LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Volta ao passado

Linomar Bahia

“O passado condena” é uma daquelas expressões idiomáticas que costumam rotular ações e escolhas negativas do passado nas relações sobre o presente, ao mesmo tempo em que sinalizam maus presságios quanto ao futuro. Sua força tem sido objeto de reflexões sobre eventos de que eventuais arrependimentos se revelam insuficientes, dificultando correções que possam reverter o curso das anomalias, perpetuando as consequências sobre reputações públicas e privadas. Constitui uma espécie de maldição que nodoa desde mentirosos, traidores ou mesmo impulsividades carreiras funcionais e relacionamentos, respingando na autoestima. É responsável por gerar preconceitos e conflitos sociais e, quando envolve o perfil individual, pode inviabilizar cidadanias e negócios perante a justiça criminal. Filmes e livros têm demonstrado quanto o passado particular e institucional tanto pode ser valioso como fonte de recomendação ou condenação.

Essa reminiscência em torno do quanto o passado pode influenciar no futuro de uma pessoa, algum negócio ou a história de uma nação pode explicar a situação em que o país, parecendo condenado a uma eterna falta e perspectiva sore o amanhã. Suas origens históricas nada têm e edificantes sobre o comportamento dos descobridores e da colonização, registrando o que poderiam ser as primeiras violações do que viria a ser classificado como direitos humanos e garimpagem ilegal. Em 1948, o advogado, jornalista e escritor Victor Nunes Leal, também chefe da Casa Civil da presidência de JK e ministro do STF, publicou o livro “Coronelismo, enxada e voto”, passando em revista considerável parte do passado que condena o Brasil e os brasileiros às enormes dificuldades em superar os obstáculos ao crescimento. Narra o que considerou a “perniciosa confluência de atores históricos, econômicos e sociais foi
o principal sustentáculo da República Velha, entre 1889 e 1930”.

Informa ainda o livro que “Favorecido pelo deliberado descaso do Estado com as populações rurais, os (coronéis) proprietários de terras controlavam praticamente todos os aspectos da vida municipal e, sobretudo, os viciados processos eleitorais de então. Em troca dos votos que arrebanhavam, esses caudilhos obtinham dos governos estaduais e federais reconhecimento oficioso de sua autoridade que incluía a impunidade de seus desmandos e das violências de seus jagunços”. 

Quase um século após esses registros, as condições políticas, econômicas e sociais pouco mudaram na essência. Continuam as mesmas práticas adotadas desde o descobrimento, atualizadas às circunstâncias e nos métodos adequados às novas conveniências. Mudanças pontuais têm passado ao largo das reformas estruturais que superem as amarras do passado, nos colonizadores, nos colonos e nas colônias, agora denominadas redutos eleitorais a serviço dos “coronéis” dos tempos atuais.

Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro da Academia Paraense de Letras e da Academia Paraense de Jornalismo.

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