RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Bolsonaro ameniza o tom em pronunciamento, anuncia medidas, mas ações podem ser tardias demais

Rodolfo Marques

Na noite dessa terça-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez novo pronunciamento, transmitido em rede nacional, falando sobre as ações do governo federal para o combate à expansão da pandemia Covid-19, tanto no âmbito da saúde pública quanto no contexto econômico. O tom adotado por Bolsonaro foi muito mais ameno do que o utilizado na terça-feira anterior (24), quando utilizou o tempo disponível para criticar a imprensa, o isolamento domiciliar e os governadores, fez alusão ao seu suposto passado de atleta, além de desdenhar dos efeitos da expansão da doença no Brasil. Ainda que fazendo uso de uma abordagem mais conciliadora, é importante dizer que, no pronunciamento, o presidente utilizou, novamente, uma fala da Organização Mundial da Saúde fora do contexto, o que “contribui” para a desinformação da população. 

Essa mudança de postura do presidente da República, pelo menos a partir da comunicação oficial em mídias tradicionais, está vinculada ao isolamento político que estava sofrendo e a perda rápida de vários apoiadores, inclusive nas mídias e redes sociais, seus principais redutos. Bolsonaro passou a ser questionado pelos três principais ministros, neste momento – Paulo Guedes, da Economia; Luiz Henrique Mandetta, da Saúde; e Sérgio Moro, da Justiça.

Até mesmo a ala militar do governo, formada por vários ministros e por outros ocupantes de cargos estratégicos, discordou da maneira com a qual Bolsonaro estava conduzindo a crise. O presidente brasileiro, aliás, vinha agindo na contramão de todos os principais chefes de Estado do mundo – estes adotaram medidas econômicas de apoio às populações mais carentes e ampliaram os períodos de quarentena e de isolamento social. Até mesmo Donald Trump, que serve como inspiração e referência para Bolsonaro, tomou medidas mais radicais na manutenção do confinamento e no socorro econômico aos estados ianques, em especial porque os Estados Unidos se tornarem o principal epicentro da crise da Covid-19.

Na quarta-feira (1º), medidas de caráter emergencial no campo econômico foram novamente anunciadas pelo presidente e pelo ministro da Economia. Tais ações já haviam sido comunicadas na semana anterior por dirigentes econômicos do governo. A atitude mais importante e que vem sendo cobrada por parlamentares e pela sociedade civil, em geral, é o pagamento do valor de R$ 600,00 para pessoas com situação financeira mais limitada. O governo ainda não deixou claro como e quando vai executar essa medida, aprovada na Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal e sancionada pelo presidente.

Enquanto isso, nos estados, continua a ação incessante dos governadores em ampliar as medidas restritivas para conter a difusão do Coronavírus e, ao mesmo tempo, a busca de suporte econômico para dar suporte às medidas. Há ações emergenciais em vários estados, como no Pará e em São Paulo, com a montagem de hospitais de campanha em espaços públicos e a parceria com empresários e com a sociedade civil para a doação de alimentos, remédios e outros produtos para as populações mais pobres.

Essa mudança de tom de Bolsonaro é importante, mas os efeitos podem ser tardios, tanto em sua popularidade, quanto na questão mais concreta de preservar vidas e de promover ações de recuperação econômica. O presidente voltou a "patinar" nas redes sociais, indo para o confronto com opositores e esquecendo as prioridades mais urgentes.

O Brasil continua esperando a presença de um líder atuante e com preparo político para enfrentar esse quadro crítico, que não tem data para acabar e que deve ter seu pior momento entre abril e maio deste ano, com o crescimento do número de contaminações e mortes.

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