Pobre riqueza Linomar Bahia 03.08.25 7h00 Em uma das tantas campanhas eleitorais, famoso político brasileiro da antiga teceu loas às nossas riquezas naturais, graças às quais considerava que se o Pará fosse um país estaria entre os cinco mais ricos do mundo. Exageros a parte, por conta da demagogia comum a candidatos, são frequentes os exemplos concretos de bens que a mãe terra proporciona aos paraenses, como as madeiras à custa das florestas, os garimpos que envenenam os rios e exploração dos minérios que vão deixando só os solos feridos de morte. Entre os incontáveis acontecimentos que marcaram a última semana, embora pareçam dissociados, no entanto ao menos dois deles refletem as inúmeras contradições que se perpetuam na história econômica e social do nosso Estado. Ao mesmo tempo em que foi anunciada a revisão anual dos custos da energia elétrica consumida pelos paraenses, o Pará voltou a ser citado como depositário também das chamadas “terras raras”, aquelas que contêm os 17 elementos químicos usados na fabricação de sofisticados equipamentos. Embora louváveis, os esforços episódicos para que o Pará desfrute integralmente das riquezas naturais de que é dotado não têm sido suficientes o bastante para superar as dificuldades políticas e resistências circunstanciais responsáveis por travarem o desenvolvimento regional. Algumas ações que chegam a ser implementadas, a exemplo das que envolveram nos últimos 50 anos organismos como a SPVEA/SUDAM, têm naufragado principalmente nas marés da corrupção e nos desvios das funções pretendidas. Na área energétia, por exemplo, os paraenses nascem e parecem condenados ao estigma de terminar seus dias sem entenderem porque pagam a conta mais salgada do país, apesar de ter em seu território duas das principais usinas hidrelétricas nacionais – Tucurui e Belo Monte. As reações das bancadas parlamentares do Pará no Congresso Nacional, emprestando voz às agruras dos consumidores, têm sido respondidas pelas explicações técnicas das revisões sempre “para cima” com os custos difíceis de serem entendidos. Não se duvides que estejam passando carradas de “terras raras”, tão contrabandeadas como as centenas de metros cúbicos de madeira e de outras tantas porções das preciosas riquezas naturais transportadas clandestinamente, algumas vezes convenientemente apreendidas. Urgem mecanismos de fiscalização e controle para a exploração do potencial dos inúmeros e fartos recursos que os solos, as matas e os rios nos proporcionam, como forma de inversão da equação de um Estado tão rico com um povo tão pobre. As renovadas reclamações e protestos dos paraenses precisam constituir ação solidária e permanente de todos os segmentos sociais, em particular das entidades organizadas, apoiando e fortalecendo a atuação das representações parlamentares em nível institucional. Ações que precisam ser repicadas também em relação ao uso dos demais recursos e demandas dos recursos naturais, agora incluindo a novidade das “terras raras”, precavendo quanto à a apropriação indébita, responsável por sermos pobres em meio à riqueza. Linomar Bahia é jornalista e escritor Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave Linomar Bahia colunas COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Linomar Bahia . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA Linomar Bahia Entre dúvidas e incertezas 27.03.25 17h48 Linomar Bahia Por quê? 14.03.25 12h30 Linomar Bahia '¿Por qué no te callas ?' 20.02.25 17h50 Linomar Bahia Ambientes desafiadores 28.01.25 17h15