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SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

A criminalização do agronegócio

Silvio Navarro

Um dos assuntos que movimentaram as redes sociais no Brasil na virada do ano foi a campanha publicitária do Banco Bradesco em defesa da redução do consumo de carne. O vídeo é apresentado por três influenciadoras digitais que pregam a "Segunda sem carne". O pano de fundo era o lançamento de uma nova funcionalidade no aplicativo para calcular a quantidade de carbono que o usuário emite. A propaganda foi um desastre e precisou ser retirada do ar.

A primeira lição aos responsáveis pela campanha é que há – ou pelo menos deveria haver – limites para as "ideologias do bem" quando se trata de economia. No caso do agronegócio, esse cuidado deve ser redobrado. É um segmento motor do país, uma das nossas fortalezas – foi responsável, por exemplo, pelo fôlego econômico no período mais agudo da pandemia, marcado pelo fechamento do comércio e de empresas.

"Duas atitudes simples que você pode tomar no dia a dia para reduzir o seu impacto (e uma extra). A primeira é: reduzir o nosso consumo de carne e aderir à 'Segunda sem carne'. A criação de gado contribui para a emissão de gases que produzem o efeito estufa. Então que tal se a gente reduzir o consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?"
(Trecho da campanha publicitária do Bradesco)

No caso da pecuária, os números são impressionantes: o Brasil é o principal exportador de carne do planeta, com um rebanho de 220 milhões de cabeças. Em 2020, no auge da pandemia, a gigante JBS, por exemplo, superou a Petrobras em faturamento, algo que não ocorria desde 1998. Outros frigoríficos como Marfrig, Minerva e BRF também despontam.

Vamos a outros dados relevantes: segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra da soja deve atingir 143 milhões de toneladas. O milho, 117 milhões. Somadas a outras commodities em alta, é possível afirmar que o Brasil vai alimentar cinco vezes mais pessoas do que a sua própria população.
Em reação à peça publicitária, pecuaristas promoveram atos em diversas cidades e ameaçaram encerrar as suas contas bancárias. A direção do banco teve de apagar o incêndio – somente no ano passado, a carteira do agronegócio cresceu 40%, algo perto de R$ 42 bilhões. Segundo o jornal Valor Econômico, a alta cúpula procurou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para admitir a falha. Em nota, também houve pedido de desculpas oficial.

“O Bradesco reitera seu apoio e crença irrestrita ao setor agropecuário. Há décadas é o maior banco privado do agronegócio. Foram a Pecplan e a Fundação Bradesco, com o apoio de seus técnicos, que implantaram e capacitaram milhares de agropecuaristas a fazer inseminação artificial. Com isso, contribuiu decisivamente para a pecuária alcançar o atual e reconhecido nível de excelência mundial”
(Nota oficial do Bradesco)

Não é de hoje que o produtor rural é criminalizado pela patrulha ambientalista – e isso independe de investimentos em pesquisa, inovações tecnológicas e protocolos severos de preservação das matas e do solo. Trata-se de um grupo que não está preocupado com dados, fatos ou números. É ideológico mesmo: para eles, o agronegócio é vilão e ponto. Não foi a primeira peça publicitária, manchete, campanha e, acredite, não será a última.

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Silvio Navarro
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