Covid-19 no Brasil: 25 semanas, 50 textos e 6 meses para 4 mi de casos e quase 130 mil mortes

Neste dia 10 de setembro de 2020, fecho esta série de 50 textos sobre a Covid-19 e suas implicações políticas no Brasil. Este trabalho foi iniciado em 23 de março de 2020, exatamente após à confirmação dos primeiros casos de contaminação no estado do Pará. De lá para cá, foram publicados dois textos semanais sobre a temática, sempre (ou preferencialmente), às segundas e quartas-feiras. O primeiro caso brasileiro, considerado como “paciente zero”, foi confirmado em 26 de fevereiro do ano corrente.

Nesse percurso, observaram-se vários tristes fenômenos, dos quais podem se destacar dois: a) o colapso do sistema de saúde em várias cidades brasileiras, com a demanda por leitos de UTI/respiradores, em um dado momento, muito superior ao número de vagas disponíveis nas redes de atendimento; e b) discursos distorcidos de alguns gestores públicos, principalmente a partir da postura negacionista do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido/RJ), o que acabou gerando instabilidade nos comportamentos e nas ações coletivas, até mesmo a partir de um falso trade off entre salvar vidas e a recuperação econômica.

Outro dado representativo do processo foi a ineficácia das políticas públicas desenvolvidas pelo governo federal, não só a partir da insistência a respeito do uso da hidroxicloroquina – sem comprovação científica em relação à Covid-19 –, mas também pelas dificuldades de acesso ao auxílio emergencial de R$ 600 a populações carentes – sendo que esta ajuda financeira surgiu, quase que exclusivamente, por iniciativa do Congresso Nacional.

Também corrobora para este cenário negativo a instabilidade no Ministério da Saúde. No apogeu da crise, entre abril e maio de 2020, o presidente da República afastou dois titulares da pasta – os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Os ex-ministros defendiam o distanciamento social como principal meio de se prevenir da Covid-19, algo rechaçado pelo chefe do poder executivo federal. Desde então, o Brasil tem um ministro da Saúde interino e sem qualquer experiência prévia com gestão na área. – o general Eduardo Pazuello.

O Brasil apresenta, neste dia 10 de setembro, mais de 4 milhões de contaminações e aproximadamente 130 mil mortes pela Covid-19 – e com uma média diária de mortes ainda muito alta (entre 600 e 800 óbitos), apesar da tendência de queda. No Pará, no período, houve quase 6.300 mortes e mais de 210 mil contaminações confirmadas – desconsiderando-se as subnotificações, realidade presente em todo o país.

Há uma expectativa pelas pesquisas realizadas mundo afora a respeito da descoberta de vacinas. Estudos russos parecem mais adiantados, mas ainda há muitas incertezas pelo acesso ao instrumento que dará, indubitavelmente, um grau maior de tranquilidade nesta convivência com a doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta que uma vacinação em massa contra a Covid-19 possa ocorrer apenas no segundo semestre de 2021.

Todos estes textos sobre políticas públicas no Brasil e no Pará sobre a Covid-19 serão organizados em uma coletânea, que será publicada no final deste ano, nos formatos físico e digital, em um formato com prólogo e epílogo – até porque ainda conviveremos com o novo coronavírus por um bom tempo.

Agradeço a atenção e o prestígio da leitura durante esse tempo todo – e continuaremos acompanhando, neste espaço, todos os desdobramentos do enfrentamento à pandemia no Brasil.

Continuarei com os textos semanais, publicados sempre às sextas, falando sobre política (nacional e estadual), e voltarei com textos extras às segundas-feiras, abordando outras variáveis políticas do cotidiano e da Ciência Política.