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Política para Mulheres

Natasha Vasconcelos

Advogada, ativista e aluna do PPGCP/UFPA. Criadora do Política para Mulheres; co-fundadora da Tenda Vermelha; integrante da Rede de Juristas Feministas (DeFemde); do Cidade para Mulheres; e da Nova Rede de Pesquisas em Feminismos e Política.

Participação política para além das eleições

Votar é apenas um tipo de ato político; a participação do eleitor independe do momento do voto

Natasha Vasconcelos

Uma parcela da população acredita que "política" é o processo eleitoral. Aquele momento entre a propaganda política e o dia da eleição.

Essa percepção pode ter dois aspectos: o desconhecimento do ato político ou o esvaziamento do que se entende por política.

O primeiro aspecto está enraizado na nossa história e cultura. Não nos é ensinado - e nem esperado - manter certa politização na nossa rotina.

Essa ausência faz com que nos afastemos da arena política na certeza de que, a cada eleição, colocaremos alguém lá, na política, para representar nossos interesses.

A noção de que a política acontece apenas nas casas legislativas e congresso nacional é de um enorme prejuízo social. Isto porque tudo em nós é político, resgatando o conceito mais clássico possível daquilo que relaciona o cidadão, o bem comum e o espaço público.

Logo, a cada escolha que fazemos uma consequência política será gerada.

Se decido que vou ser vegetariana, é um ato político; se eu, mulher, escolho não casar nem ter filhos, é um ato político; se escolho não fazer aquilo que a sociedade espera que eu faça, é um ato político; se recolho animais abandonados na rua para tentar adoção, é um ato político; se resolvo só colocar alimentos orgânicos na minha mesa, é um ato político.

E por aí vai.

Estamos cercadas de escolhas políticas que vão impactar positivamente ou não na sociedade, e precisamos nos apropriar dessa noção. Desse poder.

O segundo aspecto consiste no esvaziamento da política. E o que é isso? Uma noção totalmente midiática e de mesa de bar da questão. É a noção que reduz a política àquilo que mais a prejudica: a corrupção.

A análise de toda e qualquer política pública a partir da corrupção presumida - aquela que atribui a corrupção a todo ato político - torna automaticamente inválida qualquer tentativa de resolução do problema público.

Eu poderia ter considerado a crise de representação como um aspecto, mas depois das eleições de 2018 e de todo o debate político gerado nas redes sociais, eu sinceramente não acredito que as pessoas não estejam representadas nas casas legislativas.

A junção desses dois aspectos faz com que o cidadão sequer consiga saber de quem cobrar seus direitos, como cobrar, e de que forma o seu voto entra nessa equação, porque essa despolitização reforça a mensagem de FIM da urna eletrônica no final da votação; como se a participação política do eleitor acabasse naquele momento, quando, na verdade, está apenas começando.

Esta é a mensagem mais importante desse texto: a nossa participação política está apenas começando.

Precisamos nos atentar, nos informar, saber onde, como e com quem cobrar cada um dos direitos que estão nos sendo negados.

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