RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Sanções, vetos, ideias e recuos: a falta de convicção de Bolsonaro atrapalha o País

Rodolfo Marques

A política brasileira continua registrando uma dinâmica, por vezes, muito susceptível às informações veiculadas nas mídias tradicionais e nos canais digitais e, ao mesmo tempo, registra instabilidade de várias ordens, comprometendo o melhor funcionamento do país. Um dos modus operandi que vem ficando claro dentro da estratégia de comunicação do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido-RJ), é a ideia de testar determinadas ações junto à opinião pública e, eventualmente, seguir com o processo ou recuar, após a avaliação da repercussão.

Na última semana, ganharam repercussão dois fatos políticos importantes: a entrevista do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura; e a ideia de realizar o desmembramento da área de segurança pública para uma gestão mais efetiva. O presidente Bolsonaro tem demonstrado grande incômodo com a popularidade cada vez maior do ex-juiz federal e também não gostou do fato de Moro não ter defendido veementemente o governo federal quando de sua aparição na emissora de TV.

Essa proposta de separar as áreas da Justiça e da Segurança Pública, defendida por alguns secretários estaduais e por membros do núcleo político da Presidência da República, reforça a ideia de “fritar” o ministro Sérgio Moro e tentar enfraquecê-lo no debate político. O motivo? A correlação de forças para o pleito presidencial em 2022 que, embora ainda esteja longe cronologicamente, vem se revelando uma obsessão por parte de Bolsonaro. Após “testar” essa ideia junto à opinião pública – que reagiu negativamente ao desmembramento das áreas da gestão –, Bolsonaro recuou, momentaneamente, da proposta.

Para além disso, uma ampla agenda de reformas e projetos de interesse do Executivo deve – ou deveria – entrar em pauta no Congresso Nacional. São questões a respeito de reformas econômicas e propostas em outros níveis de funcionamento da máquina estatal brasileira. Todavia, tais propostas devem caminhar de forma lenta, em virtude do calendário eleitoral de 2020 e, principalmente, pela falta de articulação política do governo junto aos parlamentares. 

No campo estadual, o governador do Pará, Helder Barbalho, busca reforçar o seu apoio parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado para avançar com a questão da reforma da Previdência e do suporte para o equilíbrio fiscal. Em paralelo, Helder também visualiza os pleitos municipais que ocorrerão em outubro de 2020. Na oportunidade, o MDB, partido do governador do Pará, vai buscar ampliar a sua área de atuação, principalmente tentando amealhar as prefeituras de Belém e Ananindeua, os dois maiores colégios eleitorais do estado.

Com estilos diferentes, Bolsonaro flerta constantemente com a falta de convicção política, enquanto que o governador do Pará usa a capacidade de decisão como um instrumento a seu favor, inclusive na retórica junto à sociedade. Assim, o campo das articulações políticas continua assumindo o protagonismo no que se refere às principais decisões, tanto no âmbito federal quanto no estadual. Saber dinamizar os processos e buscar a prevalência do interesse coletivo são dois dos “mandamentos” que cada gestor público deveria seguir diariamente.

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