alcalóide pilocarpina. Essa substância é amplamente empregada pela indústria farmacêutica na produção de medicamentos usados para o tratamento de doenças tais como glaucoma e síndrome de boca seca (xerostomia).

Pesquisador do ITV/Belém, Cecilio Frois Caldeira diz que a intensificação da exploração dos recursos naturais de forma desordenada tem levado à degradação de ecossistemas e a consequente perda dos serviços por eles prestados. E a floresta Amazônica, reconhecida por sua exuberante biodiversidade e celeiro de riquezas naturais (de minerais e fármacos), tem sofrido com a forte fragmentação e redução de suas áreas naturais. Essa degradação traz consigo a redução da capacidade de manejo para uma exploração sustentável de seus recursos, além de limitar as possibilidades de identificação de novos produtos e a geração de renda com menor impacto e responsabilidade ambiental.

Ele afirma que a exploração de produtos florestais não madeireiros, como a coleta de folhas de Jaborandi, é uma alternativa para a geração de renda para comunidades locais e manutenção da floresta em pé.  O Jaborandi é uma planta de porte arbustivo (pequena árvore), endêmica do Brasil e com ocorrência restrita ao Pará, Maranhão e Piauí, onde representa importante fonte de renda para extrativistas locais. “No entanto, o avanço do desmatamento e a coleta de folhas de forma desordenada colocaram o Jaborandi em risco de extinção”, afirma Cecilio Caldeira.

Em Belém, desde 2016, o ITV tem desenvolvido uma série de pesquisas para dar suporte à conservação e uso manejo adequado do Jaborandi. Com foco em desenvolvimento sustentável, os estudos são realizados sobretudo na Floresta Nacional de Carajás (Flona de Carajás) e envolvem instituições parceiras, como a Coex-Carajás (Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás), Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia), Universidade de Copenhagen (Dinamarca), Vale e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Esses estudos vão desde a busca por novas áreas de ocorrência de Jaborandi ao mapeamento do genoma desta espécie.

“Como um dos passos iniciais para o manejo sustentável do Jaborandi, iniciamos o mapeamento das reboleiras (nome dado pelos extrativistas para designar uma área com muitas plantas de Jaborandi) na Flona de Carajás. Esse mapeamento é realizado usando GPS (sistema de posicionamento global) e, posteriormente, construímos mapas digitais das áreas com Jaborandi, o que permite o planejamento do manejo da espécie”, explicou Caldeira.

Durante o mapeamento, também foram coletadas amostras de suas folhas. Parte das folhas é usada para quantificar a produção de pilocarpina das plantas. A grande maioria das plantas estudadas até o momento apresenta cerca de 1% de pilocarpina, mas já foram identificadas plantas com a capacidade de produzir até mais de 2% - ou seja, o dobro da quantidade.

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