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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Mais do mesmo: Bolsonaro discursa na Assembleia da ONU e mantém estratégia de comunicação política

Rodolfo Marques

Nesta terça-feira (22), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido/RJ), fez, de forma previamente gravada, um discurso de abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada, neste ano, por videoconferência em virtude da pandemia de Covid-19. Já é uma tradição no evento a fala inicial ser do chefe de Estado do Brasil. Bolsonaro falou por, aproximadamente, 14 minutos.

Dentro da pauta ambiental, Bolsonaro ressaltou, em seu discurso, que o Brasil seria “vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. O presidente brasileiro voltou a criticar Organizações Não-Governamentais (ONGs), a partir da premissa de que elas – e outras instituições – seriam aproveitadoras, impatrióticas e que se atuariam para prejudicar o governo dele.

Bolsonaro, ao se colocar no papel de “vítima”, repete a premissa, defendida por ele, de que a Amazônia seria alvo de interesses internacionais e da “desinformação” sobre queimadas e, por isso, caberia a ele – enquanto presidente do Brasil – defender a soberania nacional e as prioridades do país. Ele também ignorou a realidade pragmática de que há um desmonte, no Brasil, da estrutura de combate aos desmatamentos, assim como os mecanismos de denúncia e controle de incêndios nas regiões de maior vegetação no país.

No campo geral das relações internacionais, Bolsonaro continuou em seu alinhamento automático ao presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicado), ao eleger a China como inimigo comum, tocando até mesmo na questão da tecnologia 5G. Aproveitou também para criticar o regime político de Nicolás Maduro, na vizinha Venezuela.

A respeito da pandemia de Covid-19, Bolsonaro optou, novamente, pelo diversionismo, ao não fazer menção direta aos quase 140 mi mortos no país e sem se justificar pela sua postura negacionista em relação aos efeitos do novo coronavírus, pela indicação do uso da cloroquina (sem embasamento científico) e pelo incentivo ao desrespeito às normas de distanciamento social. O presidente brasileiro diz que “fez o que pôde” em relação à pandemia, voltando a transferir responsabilidades de ação para o Poder Judiciário, para os governadores e para os prefeitos.

Destarte, Bolsonaro manteve uma linearidade em sua já conhecida estratégia de comunicação política, que tem uma combinação de uma postura mais amena nas falas internacionais, com a definição de inimigos internos (ONG’s, “comunistas”, a esquerda política) e externos (instituições ambientais e chefes de Estados como visões mais progressistas), e declarações mais agudas no meio interno, exatamente para manter seus apoiadores mais conservadores e presentes, principalmente, nas mídias e redes sociais.

Em um discurso sem novidades, Bolsonaro mantém sua base de apoio, mas continua expondo o país a um isolamento no âmbito internacional e com uma imagem cada vez mais desgastada em relação à sua gestão e à sua postura política.

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