Contas de Simão Jatene (PSDB), em 2018, são reprovadas pela Alepa. Decisão tem impactos políticos Rodolfo Marques 04.09.20 18h00 -Atualizado em 04.09.20 18h11 Na terça-feira (1º), o ex-governador Simão Jatene (PSDB-PA) teve reprovadas suas contas (referentes ao ano de 2018) no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Foram 34 votos pela reprovação das contas, com 6 votos a favor de Jatene. Apenas um deputado estadual não se fez presente à sessão histórica. Dentro do trâmite jurídico-político, a Alepa é responsável por este tipo de decisão, fundamentada a partir das avaliações do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PA) e do parecer do Ministério Público de Contas do Pará (MPC-PA). O TCE-PA havia emitido parecer favorável aos dados apresentados pelo governador, enquanto que o MPC-PA recomendou a reprovação das contas. O processo de prestação de contas é algo essencial dentro do princípio do accountability, gerando transparência a respeito dos gastos públicos. São avaliadas as contas globais e a realidade das finanças do estado, além da observância dos das despesas dentro do ordenamento jurídico previsto. Os Ministérios Públicos de Contas e os Tribunais de Contas, juntamente com as Assembleias Legislativas, realizam o chamado accountability horizontal, ao fiscalizar instituições – no caso, o poder executivo – em um nível similar de hierarquia. Com a decisão, o ex-governador perdeu os direitos políticos por oito anos – cabendo recurso a ele dentro das instâncias judiciais para recuperar tais direitos. Esse processo também pode ter impacto nas eleições municipais, em especial no caso da capital paraense. Jatene é cogitado como candidato do PSDB à prefeitura de Belém – as definições podem ser tomadas até o dia 16 de setembro – e pode participar também do pleito de 2022, concorrendo ao Senado Federal ou ao Governo do Pará. Para além dos encaminhamentos técnicos e jurídicos, a sessão da Alepa reforçou uma série de nuances políticas do cenário atual paraense. Os poderes executivo e legislativo apresentam independência entre si e, juntamente com o poder judiciário, são os guardiões da Constituição Estadual. Na votação que reprovou as contas de Simão Jatene, ficou muito clara a perda de relevância que o PSDB apresenta dentro da Casa Legislativa, em uma relação inversamente proporcional ao que se observa para com o governador do Estado, Helder Barbalho (MDB). Atualmente, o chefe do Poder Executivo tem maioria absoluta na Assembleia Legislativa e vem conseguindo aprovar a maior parte de suas propostas dentro da Casa – vide Reforma da Previdência e outros projetos. Há um grande grau de sintonia política entre o governador e o presidente da Alepa, deputado Daniel Santos (MDB). Ainda sobre a sessão legislativa do dia 1º de setembro, outro fato político chamou a atenção. Como a votação foi secreta, alguns deputados acabaram não observando a orientação partidária e/ou do líder da bancada, protegidos pelo anonimato. Especula-se, por exemplo, que quatro deputados do PSDB tenham votado pela reprovação das contas do ex-governador, que é do mesmo partido. Como são apenas 41 deputados – houve a presença de 40 –, não fica difícil projetar como cada parlamentar teria votado. Assim, é possível aferir que a Política se constrói com amadurecimento institucional, com interações em todas as esferas de poder. Espera-se que o Pará e alguns de seus principais expoentes políticos possam aprender com mais esse episódio, buscando sempre a prevalência dos interesses coletivos em relação às perspectivas individuais. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave política eleições 2020 alepa rodolfo marques colunas COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09