O que está por trás de tantas reclamações? Patrícia Caetano 13.11.25 17h00 Você já esteve perto de alguém que reclama o tempo todo? Que parece encontrar defeito em tudo e em todos? Hoje, reclamar virou quase uma linguagem universal. No trânsito, no trabalho, em casa ou nas redes sociais, sempre há um motivo para o descontentamento. Reclamamos do calor e do frio, da pressa e da lentidão, da falta de tempo e do excesso de compromissos. Mas o que, de fato, está por trás de tantas reclamações? A verdade é que a reclamação é um pedido de socorro disfarçado. É a forma que muitos encontram de expressar o cansaço, a frustração e a falta de propósito. Por trás das palavras ditas com impaciência, geralmente há um coração exausto, tentando dizer: “Eu preciso de ajuda”, “Estou sobrecarregado”, “Não sei mais o que fazer”. Quem reclama o tempo todo, na maioria das vezes, não está falando do problema em si, o trânsito, o chefe, o clima, mas de uma insatisfação mais profunda, ligada à forma como está lidando com a própria vida. Reclamar dá uma sensação momentânea de controle. É como se, por alguns segundos, o ato de apontar o problema nos fizesse sentir mais fortes. Mas logo o efeito passa, e vem o vazio. A mente se acostuma a enxergar só o que falta, e o coração começa a viver em estado de escassez emocional. Assim, o que antes era um simples desabafo se transforma em um hábito que drena a energia e turva a visão. A vida perde o brilho porque tudo passa a ser motivo de crítica. Por trás de uma pessoa que reclama demais, quase sempre existe alguém que se esqueceu de agradecer. A gratidão e a reclamação não conseguem habitar o mesmo espaço quando uma entra, a outra precisa sair. A gratidão não ignora os desafios, mas muda o foco: ela reconhece que o mesmo dia que trouxe dificuldades também trouxe oportunidades; que o trabalho que cansa é o mesmo que sustenta; que a rotina que exige é também o cenário onde crescemos. Reclamar é permanecer parado; agir é evoluir. A reclamação é estagnação, mas a ação é movimento. Quando trocamos a queixa pela atitude, transformamos a energia da frustração em força criadora. A fala deixa de ser um eco da dor e se torna expressão de maturidade. E é nesse ponto que o crescimento começa quando decidimos sair do papel de vítima e assumir o de protagonista. Talvez o segredo não seja parar de reclamar de uma vez, mas aprender a escutar o que a reclamação está tentando revelar. Em vez de dizer “nada dá certo pra mim”, pergunte: “O que isso está tentando me ensinar?” Essa simples mudança de pergunta abre horizontes. A reclamação fecha portas; a curiosidade e o autoconhecimento as abrem. Há algo profundamente libertador em perceber que o mundo não existe para nos agradar, mas para nos lapidar. Quando compreendemos isso, deixamos de lutar contra tudo e todos. Passamos a cooperar com o processo, mesmo quando ele é desconfortável. É nesse ponto que a maturidade floresce: quando paramos de reclamar da chuva e aprendemos a dançar nela. O convite de hoje é simples e transformador: observe quantas vezes você reclama ao longo do dia. Perceba como essa atitude altera seu humor, sua energia e até o clima ao seu redor. Depois, experimente trocar cada reclamação por um pequeno agradecimento. Pode ser por estar vivo, por ter saúde, por ter a chance de recomeçar. A vida não se torna mais leve porque os problemas desaparecem, mas porque aprendemos a enxergá-los com outros olhos. A alma humana não precisa de um mundo perfeito, precisa de um coração desperto. E quando a consciência desperta, o hábito de reclamar perde o sentido. Afinal, quem aprende a agradecer descobre que aquilo que antes parecia motivo de queixa era, na verdade, uma oportunidade disfarçada de crescimento. No fim das contas, reclamar é fácil, mas escolher crescer exige coragem. A vida não pede perfeição, pede presença. Quando deixamos de gastar energia apontando o que está errado e passamos a investir em ser parte da solução, algo muda dentro de nós. A mente se acalma, o coração se alinha e a alma encontra paz. Talvez o verdadeiro antídoto para a reclamação não seja o silêncio, mas a consciência de que somos coautores da realidade que vivemos. E toda vez que escolhemos agradecer, transformamos o peso dos dias em aprendizado e a rotina em um lugar onde o sentido floresce. PATRICIA CAETANO patymops@gmail.com @patyccaetano Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave Patrícia Caetano colunas Inteligência Emocional COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Patrícia Caetano . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!