Variáveis políticas e econômicas interferem diretamente na condução da crise sanitária, no Brasil Rodolfo Marques 10.06.20 18h00 No contexto da Covid-19, os cenários econômico e político estão cada vez mais imiscuídos no contexto da saúde pública e da transparência dos dados. No Brasil, esse quadro se torna mais latente, principalmente com a maneira pela qual o governo federal optou em lidar com o pior cenário dos seus últimos 50 anos, como uma pandemia que atingiu, praticamente, todo o planeta. No campo econômico, avizinham-se no país os efeitos de uma recessão global causada pela Covid-19. Caberá à equipe liderada pelo ministro Paulo Guedes desenvolver um plano estratégico e um conjunto de ações para amenizar a crise, como incentivo efetivo aos pequenos e micro empresários e programas de renda mínima e da retomada dos empregos. Esse suporte governamental será essencial, em especial para setores que foram mais gravemente atingidos pela crise, como a prestação de serviços e algumas atividades comerciais tidas como não-essenciais. O auxílio emergencial de R$ 600,00, viabilizado a partir da mobilização do Congresso Nacional, nas primeiras semanas da pandemia, é uma forma de amenizar os problemas das populações mais carentes, a despeito de todos os problemas gerados, pelo governo federal, para operacionalizar tais pagamentos. No âmbito da comunicação política, em discursos recentes, nas mídias e nas redes sociais, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) transfere a responsabilidade pelas crises econômica e sanitária para governadores e prefeitos, a partir da premissa de estes tiveram a autonomia para deliberar a respeito das normas de isolamento social. Mas o presidente da República não procura esclarecer que estados e municípios dependem financeiramente dos recursos da União – e a política de falas públicas “com sinais trocados”, com o Planalto. Também é importante registrar que a instabilidade com a trocas de ministros da Saúde (Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e o general Eduardo Pazuello) durante a pandemia foi outro fator de desequilíbrio na gestão da crise. Ainda no contexto da crise política entre o governo Federal e alguns chefes de executivo estaduais, houve um desdobramento de ações da Polícia Federal no Pará. Após realizar buscas e apreensões no Rio de Janeiro, no mês de maio, a PF fez, nessa quarta-feira (10.06.2020), ação similar junto ao governador Helder Barbalho (MDB-PA) e a alguns de seus auxiliares, no contexto das investigações das compras de respiradores e outros equipamentos para o combate à Covid-19. Helder Barbalho emitiu nota através de sua assessoria de comunicação, ressaltando que Estado foi ressarcido em relação aos respiradores que chegaram com defeito e que ele não guarda qualquer nível de amizade com a empresa que vendeu tais equipamentos. As investigações deverão continuar e apresentar suas conclusões – inclusive com apuração de responsabilidades –, mas, por ora, o viés político da ação parece muito evidente. Assim, em um ambiente em que o Brasil se torna, cada vez mais, um dos epicentros da crise sanitária mundial, vê-se um cenário desolador e com poucas perspectivas de melhora a curto e médios prazos. Apesar de tudo, há uma expectativa que as autoridades políticas possam, de forma conjunta, iniciar um processo de recuperação sistêmica do país, enfrentando a crise sanitária de forma efetiva, como ocorreu em nações como a Nova Zelândia, Argentina e Portugal. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09