Crise sistêmica é amplificada no Brasil e não surgem sinais de recuperação

O Brasil continua mergulhado em impasses políticos e econômicos que comprometem quaisquer perspectivas de melhoria a curto e médio prazos. A crise sistêmica é decorrência direta dos efeitos da pandemia de Covid-19 e da maneira negacionista e pouco assertiva com a qual a gestão federal vem tratando o tema desde março de 2020.

No cenário da política partidária, o governo começa a lidar de forma mais efetiva com a CPI da Covid-19 no Senado, com a tendência à confirmação dos senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) como presidente e relator da Comissão, respectivamente. A CPI inicia seus trabalhos no final deste mês de abril e os vários percalços cometidos pelo governo na gestão da pandemia estarão no alvo das investigações, como a questão do atraso da compra das vacinas e da produção de remédios contra a Covid-19 sem a eficácia comprovada cientificamente, como a cloroquina.

No contexto das vacinas, aliás, o país continua “patinando”, muito decorrente da demora do Planalto em assinar os protocolos de aquisição dos imunizantes. Até 22 de abril de 2021, o Brasil tinha pouco menos de 28 milhões de pessoas vacinadas, pelo menos, com a primeira dose, equivalendo a 13,20% da população. Já houve um total de 39.283.518 doses aplicadas no país, considerado os casos das duas etapas já completadas. De acordo com a previsão mais recente do Ministério da Saúde, os grupos prioritários só terão a completude da vacinação no país no mês de setembro. O gestor anterior da pasta, o general Eduardo Pazuello, trabalhava com a projeção de maio de 2021 para cumprir essa meta.

Para além do fracasso no enfrentamento da pandemia, o Brasil voltou a protagonizar questões referentes ao meio ambiente – novamente, de forma negativa. Com a perda efetiva de relevância do país no contexto das Relações Internacionais – após o “período das trevas” liderado pelo ex-chanceler Ernesto Araújo –, o país também “capenga” na gestão ambiental, principalmente a partir das ações deliberadas do ministro Ricardo Salles. Na Cúpula dos Líderes sobre a Questão Climática, ocorrida em 22 e 23 de abril, e organizada pelo presidente norte-americano, Joe Biden (Partido Democrata), Jair Bolsonaro tentou fazer um discurso mais ameno, buscando recursos internacionais para tratar das questões da Amazônia e do Pantanal e indo na contramão do processo de exploração descontrolado que vem ocorrendo no contexto ambiental.

No contexto econômico, houve comemoração do Planalto com o crescimento da arrecadação pela Receita Federal, registrado no mês de março de 2021. É um indicador importante, mas que reacende a questão do uso dos recursos arrecadados na promoção de políticas públicas e na execução de programas sociais, artigos “em falta” no atual mandato presidencial. Ao mesmo tempo, no limite do prazo (23.04.21), o presidente Bolsonaro sancionou a Lei Orçamentária de 2021, com alguns vetos parciais. A norma fixa as despesas e faz estimativa das receitas do Governo Federal para o ano vigente.

Com tantos problemas acumulados e com um governo federal inoperante em muitos setores, não há um indicativo de sinais de recuperação em pouco tempo. Mas a população, no geral, ainda aguarda ansiosamente por uma agilização da vacinação e por uma retomada de investimentos que possam ampliar a geração de empregos, renda e novas alternativas para vencer a crise.