Argentina sob nova direção e nova era de relações com o Brasil Rodolfo Marques 11.12.23 19h26 Neste domingo, 10, tomou posse, na República Argentina, o seu 52° presidente, Javier Gerardo Milei. Ele foi eleito em segundo turno, no dia 19 de dezembro, com pouco mais de 55% dos votos válidos, após vencer o candidato peronista Sérgio Massa, na esteira de uma crise econômica, com índices altos de desemprego e mais de 140% de inflação anual. Milei venceu como o principal líder político do partido “A liberdade avança” e se alinhou à perspectiva ideológica da direita e da extrema-direita. O seu slogan de campanha eleitoral tratou a “liberdade” como a principal palavra-chave. O novo presidente argentino, economista de formação, durante o processo eleitoral, fez várias promessas. Os dois principais eixos de tais promessas foram o enfrentamento da crise econômica e os ataques ao “sistema”, com a ojeriza à “casta política” e a ênfase ao liberalismo. Milei também explorou o lado místico, principalmente com a relação com o seu cachorro mastim Conan, falecido em 2004. Ele se classifica como libertário – e é identificado como anarcocapitalista. Prometeu reduzir o tamanho do Estado e da máquina pública – um de seus primeiros atos foi reduzir o número de ministérios – de 18 para 9. Karina Milei, sua irmã, foi nomeada Secretária-Geral da Presidência da Argentina. O presidente extinguiu as pastas da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Cultura, Desenvolvimento Social e Trabalho – elas ficaram sob o “guarda-chuva” do Ministério do Capital Humano. Javier Milei também prometeu a extinção do Banco Central e a dolarização da economia – sem paridade, a priori. No discurso de posse, feito na área externa do Congresso Nacional argentino, em Buenos Aires, ele enfatizou a necessidade urgente do ajuste fiscal e do choque econômico, e fez uma previsão de melhora para o segundo semestre de 2025. Fez fortes críticas ao governo de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner e disse que a Argentina entrava em uma nova era, após 100 anos de destruição. Ele esqueceu o detalhe de que o liberal Mauricio Macri (PRO), estava na plateia, foi um importante aliado na reta final de campanha – e governou o país entre 2015 e 2019, “contribuindo” largamente para o grande desastre socioeconômico vivido pelo país platino na atualidade. Suas falas foram muito aplaudidas pela população que acompanhou o evento de posse – muitos jovens embarcaram no apoio a Milei e apostam na mudança nos próximos quatro anos. O Brasil se fez representar pelo seu ministro das Relações Exteriores, o chanceler Mauro Vieira. Existem pautas importantes para serem tratadas nas relações bilaterais entre Brasil e Argentina. O país agora governado por Milei é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil. São mais de 1.200 km de fronteira entre as duas principais nações sul-americanas. Apesar das diferenças ideológicas entre o presidente argentino e o chefe do executivo brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva (PT), a tendência é que, mesmo com alguns eventuais conflitos, as relações diplomáticas entre os dois países transcorram na normalidade e que questões como o Mercosul, o BRICS+ e ações econômicas conjuntas sejam tratadas para benefícios para Brasil e para a Argentina. A Argentina inicia uma nova etapa de sua história, envolvida em um rompimento – mesmo que temporário – com o peronismo e com uma situação econômica dramática. É importante acompanhar como Javier Milei se sairá neste desafio – e o quanto atenderá seus aliados, suas próprias falas da campanha eleitoral e as prioridades mais urgentes da população argentina. As cartas estão, literalmente, na mesa. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas colunas rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09