LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Problema do lixo

Linomar Bahia
Essa pergunta, que continua sem resposta, intitulou artigo que publiquei em julho de 2021, quando agravava a questão da destinação sanitária adequada das toneladas do lixo produzidas diariamente em Belém, Ananindeua e Marituba. Estava à vista o caos que se avizinhava na Região Metropolitana, com a saturação dos locais para o descarte e a judicialização, embora já aventassem formas do lixo deixar de constituir problema e ser transformado em solução econômica e social.
 
Já se vão mais de 40 anos e tantos prefeitos desde quando a situação deveria ser equacionada com alguma forma de aproveitamento dos "resíduos sólidos", após o fechamento em 1980 da usina que denomina o bairro da Cremação. A gestão Coutinho Jorge, entre 1986 e 1988, deu a partida para cumprimento do Código Nacional da Saúde de 1954, reforçado em 1981 pela Política Nacional de Meio Ambiente e consolidado em 2010 pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
 
Passos iniciais para o aproveitamento racional do lixo foram dados em 1984 no lixão do Aurá, logo considerado danoso ao meio-ambiente. Incluía o treinamento dos catadores para o aproveitamento desses chamados "carapirás" num sistema de compostagem e uma indústria promissora, onde quanto mais lixo melhor como matéria prima. Bom exemplo dessa solução vem da cidade sueca de Boras, onde 99% de todo o rejeito é reaproveitado, num país que é referência mundial.
 
Segundo esse modelo, as toneladas de lixo são encaminhadas a triagem, onde os resíduos orgânicos viram biogás e os inflamáveis alimentam termoelétricas. Os moradores pagam até 50% menos na conta de luz e economizam até 20% nos ônibus e táxis 100% movidos a gás. Em quase toda a Suécia, apenas 1% do lixo não é reaproveitado, indo para os aterros. Segundo o IBGE, existem aproximadamente 80 usinas de compostagem no País, grande parte desativada.
 
Uma usina de compostagem pode custar cerca de 8 milhões de reais e o custo operacional em 400 mil reais mensais, valores inferiores ao que tem sido gasto com os lixões, além do alto dano ambiental e social. A destinação adequada do resíduo orgânico já é realizada por várias empresas, particularidade que faz soar estranho não haverem sequer estimulado empresários para o grande negócio em que o destino do lixo pode ser transformado, deixando de ser o problema que é hoje.
 
Gestores destas quatro décadas, a maioria com reeleições, negligenciaram sobre o que fazer com as crescentes toneladas diárias de lixo produzidas na Região Metropolitana, causando profundos  males ambientais e humanos.  Entre eles, a contaminação do lençol freático, pelo o chamado "chorume" ameaçando a qualidade da água distribuída à população. Tantas prorrogações a mais recente em curso e se sucederão, não se vislumbra qualquer solução para o problema que só se agrava.
 
Linomar Bahia é jornalista e escritor, membro das Academias Paraense de Letras, Jornalismo e Ineriorana.
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