RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Educação brasileira vai (muito) mal, posse do novo presidente argentino e fortalecimento de Moro

Rodolfo Marques

Os últimos dias da política brasileira, já neste final de primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido/RJ), trouxeram novas polêmicas desnecessárias, mais uma vez geradas pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ele esteve presente à Câmara dos Deputados, após convocação (mais uma vez!) para confirmar as declarações feitas há algumas semanas, indicando que haveria plantações de maconha nas universidades públicas. Weintraub voltou à sua sistemática de agressões verbais ao PT, à esquerda ideológica e ao “fantasma” do comunismo. O ministro continua sua sanha na chamada “guerra cultural”, desperdiçando tempo precioso para a gestão da sua pasta e gerando um cenário complicado para a educação brasileira, em todos os níveis. A saída imediata de Weintraub de uma pasta tão importante como o MEC seria uma boa notícia nesta virada de ano, indiscutivelmente. Claramente, o ministro não dispõe de conhecimento técnico e/ou condições políticas para ocupar tal cargo.

Outro fato que teve repercussão no âmbito político foi a última pesquisa Datafolha, divulgada nos dias 8, 9 e 10 de dezembro. A queda na avaliação positiva do presidente Bolsonaro alcançou a “estabilidade”. Segundo os dados divulgados – após entrevistas com cerca de 3.000 brasileiros –, 30% consideram o governo ótimo ou bom, enquanto que 36% avaliam a gestão como ruim ou péssima. Bolsonaro continua, portanto, com o apoio de cerca de 1/3 da população brasileira. Em paralelo a essa avaliação, de acordo com dados da mesma pesquisa, há a confirmação de que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, continua sendo o político mais popular do governo, com 53% de aprovação. O ministro, inclusive, concedeu algumas entrevistas à imprensa e fez uma defesa enfática do seu trabalho e da própria gestão federal.

A semana política apresentou também a posse do novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, juntamente com sua vice e ex-presidente, Cristina Kirchner. A Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil e a nova gestão indica o retorno dos peronistas ao poder, em um alinhamento ideológico mais ao centro-esquerda. Bolsonaro teceu várias críticas à escolha do povo argentino e não compareceu à posse de Fernández e Kirchner, no dia 10 de dezembro, como uma forma de protesto. Após sofrer várias pressões, o presidente Bolsonaro enviou o vice-presidente, general Hamilton Mourão, como representante brasileiro no evento.

E ainda houve o “embate” entre a jovem ativista sueca Greta Thunberg e o presidente Jair Bolsonaro, no contexto da Conferência do Clima (COP 25) em Madrid. Bolsonaro chamou Greta de “pirralha”; a ativista ironizou a fala do presidente brasileiro e, um pouco depois, acabou sendo eleita a pessoa mais influente do ano com repercussão midiática pela revista norte-americana Time. Segundo a publicação, a garota de 16 anos se tornou um símbolo na luta contra a mudança climática.

Crises e polêmicas desnecessárias mantêm o Brasil como um “carro estacionado”. Nesse contexto, por exemplo, o presidente da República usou o seu perfil oficial no Twitter para fazer uma enquete sobre a presença dos radares móveis nas estradas brasileiras, quando na verdade a discussão efetiva deve se dar nos âmbitos dos Poderes Executivo e Legislativo. O Brasil depende muito da recuperação econômica – neste momento, ainda muito lenta e gradual – para que possa haver um movimento de políticas públicas com melhorias sociais e resultados mais satisfatórios no âmbito nacional. A impressão é de que ainda falta muito para que o Brasil seja recolocado nos trilhos.

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