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SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

Cena do crime

Silvio Navarro

Nenhum fato político deixou analistas, empresários e o mercado financeiro tão atônitos nos últimos tempos quanto o abraço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. A imagem do rosto do tucano repousando no ombro amigo do petista, com os olhos cerrados, o tapinha nas costas e a troca de palavras cordiais causou alvoroço no meio político. Tudo seria muito bonito se não fosse a internet.

No dia seguinte à festa estranha com gente esquisita (veja abaixo a lista de convidados), circularam dezenas de vídeos com trocas de farpas entre os dois na acirrada eleição dos tempos do mensalão, em 2006, e na menos distante disputa em 2018. 

"Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno para recuperar empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão o meu apoio para voltar à cena do crime. Seus apoiadores são aqueles que acampam em frente à penitenciária"

Depois de administrar o maior Estado do Brasil por quatro mandatos, experiências como vereador, prefeito, secretário e com duas campanhas presidenciais no currículo, Alckmin é o melhor exemplo de que, em política, deve-se evitar palavras como "jamais" e "sempre". Certamente, ele não esperava ter de voltar à cena do crime depois de tanta rodagem. Então por que participar desse convescote ao lado de pessoas que tanto combateu? No caso do tucano, cálculo.

Alckmin é hoje um político frustrado. Poderia tentar retomar o Palácio dos Bandeirantes, que durante anos foi quase uma extensão de sua casa? Sim, mas não quer. É algo assistir ao mesmo filme pela quinta vez.

Ele perdeu duas eleições para a Presidência – a última o maior vexame da história do partido –, perdeu todas as batalhas internas no PSDB para o seu desafeto declarado João Doria e, até por força do estilo pacato e metódico, nunca atraiu os holofotes da imprensa. Tampouco lhe restaram muitos amigos na legenda, a ponto de deixá-la praticamente à francesa. Agora, quem diria, frequenta a "patota", como ele se referia à quadrilha do mensalão e do petrolão.

Nas fotos, é possível identificar políticos como Omar Aziz (PSD-AM), Rodrigo Maia (sem partido-RJ), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Marcelo Freixo (PSB-RJ), Gleisi Hoffman (PT-PR), Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Gilberto Kassab (PSD-SP), Márcio França (PSB-SP), Aloizio Mercadante (PT-SP) e grande elenco... Ufa!

E o caminho inverso? Por que essa costura interessa a Lula? Para quem já se deixou fotografar ao lado de tantos condenados pela Justiça, a imagem com o novo aliado não significa nada – basta se lembrar do afago em Paulo Maluf para fazer Fernando Haddad prefeito de São Paulo. A presença do pupilo, aliás, é um importante vetor no negócio: Haddad quer ser candidato ao governo paulista, uma cadeira que o PT jamais ocupou e que tem peso de ouro, com o PSB na vice. O PSB ou o PSD são os destinos prováveis para Alckmin.

É possível que, até as urnas, do ex-tucano conservador Geraldo Alckmin sobre só o Geraldo, como ele se apresentava no Nordeste, com chapéu de sertanejo nas eleições de 2006. Mas todos os demais convidados já fizeram o check-in, sonhando em ser lembrados para um carguinho se a dupla chegar lá.

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Silvio Navarro
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