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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Patrícia Caetano

Pedagoga formada pela Faculdade Estácio de Sá - FCAT, Auditora e Consultora Empresarial e Técnica em Administração e Contabilidade, Mentora Feminina, Coaching, Formação em PNL e Oratória. Começou a carreira como Administradora, depois se apaixonou pela arte de treinar pessoas e desenvolvimento na área pessoal e emocional. É autora da coluna de Inteligência Emocional do O Liberal Castanhal. | patymops@gmail.com

A vida dupla que custa caro

Patrícia Caetano

Semana passada, o caso de um CEO flagrado no show do Coldplay ao lado de outra mulher, longe da esposa e da imagem de bom pai e marido que cultivava, virou notícia, virou meme, virou julgamento público. A internet não perdoa, mas talvez o que mais escancarou não foi a traição em si, e sim o teatro de quem vive uma vida dupla.

Ele, como muitos outros, caiu na armadilha da própria performance.

A vida dupla é uma realidade mais comum do que se imagina. Gente que sorri nas fotos de família e vive mensagens ocultas no celular. Gente que defende valores na internet, mas tropeça neles quando ninguém está olhando. Gente que se alimenta do aplauso, mesmo que precise enganar o público. É como atuar num palco sem saber que, mais cedo ou mais tarde, as cortinas caem. E quando caem, expõem não só o enredo falso, mas as feridas mal cicatrizadas de quem já não sabe mais quem é.

A verdade é que viver uma vida dupla exige talento, atenção constante, habilidade para mentir e uma frieza emocional que custa caro. Custa saúde mental, noites de sono, amizades sinceras, relacionamentos reais. Custa respeito próprio.

Você precisa lembrar o que falou para cada pessoa. Precisa esconder rastros, criar histórias, administrar expectativas, tudo isso carregando uma sensação de culpa e medo constante de ser descoberto. É exaustivo. É corrosivo. E por mais que a imagem seja controlada, o vazio é sempre descontrolado.

A pergunta que não quer calar é: por que alguém escolhe viver assim? Às vezes é fuga. Às vezes é vaidade. Às vezes é uma tentativa desesperada de preencher o que está faltando dentro. Mas o problema é que você nunca consegue tapar buracos internos com experiências externas. Não adianta mudar de roupa, de cidade ou de companhia se você está fugindo de si mesmo.

A verdade é que muitos homens e mulheres também se perdem nesse caminho. Constroem impérios, lideram empresas, inspiram multidões, mas não conseguem sustentar a própria verdade dentro de casa. Não sabem ser honestos com quem dorme do lado. Pior: não sabem ser honestos com o espelho.

Vivemos numa sociedade que valoriza demais a imagem e de menos a integridade. Que te ensina a parecer e não a ser. Que cobra perfeição, mas não dá espaço para vulnerabilidade. Resultado? Gente vivendo máscaras, sorrindo em público e chorando em silêncio.

A vida dupla é uma prisão com paredes invisíveis. A pessoa se sente livre, mas está algemada ao medo. E o mais triste é que quase sempre ela percebe isso tarde demais quando perde a confiança, a família, o respeito, a paz.

O caso do CEO no Coldplay não é só uma fofoca de celebridade ou um escândalo midiático. É um alerta. Um espelho. Um lembrete de que todo atalho emocional tem um preço. E que a verdade pode doer, mas a mentira destrói.

Essa história viralizou porque, no fundo, ela nos confronta. Porque nos lembra que todos nós, em algum nível, somos tentados a viver versões editadas de nós mesmos. Que todos temos um lado sombra, e que, se ele não for encarado, toma conta da nossa luz. Porque ninguém começa a vida querendo enganar, mas, se não houver coragem de encarar o que está quebrado, a gente começa a construir mentiras em cima de verdades mal resolvidas.

Não estou aqui para julgar. Estou aqui para dizer que a integridade ainda importa. Que ser inteiro é melhor do que parecer perfeito. Que, mesmo em um mundo que normaliza traições e vidas duplicadas, vale a pena escolher a transparência.

Se você está vivendo uma vida dupla em qualquer área da sua vida, talvez esse seja o seu aviso. Seu ponto de virada. Sua chance de parar, olhar para dentro e começar a alinhar o que você vive com o que você diz.

A exposição pública pode derrubar reputações, mas é a omissão íntima que destrói almas. O show acabou. As luzes se apagaram. Mas a verdade essa sempre encontra uma forma de brilhar.

Brilhe sempre a sua verdade.

Patrícia Caetano 
patymops@gmail.com 
@patyccaetano

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Patrícia Caetano
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