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SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

O ano que vem

Silvio Navarro

Brasília, dezembro de 2018. Faz três anos, mas como tudo em política neste país, parece uma década. Recém-eleito presidente da República, quebrando a hegemonia e o Projeto de poder do PT, Jair Bolsonaro escalava o seu ministério, que assumiria o compromisso de implementar uma agenda econômica liberal, reformista e sem vestígios de corrupção.

Ao seu lado, marchariam na linha de frente Paulo Guedes e o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, uma espécie de herói nacional contra a roubalheira secular dos cofres públicos. O antagonista desse grupo, o ex-presidente Lula, estava preso. Sem ele, o seu partido não era nem sombra do sucesso nas urnas obtido desde 2002. O campeão de votos no maior Estado brasileiro – representa 22% do eleitorado e um PIB superior ao da Argentina – foi o tucano João Doria, numa dobradinha “conservadora” com Bolsonaro.

Uma das frases favoritas da velha guarda do Congresso Nacional – erroneamente atribuída a Ulysses Guimarães – é que “política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito; olha de novo e já mudou”. A frase é do ex-senador e governador mineiro na década de 1960 Magalhães Pinto. É sempre atual.

Quem imaginaria que, três anos depois  desse cenário, os principais adversários de Bolsonaro na corrida pela reeleição seriam justamente o excondenado e ex-ficha-suja Lula e o próprio Sergio Moro? No caso do  petista, foi necessária uma manobra inimaginável do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, que pôs fim à prisão em segunda instância beneficiando os bandidos de colarinho branco. Já Moro, depois do divórcio turbulento com o bolsonarismo, hoje assiste à destruição nos tribunais de sete anos do legado da Lava Jato – o Brasil passou a ser um território de livre trânsito para ex-corruptos, ex-lavadores de dinheiro e os picaretas de biografia esquecida.

Resta ainda João Doria, que não é unanimidade nem no seu partido, mas cuja ambição pessoal não tem limites. O tucano foi um dos primeiros a saltar do barco bolsonarista tão logo recebeu a chave do Palácio dos Bandeirantes.

No meio dessa ciranda política, resiste Paulo Guedes, um raríssimo caso de ministro longevo da pasta da Economia. Enfrentou a pandemia com resiliência. Conseguiu socorrer uma fatia da população trancada em casa por prefeitos e governadores com o auxílio emergencial – maior do que o Bolsa Família. Comparada à grama do vizinho, a economia brasileira não é a catástrofe alardeada pela torcida anti-Bolsonaro.

Mais: há um enorme potencial de reaquecimento do setor de serviços na virada do ano, o agronegócio não deve repetir o desempenho ruim do último trimestre – afetado pela crise hídrica e pelo fim da safra sazonal da soja – e o turismo no verão deve ajudar. Se essa equação funcionar e o coronavírus estiver mesmo na fila do check-out no Brasil, o resultado também é a geração de empregos.

Resta saber o quanto estarão carregadas as nuvens – ou melhor, a política – até outubro do ano que vem.

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Silvio Navarro
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