Bolsonaro ameniza o tom em pronunciamento, anuncia medidas, mas ações podem ser tardias demais Rodolfo Marques 01.04.20 18h00 Na noite dessa terça-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez novo pronunciamento, transmitido em rede nacional, falando sobre as ações do governo federal para o combate à expansão da pandemia Covid-19, tanto no âmbito da saúde pública quanto no contexto econômico. O tom adotado por Bolsonaro foi muito mais ameno do que o utilizado na terça-feira anterior (24), quando utilizou o tempo disponível para criticar a imprensa, o isolamento domiciliar e os governadores, fez alusão ao seu suposto passado de atleta, além de desdenhar dos efeitos da expansão da doença no Brasil. Ainda que fazendo uso de uma abordagem mais conciliadora, é importante dizer que, no pronunciamento, o presidente utilizou, novamente, uma fala da Organização Mundial da Saúde fora do contexto, o que “contribui” para a desinformação da população. Essa mudança de postura do presidente da República, pelo menos a partir da comunicação oficial em mídias tradicionais, está vinculada ao isolamento político que estava sofrendo e a perda rápida de vários apoiadores, inclusive nas mídias e redes sociais, seus principais redutos. Bolsonaro passou a ser questionado pelos três principais ministros, neste momento – Paulo Guedes, da Economia; Luiz Henrique Mandetta, da Saúde; e Sérgio Moro, da Justiça. Até mesmo a ala militar do governo, formada por vários ministros e por outros ocupantes de cargos estratégicos, discordou da maneira com a qual Bolsonaro estava conduzindo a crise. O presidente brasileiro, aliás, vinha agindo na contramão de todos os principais chefes de Estado do mundo – estes adotaram medidas econômicas de apoio às populações mais carentes e ampliaram os períodos de quarentena e de isolamento social. Até mesmo Donald Trump, que serve como inspiração e referência para Bolsonaro, tomou medidas mais radicais na manutenção do confinamento e no socorro econômico aos estados ianques, em especial porque os Estados Unidos se tornarem o principal epicentro da crise da Covid-19. Na quarta-feira (1º), medidas de caráter emergencial no campo econômico foram novamente anunciadas pelo presidente e pelo ministro da Economia. Tais ações já haviam sido comunicadas na semana anterior por dirigentes econômicos do governo. A atitude mais importante e que vem sendo cobrada por parlamentares e pela sociedade civil, em geral, é o pagamento do valor de R$ 600,00 para pessoas com situação financeira mais limitada. O governo ainda não deixou claro como e quando vai executar essa medida, aprovada na Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal e sancionada pelo presidente. Enquanto isso, nos estados, continua a ação incessante dos governadores em ampliar as medidas restritivas para conter a difusão do Coronavírus e, ao mesmo tempo, a busca de suporte econômico para dar suporte às medidas. Há ações emergenciais em vários estados, como no Pará e em São Paulo, com a montagem de hospitais de campanha em espaços públicos e a parceria com empresários e com a sociedade civil para a doação de alimentos, remédios e outros produtos para as populações mais pobres. Essa mudança de tom de Bolsonaro é importante, mas os efeitos podem ser tardios, tanto em sua popularidade, quanto na questão mais concreta de preservar vidas e de promover ações de recuperação econômica. O presidente voltou a "patinar" nas redes sociais, indo para o confronto com opositores e esquecendo as prioridades mais urgentes. O Brasil continua esperando a presença de um líder atuante e com preparo político para enfrentar esse quadro crítico, que não tem data para acabar e que deve ter seu pior momento entre abril e maio deste ano, com o crescimento do número de contaminações e mortes. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques política jair bolsonaro coronavírus COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES análise política Lula lidera cenário para 2026 e oposição segue fragmentada, mostram pesquisas 08.04.25 19h51 Rodolfo Marques Corrêa do Lago liderará COP-30 em meio à crise climática 28.02.25 8h00 Rodolfo Marques Primeiros 50 dias do prefeito Igor Normando em Belém: avanços, dificuldades e desafios 21.02.25 17h00 Rodolfo Marques “Crise do Pix” e os desafios do governo Lula III em um novo cenário político-eleitoral 17.01.25 23h01