Cena do crime Silvio Navarro 22.12.21 7h30 Nenhum fato político deixou analistas, empresários e o mercado financeiro tão atônitos nos últimos tempos quanto o abraço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. A imagem do rosto do tucano repousando no ombro amigo do petista, com os olhos cerrados, o tapinha nas costas e a troca de palavras cordiais causou alvoroço no meio político. Tudo seria muito bonito se não fosse a internet. No dia seguinte à festa estranha com gente esquisita (veja abaixo a lista de convidados), circularam dezenas de vídeos com trocas de farpas entre os dois na acirrada eleição dos tempos do mensalão, em 2006, e na menos distante disputa em 2018. "Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno para recuperar empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão o meu apoio para voltar à cena do crime. Seus apoiadores são aqueles que acampam em frente à penitenciária" Depois de administrar o maior Estado do Brasil por quatro mandatos, experiências como vereador, prefeito, secretário e com duas campanhas presidenciais no currículo, Alckmin é o melhor exemplo de que, em política, deve-se evitar palavras como "jamais" e "sempre". Certamente, ele não esperava ter de voltar à cena do crime depois de tanta rodagem. Então por que participar desse convescote ao lado de pessoas que tanto combateu? No caso do tucano, cálculo. Alckmin é hoje um político frustrado. Poderia tentar retomar o Palácio dos Bandeirantes, que durante anos foi quase uma extensão de sua casa? Sim, mas não quer. É algo assistir ao mesmo filme pela quinta vez. Ele perdeu duas eleições para a Presidência – a última o maior vexame da história do partido –, perdeu todas as batalhas internas no PSDB para o seu desafeto declarado João Doria e, até por força do estilo pacato e metódico, nunca atraiu os holofotes da imprensa. Tampouco lhe restaram muitos amigos na legenda, a ponto de deixá-la praticamente à francesa. Agora, quem diria, frequenta a "patota", como ele se referia à quadrilha do mensalão e do petrolão. Nas fotos, é possível identificar políticos como Omar Aziz (PSD-AM), Rodrigo Maia (sem partido-RJ), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Marcelo Freixo (PSB-RJ), Gleisi Hoffman (PT-PR), Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Gilberto Kassab (PSD-SP), Márcio França (PSB-SP), Aloizio Mercadante (PT-SP) e grande elenco... Ufa! E o caminho inverso? Por que essa costura interessa a Lula? Para quem já se deixou fotografar ao lado de tantos condenados pela Justiça, a imagem com o novo aliado não significa nada – basta se lembrar do afago em Paulo Maluf para fazer Fernando Haddad prefeito de São Paulo. A presença do pupilo, aliás, é um importante vetor no negócio: Haddad quer ser candidato ao governo paulista, uma cadeira que o PT jamais ocupou e que tem peso de ouro, com o PSB na vice. O PSB ou o PSD são os destinos prováveis para Alckmin. É possível que, até as urnas, do ex-tucano conservador Geraldo Alckmin sobre só o Geraldo, como ele se apresentava no Nordeste, com chapéu de sertanejo nas eleições de 2006. Mas todos os demais convidados já fizeram o check-in, sonhando em ser lembrados para um carguinho se a dupla chegar lá. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas política silvio navarro lula geraldo alckmin eleições 2022 pt psdb psd psb COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Silvio Navarro . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!