O ano que vem Silvio Navarro 08.12.21 11h22 Brasília, dezembro de 2018. Faz três anos, mas como tudo em política neste país, parece uma década. Recém-eleito presidente da República, quebrando a hegemonia e o Projeto de poder do PT, Jair Bolsonaro escalava o seu ministério, que assumiria o compromisso de implementar uma agenda econômica liberal, reformista e sem vestígios de corrupção. Ao seu lado, marchariam na linha de frente Paulo Guedes e o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, uma espécie de herói nacional contra a roubalheira secular dos cofres públicos. O antagonista desse grupo, o ex-presidente Lula, estava preso. Sem ele, o seu partido não era nem sombra do sucesso nas urnas obtido desde 2002. O campeão de votos no maior Estado brasileiro – representa 22% do eleitorado e um PIB superior ao da Argentina – foi o tucano João Doria, numa dobradinha “conservadora” com Bolsonaro. Uma das frases favoritas da velha guarda do Congresso Nacional – erroneamente atribuída a Ulysses Guimarães – é que “política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito; olha de novo e já mudou”. A frase é do ex-senador e governador mineiro na década de 1960 Magalhães Pinto. É sempre atual. Quem imaginaria que, três anos depois desse cenário, os principais adversários de Bolsonaro na corrida pela reeleição seriam justamente o excondenado e ex-ficha-suja Lula e o próprio Sergio Moro? No caso do petista, foi necessária uma manobra inimaginável do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, que pôs fim à prisão em segunda instância beneficiando os bandidos de colarinho branco. Já Moro, depois do divórcio turbulento com o bolsonarismo, hoje assiste à destruição nos tribunais de sete anos do legado da Lava Jato – o Brasil passou a ser um território de livre trânsito para ex-corruptos, ex-lavadores de dinheiro e os picaretas de biografia esquecida. Resta ainda João Doria, que não é unanimidade nem no seu partido, mas cuja ambição pessoal não tem limites. O tucano foi um dos primeiros a saltar do barco bolsonarista tão logo recebeu a chave do Palácio dos Bandeirantes. No meio dessa ciranda política, resiste Paulo Guedes, um raríssimo caso de ministro longevo da pasta da Economia. Enfrentou a pandemia com resiliência. Conseguiu socorrer uma fatia da população trancada em casa por prefeitos e governadores com o auxílio emergencial – maior do que o Bolsa Família. Comparada à grama do vizinho, a economia brasileira não é a catástrofe alardeada pela torcida anti-Bolsonaro. Mais: há um enorme potencial de reaquecimento do setor de serviços na virada do ano, o agronegócio não deve repetir o desempenho ruim do último trimestre – afetado pela crise hídrica e pelo fim da safra sazonal da soja – e o turismo no verão deve ajudar. Se essa equação funcionar e o coronavírus estiver mesmo na fila do check-out no Brasil, o resultado também é a geração de empregos. Resta saber o quanto estarão carregadas as nuvens – ou melhor, a política – até outubro do ano que vem. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas silvio navarro lava-jato joão doria paulo guedes sergio moro COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Silvio Navarro . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!